O Erro Que Deu Início à Internet 10/11/2024

O erro que deu início à internet – 10/11/2024 – Tec

Tecnologia

O dia era 29 de outubro de 1969. Dois cientistas a respeito de 560 km de intervalo conectaram seus computadores e começaram a digitar uma mensagem.

O mundo vivia o auge da Guerra Fria. Charley Kline e Bill Duvall eram dois engenheiros brilhantes na risca de frente de um dos experimentos mais ambiciosos da tecnologia.

Kline tinha 21 anos de idade e era estudante de graduação da UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles). Duvall tinha 29 anos e era programador de sistemas do SRI (Instituto de Pesquisa de Stanford), ambos nos Estados Unidos.

Eles trabalhavam em um sistema chamado Arpanet —a {sigla} em inglês para Rede da Sucursal de Projetos de Pesquisa Avançada.

Financiado pelo Departamento de Resguardo dos Estados Unidos, o projeto pretendia gerar uma rede que pudesse compartilhar dados diretamente, sem a urgência de linhas telefônicas. No seu lugar, o sistema usava um método de fornecimento de dados chamado “permutação de pacotes”, que, anos mais tarde, formaria a base da internet moderna.

Aquele foi o primeiro teste de uma tecnologia que mudaria quase todas as características da vida humana. Mas, antes que ela pudesse funcionar, era preciso se logar no sistema.

Kline se sentou com seu teclado, entre as paredes verde-limão da sala 3420 do UCLA Boelter Hall, em Los Angeles. Ele estava pronto para se conectar com Duvall, que operava outro um computador, em outro ponto da Califórnia.

Mas Kline nem chegou a completar a termo “L-O-G-I-N”, quando Duvall contou ao telefone que seu sistema havia derribado. E, graças àquele erro, a primeira “mensagem” enviada por Kline para Duvall, naquele dia de outono de 1969, foi simplesmente “L-O”.

Depois alguns ajustes, eles conseguiram restabelecer a conexão tapume de uma hora depois. O acidente inicial foi exclusivamente um pequeno travanca para um feito monumental. Mas nenhum dos dois percebeu o significado daquele momento.

“Com certeza, não percebi na estação”, relembra Kline. “Estávamos exclusivamente tentando fazer aquilo funcionar.”

A BBC conversou com Kline e Duvall no 55º natalício daquele feito histórico.

Meio século depois, a internet colocou o mundo dentro de uma pequena caixa preta que cabe no nosso bolso, domina a nossa atenção e atinge os pontos mais distantes da nossa experiência de vida.

Mas tudo começou com dois homens, que vivenciaram pela primeira vez a frustração de não conseguirem se conectar à rede.

Confira inferior a entrevista, que foi editada para melhor nitidez e resumo.

Vocês podem descrever os computadores que permitiram a formação da Arpanet? Eram máquinas enormes e barulhentas?

Charley Kline: Eram computadores pequenos –para os padrões da estação– mais ou menos do tamanho de uma geladeira. Eram meio barulhentos, devido às ventoinhas de resfriamento, mas silenciosos em verificação com os ruídos de todos aqueles ventiladores do nosso computador Sigma 7.

Havia luzes que piscavam na segmento frontal, chaves que podiam controlar o IMP [Processador de Mensagens de Interface] e um leitor de fitas de papel que podia ser usado para carregar o software.

Bill Duvall: Eles ficavam em uma prateleira com tamanho suficiente para acoitar um equipamento de som completo para um grande show hoje em dia. E eram milhares, talvez milhões ou bilhões de vezes menos potentes que o processador de um Apple Watch. Eram os velhos tempos!

Contem sobre o momento da transmissão das letras L-O.

Kline: Ao contrário dos websites e outros sistemas de hoje em dia, quando você conectava um terminal ao sistema do SRI, zero acontecia até que você digitasse alguma coisa.

Se você quisesse executar um programa, você precisava primeiro se logar –digitando a termo “login”– e o sistema iria pedir seu nome de usuário e sua senha.

Logo que eu digitava um caractere no meu terminal –um teletipo protótipo 33– ele seria enviado para o programa que escrevi para o computador SDS Sigma 7. Aquele programa recebia o caractere, formatava em uma mensagem e o enviava para o Processador de Mensagens de Interface.

Quando ele chegava ao sistema do SRI, o sistema tratava [a mensagem] porquê se viesse de um terminal lugar e a processava. Ele “ecoava” o caractere [reproduzia no terminal]. Neste caso, o código de Bill pegaria aquele caractere para formatá-lo em uma mensagem e enviá-lo para o IMP, de volta para a UCLA. E, quando eu o recebesse, imprimiria no meu terminal.

Eu estava ao telefone com Bill quando tentamos fazer isso. Eu disse a ele que havia digitado a letra L. Ele me respondeu que recebeu a letra L e a enviou de volta. E eu disse que ela havia sido impressa.

Em seguida, digitei a letra O. Novamente, funcionou muito. Digitei logo a letra G. Bill me disse que seu sistema havia travado e ele me ligaria de volta.

Duvall: O sistema da UCLA não previu que iria receber G-I-N depois que Charlie digitou L-O. Por isso, ele enviou uma mensagem de erro para o computador do SRI.

Não lembro exatamente qual era a mensagem, mas aquilo aconteceu porque a conexão da rede era muito mais rápida do que tudo o que se conhecia até logo. A velocidade de conexão normal era de dez caracteres por segundo, mas a Arpanet podia transmitir até 5.000 caracteres por segundo.

O resultado foi que o envio daquela mensagem da UCLA para o computador do SRI sobrecarregou o buffer de ingressão, que esperava exclusivamente dez caracteres por segundo. Era porquê encher um copo com uma mangueira de incêndio.

Descobri rapidamente o que havia sucedido, aumentei o tamanho do buffer e restabeleci o sistema, o que levou tapume de uma hora.

Vocês perceberam que aquele poderia ser um momento histórico?

Kline: Não, com certeza não percebi na estação.

Duvall: Na verdade, não. Aquilo foi mais uma lanço vencida no contexto maior do trabalho que desenvolvíamos no SRI, que realmente acreditávamos que teria grande repercussão.

Quando Samuel Morse enviou a primeira mensagem por telégrafo, em 1844, ele teve um impulso dramático e teclou “O que Deus fez” em uma risca, de Washington DC para Baltimore, no estado americano de Maryland. Se vocês pudessem voltar detrás, teriam criado alguma frase memorável?

Kline: Evidente que sim, se eu tivesse percebido a prestígio. Mas estávamos exclusivamente tentando fazer aquilo funcionar.

Duvall: Não. Aquele foi o primeiro teste de um sistema muito complicado, com muitas peças em movimento. Ter aquele trabalho multíplice justamente no primeiro teste, por si só, já foi dramático.

Qual foi a sensação depois de enviar a mensagem?

Duvall: Estávamos sozinhos nos nossos respectivos laboratórios, à noite. Nós dois estávamos felizes depois de termos um primeiro teste tão muito sucedido, coroando tanto trabalho. Fui até um bar lugar e pedi um hambúrguer e uma cerveja.

Kline: Fiquei feliz porque funcionou e fui para morada dormir um pouco.

O que vocês esperavam que a Arpanet se tornasse?

Duvall: Eu considerava o trabalho que estávamos fazendo no SRI porquê uma segmento fundamental de uma visão maior, com os profissionais da informação conectados entre si e compartilhando problemas, observações, documentos e soluções.

O que nós não víamos era a adoção mercantil, nem previmos o fenômeno das redes sociais e o flagelo decorrente da desinformação.

Mas é preciso observar que, no tratado de 1962 [do cientista da computação do SRI] Douglas Engelbart [1925-2013], descrevendo sua visão universal do projeto, ele indica que as capacidades que estávamos criando trariam profundas mudanças para a nossa sociedade. E que seria preciso usar e apropriar simultaneamente as ferramentas que estávamos criando para combater os problemas decorrentes do seu uso em sociedade.

Quais aspectos da internet de hoje fazem vocês se recordarem da Arpanet?

Duvall: Com referência à visão maior que estava sendo criada no grupo de Engelbart (o mouse, edição totalidade na tela, links etc.), a internet de hoje em dia é uma evolução lógica daquelas ideias, amplificada, é evidente, pela taxa de muitas pessoas e organizações brilhantes e inovadoras.

Kline: A capacidade de usar recursos de outras pessoas. É isso o que fazemos quando usamos um website. Estamos usando as possibilidades oferecidas pelo site, seus programas, funções etc. E, é evidente, o email.

A Arpanet praticamente criou o noção de roteamento e os diversos caminhos de um lugar para outro. Aquilo ofereceu confiabilidade para o caso de falhas nas linhas de informação.

E também permitiu o aumento da velocidade de informação, utilizando diversos caminhos simultâneos. Todos esses conceitos foram transferidos para a internet.

Enquanto desenvolvíamos os protocolos de informação para a Arpanet, encontramos problemas, reprojetamos e aprimoramos os protocolos, aprendendo muitas lições que foram levadas para a internet.

O TCP/IP [o padrão básico de conexão à internet] foi desenvolvido para interconectar redes, particularmente a Arpanet com outras redes, e também para melhorar o desempenho, a confiabilidade e muito mais.

Uma vez que vocês se sentem neste natalício?

Kline: É uma mistura de sentimentos. Pessoalmente, acho importante, mas um pouco exagerado.

A Arpanet e tudo o que ela gerou é muito significativo. Para mim, nascente natalício específico é exclusivamente mais um dentre muitos eventos.

Acho que um pouco mais importante do que nascente natalício foi a decisão da Arpa de erigir a rede e continuar apoiando o seu desenvolvimento.

Duvall: É bom lembrar a origem de alguma coisa porquê a internet, mas o mais importante é o enorme trabalho desenvolvido desde aquela estação para transformá-la em uma segmento importante das sociedades em todo o mundo.

A web moderna é dominada não pelo governo, nem por pesquisadores acadêmicos, mas por algumas das maiores empresas do mundo. Qual é a sua sentimento sobre o que a internet se tornou? Quais são as suas maiores preocupações?

Kline: Nós a usamos no nosso dia a dia, e ela é muito importante. É difícil imaginar porquê seria se não tivéssemos novamente a internet.

Um dos benefícios de uma internet tão oportunidade e não controlada por um governo é a possibilidade de desenvolver novas ideias, porquê as compras online, serviços bancários, streamings de vídeo, sites jornalísticos, redes sociais e muito mais. Mas, por ter se tornado tão importante nas nossas vidas, ela é cândido de atividades nocivas.

Ouvimos continuamente porquê certas atividades são prejudicadas. Existe uma imensa falta de privacidade.

E as grandes empresas (Google, Meta, Amazon e provedores de serviços de internet, porquê a Comcast e a AT&T) detêm poder demais, na minha opinião. Mas não sei ao visível qual seria a solução correta.

Duvall: Acho que o domínio por qualquer entidade isolada é um grande risco.

Temos visto o poder da desinformação para orientar a política e as eleições. Também vimos o poder das empresas de influenciar os rumos das normas sociais e a formação de jovens e adultos.

Kline: Um dos meus maiores temores tem sido a divulgação de informações falsas. Quantas vezes você já ouviu alguém proferir “vi na internet”?

As pessoas sempre conseguiram espalhar informações falsas, mas custava quantia enviar pelo correio, instalar um outdoor ou fazer um pregão na TV.

Agora, é fácil e barato. E, porquê atinge milhões de pessoas, aquilo é repetido e tratado porquê veste.

Outro temor é que, quanto mais os sistemas básicos se mudarem para a internet, mais fácil fica suscitar prejuízos sérios se estes sistemas forem derrubados ou comprometidos. Por exemplo, não só os sistemas de informação, mas os bancos, serviços públicos, transporte, etc.

Duvall: A internet tem grande poder, mas, por não termos oferecido atenção ao alerta de Engelbart em 1962, não usamos o poder da internet eficientemente para governar os seus impactos sociais.

Existe alguma prelecção do seu tempo na Arpanet que poderia fazer da internet um lugar melhor para todos?

Kline: A rombo da internet permite a experimentação e novos usos, mas a falta de controle pode gerar riscos.

A Arpa manteve qualquer controle da Arpanet. Com isso, eles conseguiam ter certeza de que tudo iria funcionar, podiam tomar decisões sobre os protocolos necessários e mourejar com questões porquê nomes de sites e outros problemas.

A Icann [Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números, na sigla em inglês] ainda administra uma segmento, mas têm surgido divergências internacionais sobre porquê seguir adiante, se os Estados Unidos detêm controle demais, etc.

Ainda precisamos de alguns controles para manter a rede funcional. E, porquê a Arpanet era relativamente pequena, podíamos testar mudanças importantes de projeto, protocolo e outras. Agora, isso seria extremamente difícil.

Duvall: Estamos frente a um precipício com a lucidez sintético e seu consequente entrada para todos os que fazem uso da internet.

A internet cresceu e se desenvolveu de forma explosiva nos seus primeiros dias –e segmento disso trouxe prejuízos à sociedade. Agora, a IA ocupa a mesma posição e é inseparável da internet.

Não é fora de propósito considerar a IA porquê uma ameaço existencial. E nascente é o momento de reconhecer os seus riscos e seu potencial.

Leia a versão original desta reportagem (em inglês) no site BBC Innovation.

Folha

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