Oscar: A Verdadeira Dor Mira Holocausto E Dor Moderna

Oscar: A Verdadeira Dor mira Holocausto e dor moderna – 29/01/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Em uma cena de “A Verdadeira Dor”, dois primos americanos viajam na primeira classe de um trem na Polônia, indo em direção a Lublin, cidade com poderoso tradição judaica. Até que Benji, um deles, exige ir para a renque econômica, e brada para o resto do grupo turístico que não pode reputar a vista confortavelmente quando, há 80 anos, seus avós percorriam os mesmos trilhos rumo à morte.

É em perfurar as feridas da terceira geração dos sobreviventes do Imolação que se concentra o segundo longa-metragem de Jesse Eisenberg, até agora mais divulgado por protagonizar filmes porquê “Para Roma, com Paixão” e “Moca Society”, de Woody Allen, e por viver Mark Zuckerberg, proprietário da Meta, no biográfico “A Rede Social”.

Eisenberg, que dirigiu Julianne Moore em seu primeiro filme, “When You Finish Saving the World”, dessa vez conduz o excêntrico Kieran Culkin, que vive Benji, e a si próprio —ele interpreta David, o primo ansioso e introspectivo que não consegue se conectar às tradições e traumas de seus avós porquê faz Benji.

Culkin levou o Orbe de Ouro de melhor ator coadjuvante pela performance, e concorre ao Oscar na mesma categoria. Mas o processo não foi fácil, conta Eisenberg, que ficou gorado com a dupla, que se recusava a cumprir ordens de posição ou ouvir sobre as cenas antes de filmá-las. “Mas ele é tão talentoso que ficou ótimo”, diz Eisenberg, por videochamada. “Acho que ele [Culkin] estava vivendo no personagem. Ele não estava dormindo à noite, estava morando em uma sala, mas nunca queria falar sobre isso.”

Na trama, David e Benji viajam para a Polônia a pedido da avó, que antes de morrer deixou verba para os netos conhecerem a cidade onde ela nasceu e cresceu —antes de ser deportada para um campo de concentração nazista, sobreviver e transmigrar para os Estados Unidos.

A jornada dos primos não revela só uma legado familiar traumática, porquê também joga luz sobre batalhas modernas. Benji, carismático e ansioso, se acomodou na asa dos pais de classe média e, sem curso ou perspectivas, tentou o suicídio. David, por outro lado, construiu uma família longe da vida caótica do primo, mas toma remédios para controlar seu transtorno obsessivo compulsivo e não pensar muito sobre seu ofício.

De certa forma, Eisenberg parece interpretar a si próprio. Seus avós, judeus poloneses, migraram aos Estados Unidos antes da Segunda Guerra, mas o resto de sua família morreu em campos nazistas. Ele conta que, quando muchacho, não parava de chorar e se sentir péssimo —sinais adiantados de condições psiquiátricas com as quais lida até hoje.

“Sempre me perguntei por que tantas pessoas da minha geração estão deprimidas, enquanto a geração de nossos avós sobreviveu ao horror. Porquê é verosímil que descendentes de sobreviventes de um genocídio se sintam miseráveis”, diz ele, um pouco sem jeito.

Enquanto muitos sobreviventes do Imolação quiseram transmitir os fatos do que aconteceu para que houvesse registro histórico do genocídio, outros não falaram sobre o matéria para não reviver o traumatismo, diz Eisenberg. A geração de seus pais, portanto —os filhos dos sobreviventes—, não compreendia completamente o Imolação, mas, ao mesmo tempo, não tinham referência de uma vida que antecedesse dos campos de extermínio.

A terceira geração, da qual o diretor faz segmento, está distante o suficiente do evento para analisá-lo de forma mais filtrada e autoconsciente. “Podemos nos engajar com isso de uma maneira menos difícil, falar sobre essa história de um jeito novo”, diz o diretor.

No caso de “A Verdadeira Dor”, a romaria de David e Benji pela Polônia é invadida por um humor ácido e contraditório à la Woody Allen, de quem Eisenberg é simpatizante pronunciado. Outro exemplo recente no cinema é “Zona de Interesse”, de Jonathan Glazer, que reascendeu o debate sobre porquê Hollywood ajudou a mitificar o Imolação ao tentar representá-lo na tela em prol do entretenimento e, ao mesmo tempo, simplificar a dificuldade dos acontecimentos históricos.

Em seu exposição no Oscar, onde recebeu a estatueta de melhor som, Glazer ainda fez um apelo pelo cessar-fogo na Tira de Gaza, comparando a desumanização perpetrada pelos nazistas àquela do Estado israelense sobre os palestinos. “Estamos cá porquê pessoas que refutam que o seu judaísmo e o Imolação sejam sequestrados por uma ocupação que levou muitas pessoas inocentes ao conflito”, disse.

O esforço para colocar o genocídio em uma perspectiva universal e filosófica é, também, uma particularidade dos novos artistas judeus que abordam o tema. Para Eisenberg, o conforto da vida moderna leva a inquietude e aumenta a premência de entender eventos trágicos.

“Quando há um problema real, eu não me sinto ansioso, eu me sinto esperançoso para mourejar com ele. Mas quando o mundo está fácil para mim, sou invadido por um siso de sofreguidão regular. Acho que a falta de um significado, de um duelo, cria problemas inteligíveis de saúde mental.”

Folha

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