Vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza é o primeiro filme do diretor espanhol falado em inglês. Tilda Swinton e Julianne Moore brilham uma vez que a dupla de protagonistas Antes de “O quarto ao lado”, o espanhol Pedro Almodóvar só tinha feito filmes falados em seu linguagem original. Exibido nesta sexta (4) no Festival do Rio 2024, o longa labareda atenção por ser o primeiro de sua curso gravado totalmente em inglês. O filme chega aos cinemas brasileiros no dia 24 de outubro.
Almodóvar mostra que, mesmo realizando a obra fora de seu país natal, não perdeu a núcleo. O cineasta mantém seu estilo a partir de belos enquadramentos, cores fortes e, principalmente, sensibilidade ao encaminhar o elenco e tratar de temas complexos.
Inspirado no livro “O que você está enfrentando”, de Sigrid Nunez, o longa conta a história de Ingrid (Julianne Moore), uma escritora consagrada que descobre o adoecimento de Martha (Tilda Swinton), mulher que ela conheceu quando trabalhava em revista.
Em seguida saber que Martha está sozinha num hospital em Novidade York, distante de sua única filha, Ingrid decide retomar o contato com a amiga para confortá-la. Um dia, Martha convida a escritora para uma lar isolada de Woodstock, para onde se muda com o objetivo de melhorar a qualidade de vida. Ingrid aceita, mas sabe que, com isso, precisará mourejar com uma questão que esbarra em seus valores. Mesmo com o conflito, as duas aproveitam o momento juntas para reviver o pretérito e compreender melhor o que poderá ocorrer a partir de logo.
Assista ao trailer do filme “O quarto ao lado”
Um espanhol em Novidade York
O que torna “O quarto ao lado” uma experiência tocante é a maneira que Pedro Almodóvar conduz o filme. O cineasta deixa de lado seu jeito provocador e superabundante para gerar uma obra mais intimista. Ao mesmo tempo, ele dá ao público a emoção necessária para uma conexão com a história e suas personagens.
Uma vez que poucos, o diretor sabe falar do universo feminino em todas as suas formas. Em “O quarto ao lado”, Almodóvar se aproxima de seu filme “Tudo sobre minha mãe” (1999), mas surge de maneira mais sofisticada. Ele usa o mesmo argumento do longa para revelar melhor a psique das protagonistas num momento difícil de suas vidas.
Alguns fãs podem estranhar a transporte mais contida adotada pelo espanhol. Mas não se engane: o filme continua puro Almodóvar.
Martha (Tilda Swinton) e Ingrid (Julianne Moore) numa cena de ‘O quarto ao lado’
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Ao admitir fazer um filme totalmente falado em inglês, Almodóvar se cercou de alguns de seus habituais colaboradores para não perder seu estilo tão divulgado entre os cinéfilos. Apesar do longa ter retrato assinada por Eduard Proporção, que trabalha com o diretor pela primeira vez, ela possui as mesmas características de outras obras do espanhol, com cores básicas e intensas, além de belos enquadramentos — alguns remetem a obras de Ingmar Bergman, uma vez que “Persona”.
Fora isso, o filme tem uma emocionante trilha sonora assinada mais uma vez pelo habitual colaborador do cineasta, Alberto Iglesias. A produção é de seu irmão, Augustin Almodóvar.
Esses elementos mostram que, mesmo com uma produção “hollywoodiana”, Almodóvar não “se vendeu” e mantém o que acredita para relatar suas histórias de maneira original.
Mesmo que seu roteiro não traga maiores novidades, ele surpreende por mourejar com temas pesados, uma vez que a perda de um ente querido, com um inusitado humor que pode fazer o testemunha se surpreender por rir em momentos que poderiam ser mais densos. Mesmo assim, eles não diminuem a relevância ou a urgência que a trama exige.
Ingrid (Julianne Moore) sofre por sua amiga numa cena de ‘O quarto ao lado’
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Prova de amizade
Mas o grande valor de “O quarto ao lado” está na dupla de atrizes que protagonizam o filme de forma arrebatadora. Tilda Swinton comove com sua entrega para interpretar Martha, tanto na segmento física quanto na segmento psicológica. Seu corpo mostrar os efeitos da doença da personagem, enquanto sua atuação alterna entre serenidade e inconformidade, uma vez que geralmente acontece com pessoas que têm os problemas de saúde da protagonista.
Aliás, Swinton surpreende ao mostrar um timing cômico que surge em momentos inesperados e até mesmo originais.
Porém, é Julianne Moore quem tem o trabalho mais difícil do filme, já que sua Ingrid precisa mourejar com as questões complexas que envolvem sua relação com Martha, principalmente diante do sofrimento da amiga.
Moore emociona e conquista a empatia do testemunha, ao mostrar que a personagem quer estar poderoso para não decepcionar a companheira mesmo quando não é provável. Traço de humanidade que, certamente, surgiria em qualquer um que se encontrasse na mesma situação da personagem.
Julianne Moore e Tilda Swinton numa cena do drama ‘O quarto ao lado’, de Pedro Almodóvar
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Com interpretações tão brilhantes, não seria injusto considerar que as duas artistas “empataram” com suas atuações.
O elenco também conta com a boa participação de John Turturro (o Carmine Falcone do “Batman”), que surge uma vez que Damian, um varão que fez segmento do pretérito das duas amigas e que ajuda Ingrid a entender melhor os desejos de Martha. Almodóvar usa o personagem para fazer críticas ambientais e dá ao ator algumas das falas mais interessantes do filme.
Com tantas qualidades, “O quarto ao lado” levou o Leão de Ouro do Festival de Veneza de 2024 e pode surgir em outras premiações importantes, principalmente no final do ano.
Não seria injustiça se a obra de Almodóvar chegasse a ser lembrado para o Oscar 2025. Seria um ótimo primícias do diretor em solo americano. E não seria zero ruim se ele voltasse a fazer filmes em inglês mais vezes.
Cartela resenha sátira g1
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Fonte G1
