Oscar: Documentário Palestino Estreia Com Controvérsia 27/02/2025 Ilustrada

Oscar: Documentário palestino estreia com controvérsia – 27/02/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

“Sem pavimento”, no título em inglês “No Other Land”, foi o documentário mais premiado de 2024, com 62 prêmios, e está indicado ao Oscar da categoria neste ano. O longa sobre a expulsão de palestinos de vilarejos no sul da Cisjordânia levou dois prêmios no Festival de Berlim do ano pretérito, nas categorias de público e documentário, e arrebatou láureas no Spirit e no Gotham Awards e na Mostra de Cinema em São Paulo. No índice online Rotten Tomatoes, o filme está com 100% de aprovação do público.

Ainda assim, nenhum dos grandes estúdios, plataformas de streaming e distribuidoras dos Estados Unidos encarou o risco de lançar o documentário. Ele foi lançado pelos próprios produtores em um punhado de cinemas ao volta do país, onde o filme teve sessões lotadas e foi ovacionado.

“Trabalho com isto há 25 anos, e nunca tinha visto um documentário indicado ao Oscar e vencedor de tantos prêmios não ser distribuído nos EUA”, diz João Worcman, diretor de aquisições da Synapse Distribution, que trouxe o filme ao Brasil, onde ele estreia em 6 de março.

“Por motivo do tema sensível e do envolvente político, muita gente não quis se malparar”, diz o diretor da Synapse, que trouxe ao Brasil “20 dias em Mariupol”, documentário sobre a guerra da Ucrânia que venceu o Oscar no ano pretérito.

Dirigido por um coletivo de diretores israelenses e palestinos, o filme retrata as operações das forças israelenses para desfazer vilarejos palestinos em Masafer Yatta, no sul da Cisjordânia, onde Israel pretende erigir um meio de treinamento militar.

As imagens mostram soldados israelenses chegando com suas escavadeiras e demolindo as casas em que palestinos vivem há gerações. Os soldados destroem escolas, playgrounds e até um galinheiro. Despejam cimento dentro de um poço de chuva usada pelos palestinos. Queimam e confiscam carros, geradores e ferramentas dos palestinos.

Enquanto os palestinos despejados esperam a chance de reconstruir, eles vivem em cavernas, em condições insalubres. Reconstroem à noite, na surdina, para que os israelenses não vejam. Uma vez que diz uma mulher a certa profundidade do filme, “Não temos outra terreno [No Other Land, o título do documentário em inglês]”.

O filme foca no palestino Basel Adra, que vive em Masafar Yatta desde que nasceu, e Yuval Abraham, um jornalista israelense, judeu, que chega em Masafar Yatta com a cinegrafista diretora de retrato israelense Rachel Szor. Adra registra a ruína e a violência das forças israelenses e compartilha os vídeos em redes sociais, além de promover manifestações pacíficas contra a demolição das casas. Abraham, que começa simplesmente uma vez que repórter, torna-se um ativista ao lado de Adra e os dois resolvem fazer um filme com o material.

Os dois protagonizam e são co-diretores do documentário, que tem na direção também o palestino Hamdan Ballal e a israelense Szor. O filme é uma co-produção palestino-norueguesa.

Mas, apesar de terem formado um vínculo muito potente, há tensões entre Adra e Abraham. Adra não pode transpor da Cisjordânia e não tem recta a voto. Apesar de ser formado em Recta, ele diz que só consegue empregos na construção social em Israel.

Abraham tem ofício e liberdade para ir e vir.

O documentário foi filmado ao longo de cinco anos, entre 2019 e 2023, e incorpora imagens de registro da família de Adra. O filme foi finalizado antes dos ataques terroristas do Hamas em Israel, em 7 de outubro de 2023, que deixaram 1.200 mortos e 253 sequestrados. Desde logo, mais de 48 milénio palestinos morreram em ataques israelenses em Gaza.

Durante as filmagens, Adra teve sua lar invadida duas vezes, com computadores e celular apreendidos, e seu pai ficou recluso por alguns meses, por motivo das manifestações contra demolições.

“As forças israelenses nos privam de nossos direitos. Eles têm um poder muito grande técnico e militar. Mas não deveriam se olvidar de que já foram fracos, também já sofreram. E não vão triunfar. Não vão tirar os palestinos de sua terreno”, diz um dos retratados no filme.

Desde seu lançamento, “Sem pavimento” vem causando repercussões. Yuval Abraham foi indiciado de “anti-semitismo” em seguida seu oração de vitória no festival em Berlim. No oração, ele condenava o “apartheid” imposto por Israel e pedia um cessar-fogo em Gaza.

“Estar em solo germânico uma vez que fruto de sobreviventes do Imolação e pedir um cessar-fogo –e logo ser rotulado uma vez que antissemita não é somente ultrajante, mas também coloca literalmente vidas judaicas em transe,” disse ele ao jornal inglês Guardian em fevereiro do ano pretérito.

Ele afirmou que sua família em Israel tinha deixado sua lar em seguida “uma turba israelense de direita” ter ido à sua procura. Ele também estava preocupado com a segurança de Adra, que havia retornado à Cisjordânia.

Worcman, que é fruto de pai judeu e tem vários parentes que passaram por campos de concentração, diz não temer as reações no Brasil. “Estou cá para fazer com que filmes cheguem até as pessoas. Não é minha função verberar.”

Folha

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