Novela 'mania De Você' Dá Bons Motivos Para Se Animar

Novela ‘Mania de Você’ dá bons motivos para se animar – 09/09/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Cada estreia de uma romance de João Emanuel Carneiro é precedida pela pergunta: “Teremos uma novidade Avenida Brasil?” Essa resposta envolve uma série de questões —algumas impossíveis de antecipar, uma vez que a relação estabelecida entre a história e o zeitgeist, o chamado espírito do tempo.

Entretanto, os espectadores que costumam reclamar das novelas de hoje, que sofrem com a conferência das clássicas tramas disponíveis no Globoplay, têm bons motivos para se animar com “Mania de Você”. A novidade trama estreou nesta segunda no horário das 21h na TV Mundo.

Em seu primeiro capítulo, “Mania de Você” trouxe todos os elementos do novelão muito amarrados e, com algumas sutilezas, fez uma exposição clara e econômica de personagens e conflitos, além de relatar com uma retrato limpa e muito iluminada, desprovida dos filtros que vêm escurecendo as novelas.

“Mania de Você” conta a história de Luma (Agatha Moreira) e Viola (Gabz), duas garotas que nascem no mesmo dia, em circunstâncias difíceis. São criadas por pais adotivos —vestuário que a primeira desconhece. Assim uma vez que Flora (Patricia Pillar) e Donatela (Claudia Raia), as protagonistas de “A Favorita”, as personagens passarão de amigas a rivais.

Mas, uma vez que se trata de uma trama na qual os papéis de heroínas e vilãs, e de heróis e vilões, não devem seguir a marcação rigorosa da maior segmento das tramas do gênero, as duas personagens foram apresentadas de forma a gerar a empatia do público. Assim uma vez que seus pretendentes —Rudá (Nicolas Prattes) e Mavi (Chay Suede).

Luma, que logo deve se revelar uma vilã, é enganada por Molina (Rodrigo Lombardi), que finge ser seu pai somente para governar sua riqueza. Viola, por sua vez, aceita se sujeitar a um traficante obcecado por ela para salvar a vida do pai adotivo.

Mavi (Chay Suede), fruto de Molina e de sua funcionária-amante Mércia (Adriana Esteves), é rejeitado profissional e afetivamente no mesmo capítulo, mas se mostra determinado a conseguir o que quer. Rudá (Nicolas Prattes), que será um mocinho vingador, é o típico rapaz puro, em contato com a natureza.

Merecem destaque nesse primeiro capítulo as atuações de Adriana Esteves e Chay Suede, que voltam a interpretar mãe e fruto, uma vez que na romance “Paixão de Mãe”, de Manuela Dias. Desta vez, porém, não se trata de uma mãe obcecada pelo rebento uma vez que era a Thelma, mas de uma mulher que abandonou o próprio fruto —e não faz questão de tê-lo por perto.

Ao longo de todo o capítulo, em peculiar da cena que marca o encontro de mãe e fruto rejeitado, Suede traz uma tradução sutil e sensível, que deixa evidente ao público toda dor que aquele jovem carrega. A mesma sutileza e docilidade é vista nas cenas em que salva Viola do namorado e procura meios de conquistá-la.

Volta e meia criticada por sempre interpretar vilãs, ao menos desde a rememorável Carminha de “Avenida Brasil”, Adriana Esteves traz uma tradução contida e marcante da ambígua Mércia. Uma mulher que aceita as humilhações de seu parceiro (e patrão) Molina e, ao mesmo tempo, se refere de maneira jocosa à Luma, “a patroinha”, e demonstra bastante firmeza e crueldade para manter o fruto longe da frágil firmeza de seu mundo.

Sem terror de ser romance, um pouco vasqueiro nos dias de hoje, “Mania de Você” não deixa, por outro lado, de divertir com alguns clichês do gênero. A notícia da morte da mãe de Luma, dada com todos os clichês, é seguida de um momento cínico e bem-humorado, no qual Molina e Mércia celebram o caso.

Do mesmo modo, Carneiro não deixa de divertir com suas próprias tramas em sua novidade romance. Se, em trabalhos anteriores, os casais de vilões eram sempre liderados pelas mulheres —Flora comandava Dodi (Murilo Benício), Carminha mandava em Max (Marcello Novaes) e Zoé tramava os crimes por ela e Humberto (Fábio Assunção)—, desta vez é Molina quem está no comando da vilania. Ao menos, até tudo mudar, conforme prometeu o responsável. E afirmou o próprio Molina —”Nós somos a mesma pessoa. A gente não tem essa coisa sentimentaloide de família.”

Outro oferecido a ser observado é a sequência de créditos. Embora a romance tenha sido anunciada uma vez que protagonizada pelo quarteto juvenil, é o nome de Adriana Esteves que puxa os demais, seguida dos atores que, ao menos em tese, são os violões —Chay Suede e Agatha Moreira.

Não é vasqueiro, em enredos do responsável, o público ser surpreendido por uma história escondida dentro da trama aparentemente principal, uma vez que o pretérito que unia Carminha e Max à Mãe Lucinda (Vera Holtz) e Nilo (José de Abreu). Teríamos um pouco semelhante à nossa espera? Uma vez que sempre acontece nas novelas de Carneiro, teremos de esperar pelo capítulo centena.

Folha

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