Estou vivendo uma submersão em inovação, tecnologia e originalidade no SXSW. São centenas de palestras simultâneas espalhadas por toda a cidade de Austin, Texas, reunindo os cérebros mais estimulantes e possivelmente estimulados do planeta. Todos oferecendo insights disruptivos e visionários sobre as tendências que irão moldar nossas realidades nos próximos anos.
A IA (lucidez sintético) está no núcleo do palco e questões éticas relacionadas à segurança, ao plágio e a limites de invasão de privacidade estão sendo abordadas. Por isso, já vou logo avisando que muito do que será lido a seguir vem, não da minha cabeça, mas dela: a “maledita” IA.
As ideias são um apanhado do que tenho visto por cá, mas as explicações de termos foram copiadas do ChatGPT, com totalidade transparência e honra. Aliás, leste é um dos pontos importantes em nossa adaptação à vida depois da IA.
Ela está integrada a quase tudo o que fazemos, mas gerar uma cultura de transparência desde já pode ser uma chave importante daqui por diante. Exemplo, nossos filhos já estão usando ChatGPT em seus trabalhos de escola, importante acostumá-los a assumir isso ao invés de tentar enganar alguém.
Cultura de transparência portanto é nosso primeiro valioso ponto, que precisa evoluir para capacidade apurada de identificação de erros. Não se pode confiar piamente no que nos diz a IA. Ela não é perfeita, pelo contrário, é uma máquina de fazer tudo, mas precisa ser alimentada incessantemente de dados para funcionar. E quem a alimenta de dados somos nós, com todos os nossos preconceitos, distorções e limitações intelectuais e emocionais.
Em sua palestra de enorme sucesso na conferência, a futurista Amy Webb falou do ponto e demonstrou tanto excitação quanto mortificação diante das projeções.
Ela percebe a chegada de um “super ciclo tecnológico”, no qual uma vaga de inovações interconectadas irá provocar enormes repercussões na economia, na indústria, nas relações sociais, enfim, em todos os aspectos de nossas vidas pessoais, profissionais, públicas e privadas.
O efeito cumulativo desses avanços vai redefinir a existência humana de maneira radical. Em seu 17º relatório de Tendências Tecnológicas, Webb aborda a expansão da IA para além dos limites convencionais, gerando um crescente ecossistema conectado, capaz de inaugurar uma novidade era.
Entre muitos outros temas interessantes, ela comentou sobre o transe de uma distopia, relacionada ao uso do Apple Vision Pro. De indumento, o aparelho é um computador acoplado à face humana, que não só oferece ao usuário chegada a fotos, email, vídeos, pesquisas na internet, apps uma vez que waze e assim por diante, mas também pode ler suas intenções. Ele capta até as menores reações do usuário ao averiguar se as pupilas vão se dilatando ou contraindo, de contrato com seus estados emocionais. Ou seja, a máquina vai saber antes que você a reação que determinado incitação irá lhe fomentar.
O indumento é que as empresas irão coletar dados de forma cada vez mais apurada e sabe-se lá o que vão fazer com isso. As formas de manipulação são infinitas.
Eu tive a chance de testar o Apple Vision Pro e fiquei muito impressionada. Realmente é uma tela de computador ajustada ao rosto humano, que praticamente te suga para um multiverso simulado.
Imagino as implicações do uso de um aparelho uma vez que leste no trânsito, por exemplo. Por um lado, o trajecto se desenha à sua frente guiando-lhe com precisão, por outro é altamente perigoso… quem resistirá à tentação de dar uma olhadinha nas redes sociais e talvez fomentar um grave acidente? Se as estatísticas de acidentes relacionados a pessoas digitando enquanto dirigem já são assustadoras, imagine o que pode sobrevir num envolvente imersivo? Quem vai regular?
Outros perigos também se apresentam com o uso da IA generativa. O exemplo usado por Amy na palestra foi: ela pediu para que fosse gerada uma imagem de CEO e por mais que ela tentasse dar comandos, a IA insistiu em gerar a imagem de um varão branco.
A representação social da mulher também já está contaminada. A menos que um pedido específico aconteça, a imagem gerada é invariavelmente de jovens magras. Qual a repercussão disso na psique das adolescentes? De que modo as distorções de imagem irão impactar a identidade de mulheres e meninas por todo o planeta?
Essas e outras questões relacionadas ao uso da tecnologia, só o horizonte poderá expor.