Oppenheimer: Conheça O Cientista Que Abandonou O Projeto 10/03/2024

Oppenheimer: Conheça o cientista que abandonou o projeto – 10/03/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

“Uma história de US$ 1 bilhão sobre o dilema ético das armas nucleares?”, brincou o ator Robert Downey Jr. ao lucrar o Orbe de Ouro de melhor ator coadjuvante pelo filme “Oppenheimer”.

Certamente, no papel, a teoria não deve ter parecido muito simpático.

Porém, a produção sobre o pai da petardo atômica, J. Robert Oppenheimer, não só tem sido a estrela da temporada de premiações da indústria e um dos destaques do Oscar com indicações em 13 categorias, mas também um sucesso de bilheteria.

O filme de Christopher Nolan sobre um físico teórico torturado encorajou o público a ir aos cinemas para aprender mais sobre aquele momento histórico e político crucial.

E, simples, para aprender mais sobre a ciência por trás da petardo. Enfim, o objetivo do Projeto Manhattan dirigido por Oppenheimer era fundir o conhecimento e o talento das mentes científicas mais brilhantes da quadra para produzir uma arma de devastação em volume, aproveitando o poder incomparável do corpúsculo.

Várias das muitas centenas de cientistas associados ao projeto desfilam pela tela durante as três horas de exibição do filme, mas inevitavelmente há grandes ausências.

Uma delas é a de Joseph Rotblat, físico que se destacou por fazer o que nenhum outro renomado investigador do Projeto Manhattan fez: abandoná-lo por questões éticas.

Vida marcada por guerras

Joseph Rotblat nasceu em Varsóvia, na Polônia, em uma próspera família judia.

A sua puerícia foi “idílica” até o governo confiscar os cavalos do negócio de transportes do seu pai quando a Primeira Guerra Mundial começou, disse ele em conversa com a BBC em 1998.

“Quase de um dia para o outro, ele caiu na pobreza absoluta.”

A pobreza tirou dele a sustento, o calor, a saúde e a possibilidade de estudar.

“Deixou uma marca indelével em mim. Nunca mais comi batatas, porque o sabor delas traz lembranças arrepiantes daquela quadra.”

“Foi portanto que comecei a pensar que a guerra não deveria subsistir e a crer que a ciência e a tecnologia eram a solução para evitar isso”, recordou.

Apesar de não ter instrução secundária formal, ele obteve o título de rabi em ciências pela Universidade Livre da Polônia em 1932, e o doutorado em física nuclear pela Universidade de Varsóvia seis anos depois.

Em 1938 aceitou uma oferta para trabalhar na Universidade de Liverpool, no Reino Uno, com o ganhador do Prêmio Nobel James Chadwick, o físico que provou a existência do nêutron.

Lá estava ele quando, em dezembro de 1938, a fissão, a base da petardo atômica, foi inesperadamente invenção na Alemanha nazista, menos de um ano antes do início da Segunda Guerra Mundial, pelos radioquímicos Otto Hahn e Fritz Strassmann.

Em agosto de 1939, Rotblat regressou à Polónia para levar a esposa para Inglaterra, mas ela não pôde viajar devido a problemas de saúde.

Ele teve que ir embora, com o projecto de que a companheira iria quando melhorasse.

Mas ele não sabia que pegaria um dos últimos trens que partiram da Polônia antes da invasão alemã em 1º de setembro e do início da guerra.

Ele também não sabia que nunca mais veria a sua esposa, que morreu no Imolação, apesar dos seus esforços para salvá-la.

Estar em Liverpool salvou a vida dele.

“Todos os meus colegas foram exterminados nas câmaras de gás… A física polonesa foi destruída.”

Sem propósito

Em seguida a invenção da fissão, porquê para muitos cientistas, ficou simples para ele que embora pudesse produzir uma grande quantidade de robustez para gerar calor e eletricidade, uma reação descontrolada poderia produzir uma explosão de enorme força… uma petardo atômica.

“Nunca me ocorreu que trabalharia para produzir uma arma, muito menos uma de devastação em volume”, disse ele.

Porém, também porquê muitos outros cientistas, ele fez isso por susto.

“Eu temia que outros cientistas não fossem tão escrupulosos, mormente os alemães.”

“Me pareceu que a única maneira de evitar que Hitler usasse a petardo contra nós seria ter também a petardo e ameaçar usá-la em retaliação.”

Foi o que mais tarde seria divulgado porquê o princípio da devastação mútua assegurada (ou MAD), intimamente relacionado com a teoria da dissuasão.

“Meu objetivo era trabalhar na petardo para que ela não fosse usada por ninguém”.

E ele estava no lugar visível.

“Os primeiros fundamentos científicos da petardo foram desenvolvidos em Birmingham e Liverpool, no laboratório de Chadwick.”

Sabia, no entanto, que era impossível para o Reino Uno conseguisse proceder nisso durante a guerra, “uma vez que a separação dos isótopos exigia um investimento de fundos que o país não podia remunerar”.

Com a ingresso dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial em 1941 e a subsequente decisão de desenvolver a petardo atômica, ele logo se viu no núcleo do Projeto Manhattan em Los Alamos, no Novo México.

Porém, mal ouviu a confirmação, fornecida por relatórios de perceptibilidade científica no final de 1944, de que os cientistas alemães tinham esquecido o seu programa de petardo atómica, ele decidiu deixar a iniciativa.

“Meu propósito não era mais válido.”

Suspeito de espionagem

Quando Chadwick informou ao director da perceptibilidade em Los Alamos sobre a repúdio de Rotblat, foi mostrado para ele um registro com evidências que aparentemente apontavam que ele seria um espião.

Uma vez que ele tinha aulas de voo, eles acreditavam que seu projecto era saltar de paraquedas na Polônia ocupada pelos soviéticos e revelar os segredos da petardo atômica.

Felizmente, o processo pôde ser facilmente refutado e ele foi autorizado a trespassar, mas sob prenúncio de prisão se revelasse as razões da sua saída ou fizesse contato com os seus colegas do projeto.

Ele manteve silêncio até agosto de 1945, quando ainda estava em Liverpool, quando soube do lançamento das bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki.

“Foi um choque terrível. Mas não foi só choque, mas susto pelo horizonte da humanidade, porque eu sabia que a petardo atômica era somente o primeiro passo, e que já estava em curso o trabalho de uma arma milénio vezes mais poderosa: a petardo de hidrogênio.”

“Eu sabia que mal os EUA demonstrassem o seu enorme poder militar, a União Soviética iria tentar ter a sua própria petardo, e isso desencadearia a corrida armamentista.”

Em sua mente ecoou uma conversa que ouviu em 1944 em Los Alamos, muito antes de a petardo se tornar veras.

“O general Leslie Groves, que comandou todo o Projeto Manhattan, numa conversa casual comentou: ‘Eles estão cientes, é simples, de que o objetivo principal do projeto é dominar os russos.'”

“Pensei que estávamos em guerra com Hitler e os nazis! Os russos eram nossos aliados, milhares morriam todos os dias… e me dizem que todo o projeto está contra eles… Nunca me esqueci disso.”

A utopia

O que aconteceu no Japão o forçou a mudar “completamente” de vida, disse Rotblat à BBC.

“Mudei o rumo do meu trabalho de pesquisa e me dediquei à física médica e me esforcei para conscientizar os cientistas sobre os perigos que podem resultar do desenvolvimento da ciência”.

Para ele, era uma questão de responsabilidade.

“Todos somos responsáveis pelas nossas ações, mas isso se aplica particularmente à ciência, devido ao papel dominante que desempenha em todas as áreas da vida. Afeta cada um de nós individualmente e determina o sorte das nações. Portanto, os cientistas têm de ser responsáveis.”

“Muitas vezes conseguem prever com muito mais antecedência do que outros grupos da sociedade quais poderão ser as consequências do seu trabalho.”

“Não precisamos fazer tudo na ciência… Há muito o que fazer sem ocultar certos campos que podem ser prejudiciais.”

Em relação às armas de devastação em volume, reavaliou o argumento da dissuasão nuclear que havia sido sua justificativa para colaborar na geração da petardo atômica.

Ele concluiu que o noção era fundamentalmente falho.

“Isso não funciona com pessoas irracionais, e mesmo pessoas razoáveis comportam-se de forma irracional na guerra, mormente se enfrentarem a rota.”

No entanto, as opiniões de alguém descrito porquê traidor por deixar o Projeto Manhattan não teriam causado impacto se não fosse pelo seu incansável trabalho de divulgação e pela instalação de fóruns porquê a Associação Britânica de Cientistas Atômicos (1946) ou a Campanha para o Desarmamento.Nuclear (1958).

E, supra de tudo, pela sua imposto crucial para a geração da Conferência Pugwash sobre Ciência e Assuntos Mundiais.

Não há vitória em uma guerra nuclear

Ele conheceu o renomado matemático e filósofo Bertrand Russell quando ambos apareceram num programa da BBC sobre a petardo de hidrogênio.

Russell ficou tão perturbado com o que Rotblat disse que, convicto de que eram os cientistas que deveriam tentar evitar a guerra nuclear, contatou Albert Einstein para obter esteio e redigiu o famoso Manifesto Einstein-Russell.

Rotblat presidiu a divulgação do documento em 1955, assinado por Einstein dois dias antes de sua morte, e por outros nove cientistas mundialmente famosos.

Afirmando que ninguém sai vitorioso de uma guerra nuclear, ele apresentou uma escolha inevitável: “Acabaremos com a raça humana ou a humanidade renunciará à guerra?” e convocou os cientistas de todo o mundo a se reunirem “para julgar os perigos que surgem porquê resultado do desenvolvimento de armas de devastação em volume”.

Esse apelo aos cientistas para um diálogo construtivo foi atendido.

O industrial canadense Cyrus Eaton, apreciador de Russell e pacifista, ofereceu os fundos necessários para uma conferência internacional em troca de sua realização na cidade de seus ancestrais: Pugwash, na Novidade Escócia.

A partir de 1957, as conferências eram realizadas aproximadamente uma vez por ano, organizadas por Rotblat, que era secretário-geral da Pugwash e portanto seu líder mundial.

Participaram até centena membros da nata da ciência internacional de ambos os lados da Cortinado de Ferro.

Embora não tenham comparecido porquê representantes dos governos, para falar livre e informalmente, eram tão eminentes que influenciavam as decisões políticas.

Em 1995, o Prémio Nobel da Silêncio foi atribuído conjuntamente a Rotblat e à Conferência Pugwash “pelos seus esforços para diminuir o papel desempenhado pelas armas nucleares na política internacional e, a longo prazo, eliminá-las”.

No seu oração ao receber o prêmio, Rotblat revelou o alcance da sua visão, partilhada por Russell, Einstein e os outros signatários do manifesto 40 anos antes.

“Para o muito da humanidade, devemos nos livrar de todas as armas nucleares”, gritou ele, mas acrescentou que isso não era suficiente.

“Embora isso elimine a prenúncio imediata, não proporcionará segurança permanente.”

“As armas nucleares não podem ser desinventadas. O conhecimento de porquê fabricá-las não pode ser sumido. Mesmo num mundo livre de armas nucleares, se alguma das grandes potências se envolvesse num confronto militar, ficaria tentada a reconstruir os seus arsenais nucleares. (…) O transe da catástrofe definitiva ainda existiria.”

“A única maneira de evitar é suprimir completamente a guerra.”

Ele admitiu que isso “será visto por muitos porquê um sonho utópico”.

“Não é utópico. Já existem grandes regiões no mundo, por exemplo a União Europeia, onde a guerra é inconcebível.”

E ele citou uma passagem do Manifesto Russell-Einstein:

“Fazemos um chamado, porquê seres humanos, aos seres humanos: lembrem-se da sua humanidade e esqueçam o resto. Se vocês puderem fazer isso, o caminho está destapado para um novo paraíso; caso contrário, o risco da morte universal aumenta diante de nós.”

“A procura por um mundo livre de guerra tem um propósito vital: a sobrevivência”, disse.

E fantasiou que “se no processo aprendermos porquê conseguir isso através do paixão em vez do susto, da indulgência em vez da compulsão; combinando o principal com o deleitável, o expediente com o clemente, o prático com o belo, isso será um extra incentivo para embarcar nesta grande tarefa.”

Uma tarefa “aparentemente utópica” que nos deixou para nascente século, porquê escreveu em um cláusula para a Physics World.

Nascente texto foi publicado originalmente cá.

Folha

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