Lançada nesta semana, a temporada de óperas 2025 do Theatro Municipal de São Paulo terá seis espetáculos diferentes, sendo um deles uma dobradinha com dois títulos. Haverá uma obra barroca (de Rameau), uma clássica (de Mozart), três românticas (Verdi, Carlos Gomes e Puccini) e duas compostas no século 20 (Richard Strauss e Gershwin).
Cada espetáculo operístico será repetido sete vezes ao longo de nove dias, com dois elencos em alternância nos papéis vocais principais.
Dentro da quantidade proposta —sabemos que a cidade de São Paulo teria demanda para uma temporada mais robusta—, há variedade estilística. Uma vez que de hábito, a direção do teatro procura amarrar a programação a partir dos temas abordados pelos libretistas (os autores dos textos sobre os quais compositores se debruçam para gerar suas obras musicais-teatrais). A divulgação da temporada do ano que vem menciona sua inspiração no pensamento do repórter martinicano Édouard Glissant.
Considerando que a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) anunciou sua temporada há duas semanas, e apesar de ter ainda muitas lacunas na informação do Theatro Municipal (sobretudo sobre os elencos), é provável já encetar a antecipar o que os principais palcos clássicos da cidade oferecerão no próximo ano.
A primeira ópera de 2025 será uma retomada. Em 15 de fevereiro reestreia “O Guarani”, com direção cênica de Cibele Forjaz, remontagem da polêmica produção de 2023, cuja concepção foi assinada por Ailton Krenak.
Na primeira récita a soprano argentina Laura Pisani será Ceci, uma ótima escolha, mas não há ainda informação sobre quem fará o papel de Peri —no elenco do segundo dia a personagem estará a incumbência do tenor Enrique Indócil. Lício Bruno interpretará Cacique em todas as récitas.
Em 2 de maio estreia “Don Giovanni”, de Mozart, com direção cênica de Hugo Possolo. Não há a informação sobre quem fará o papel título, mas na récita de sinceridade Camila Provenzale será Donna Anna e o personagem Don Ottavio será interpretado por Anibal Mancini. O sucesso da montagem dependerá fortemente —ainda mais nesse caso— da cuidadosa escolha do elenco.
Uma dobradinha com direção cênica de André Heller-Lopes a partir de 19 de julho trará “Le Villi” (As Fadas), a primeira ópera de Puccini, que estreou em 1884, juntamente com “Friedenstag” (Dia de Tranquilidade), obra da última temporada de Richard Strauss, que estreou em 1938. Rodrigo Esteves, Gabriella Pace, Leonardo Neiva, Eiko Senda e Eric Herrero estarão nos elencos. Tanto pela concepção uma vez que pelo elenco, o espetáculo parece bastante promissor e instigante.
Nos últimos anos a direção do Municipal tem se notabilizado por trazer títulos contemporâneos —sejam encomendas ou não— ou que dialoguem com a música popular (tal uma vez que Piazzolla), e a escolha de “Porgy and Bess”, de Gershwin, que estreia em 19 de setembro com direção cênica de Grace Passô e elenco formado por artistas negros, é uma opção potente e bem-vinda. O primeiro dia terá Luiz-Ottavio Faria interpretando Porgy e Latonia Moore uma vez que Bess; logo no primeiro ato, caberá a Marly Montoni trovar, no papel de Clara, a célebre ária-canção “Summertime”.
Apresentada pela última vez no Municipal em 2012, com antológica direção de Bob Wilson, “Macbeth”, de Verdi, volta ao palco do teatro a partir de 31 de outubro com direção de Elisa Ohtake. Na récita de sinceridade teremos o baixo-barítono norte-americano Craig Colclough uma vez que Macbeth —um perito no papel—, além de Savio Sperandio uma vez que Banquo e Giovanni Tristacci uma vez que Macduff, mas a cantora que interpretará o importante papel de Lady Macbeth não aparece ainda na escalação.
Finalmente, em 28 de novembro chega ao palco a ópera-balé “Les Indes Galantes”, de Jean-Philippe Rameau, cuja estreia ocorreu em 1735. A montagem paulistana integrará as celebrações do Ano França-Brasil e terá direção cênica e coreografia de Bintou Dembélé, pioneira da dança hip-hop na França.
Para além das óperas, foram anunciados os concertos sinfônicos da Orquestra Sinfônica Municipal e da Orquestra Experimental de Repertório, assim uma vez que a programação do Quarteto de Cordas da Cidade, do Balé da Cidade e do Coral Paulistano, que faz sua estreia no caderno de assinaturas.
Lideradas respectivamente por Roberto Minczuk e Wagner Polistchuk, as orquestras Sinfônica Municipal e Experimental de Repertório pensarão os temas da guerra e da tranquilidade em diversos programas, os quais trarão obras uma vez que a “Sinfonia Leningrado” de Shostakovich (29 de março), “Um Sobrevivente de Varsóvia” de Schoenberg (4 de abril), “War Requiem” de Britten (6 de junho), e “Missa” de Leonard Bernstein (19 de dezembro).
Com direção de Maíra Ferreira, o Coral Paulistano abordará desde cantos franceses até uma homenagem à margem Secos e Molhados. Celebrando 90 anos de história, o Quarteto da Cidade terá uma programação na Sala do Conservatório que incluirá a estreia de uma novidade obra encomendada à compositora Marisa Rezende (9 de outubro) e, no final da temporada (em 13 de novembro), o impressionante “Réquiem sem Palavras” de Almeida Prado.
Óperas no Theatro Municipal em 2025
- Fevereiro: “O Guarani” de Carlos Gomes (direção cênica de Cibele Forjaz);
- Maio: “Don Giovanni”, de Mozart (direção de Hugo Possolo);
- Julho: “Le Villi” de Puccini, juntamente com “Friedenstag” de Richard Strauss (direção cênica de André Heller-Lopes);
- Setembro: “Porgy and Bess”, de Gershwin (direção cênica de Grace Passô);
- Outubro/Novembro: “Macbeth”, de Verdi (direção cênica de Elisa Ohtake);
- Novembro: “Les Indes Galantes”, de Rameau (direção cênica e coreografia de Bintou Dembélé);