O Que 'wicked' Tem A Dizer Sobre O Momento Político

O que ‘Wicked’ tem a dizer sobre o momento político atual – 14/12/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Na adaptação para o cinema de “Wicked”, Elphaba, personagem de Cynthia Erivo, usa magia para proteger a sua mana e, sem querer, destrói um mural do Mágico de Oz na Universidade de Shiz. Quando seu surto quebra a parede, ele também revela uma imagem que foi propositadamente encoberta: os fundadores da escola, professores animais cuja capacidade de falar e ensinar política representava uma prenúncio ao reinado do mago.

Isso é revelado logo no início, mas ao presenciar, percebi que a invenção de Elphaba veio tarde demais.

Uma vez que testemunha frequente do espetáculo “Wicked” na Broadway, fico fascinado em porquê a lente retrospectiva da história nos faz simpatizar com Elphaba, que eventualmente se torna a Feitiçeira Má do Oeste.

Sua rica história de vida —ela é uma eterna forasteira e uma pessoa fácil de simpatizar— me forçou a repensar minhas suposições sobre ela e a refletir sobre porquê aceitei facilmente os próprios preconceitos de L. Frank Baum e sua representação dela porquê uma vilã em “O Mágico de Oz”.

Mas, ao contrário da versão teatral, que acompanha Elphaba porquê uma jovem adulta até seu fatídico encontro com Dorothy, o filme mergulha ainda mais na biografia de feitiçeira. Ele a segue até a Universidade de Shiz, onde acaba dividindo o quarto com sua rival e amiga, a Glinda vivida por Ariana Grande, cuja inveja dos poderes mágicos de Elphaba leva a conflitos.

O filme termina nos pontos culminantes dos personagens. “Se a segmento um é sobre escolhas”, disse o diretor Jon M. Chu à Entertainment Weekly, “a segunda será sobre consequências”.

Mas, por enquanto, isso também significa que a história permanece sem solução. No final da versão da Broadway, há refrigério no final surpreendente quando descobrimos que a Feitiçeira Má era muito mais gentil do que lhe dávamos crédito e que ela desafiou com sucesso o Mágico.

Em vez disso, na tela do cinema, Elphaba é deixada suspensa no ar —em sua vassoura—, transformada em cabrão expiatório pelo Mágico, papel de Jeff Goldblum, enquanto a professora de Shiz, a Madame Morrible vivida por Michelle Yeoh, cria um alerta falso ao povo de Oz sobre um inimigo que deve ser tomado. Madame Morrible vai longe, proclamando no alto-falante: “Sua pele verdejante é somente uma sintoma externa de sua natureza distorcida”.

Com a expulsão de Elphaba no final, você se dá conta que um espetáculo lançado há 21 anos se entrelaça de forma certeira ao momento político atual.

Antes de Gregory Maguire publicar o romance “Wicked”, no qual o músico e o filme são baseados, ele queria grafar sobre a natureza do mal, especificamente as origens da psicopatia de Adolf Hitler.

“Decidi muito rapidamente que não tinha a capacidade intelectual, por assim proferir, para dominar esse projeto em privado”, disse Maguire em uma entrevista de 2009. Portanto ele refletiu sobre as histórias que moldaram seus primeiros entendimentos de quem é bom e quem não é.

“Me perguntei o que seria mais confortável para mim. Quem mais me assustou na puerícia e me assusta até hoje? A Feitiçeira Má do Oeste foi quem me veio à mente.”

Mas os contos de fadas não foram sua única natividade de inspiração. Ele também se baseou em momentos formativos de sua consciência política. “Secção da minha representação do Mágico e segmento do meu entendimento sobre a profundidade de sua vilania foi baseada em [Richard] Nixon e suas mentiras, trapaças, espionagem e sua tentativa de subverter a Constituição.”

Uma vez que o presidente Richard Nixon, o Mágico de Oz, sustentado por sua paranoia, quer usar vigilantes contra quem considera seu rival. Em “Wicked”, ele se sente ameaçado pelos animais falantes, que agora se reúnem em sigilo porque temem que ele acabe com a sua capacidade de se conversar e os aprisione por sua dissidência política.

Mas, enquanto o Mágico é manipulador em todas as versões da história, o veste de a heroína Glinda se juntar a ele foi ainda mais perturbadora.

Quando Glinda chega à universidade de Shiz, vestida em alta-costura e seguida por bajuladoras, sua preocupação por confirmação social torna ela menos propensa a enfrentar uma domínio do que a verdejante intelectual Elphaba.

Mas Glinda também parece evoluir nesta adaptação —ela se torna menos superficial, e também mais bondosa e leal. Uma vez que não tem magia própria, ela é uma pessoa generalidade se comparada à sensacional Elphaba. Não somente Glinda é mais parecida com o cidadão médio do reino de Oz, porquê também encoraja aqueles de nós na audiência a nos identificarmos com ela.

Por isso é tão doloroso vê-la concordar a mão de Madame Morrible no final do filme.

A escolha ecoa a recente eleição presidencial americana, na qual, porquê minha colega do New York Times Lisa Lerer escreveu, os eleitores do país optaram por colocar o país “à extremo de um estilo de governança dominador nunca antes visto em seus 248 anos de história”.

Em “Wicked: Secção Dois”, que estreia daqui um ano, veremos se Glinda se redimirá e se unirá a Elphaba, ou se rejeitará a repressão do Mágico e de Madame Morrible e o incitamento ao pavor populista.

Embora seja muito tempo para esperar que um personagem cresça, é um tempo terrivelmente limitado para um deslize rumo à tirania.

Folha

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