A espanhola Karla Sofía Gascón foi nomeada ao Oscar, nesta quinta-feira (23), por sua atuação no filme “Emília Pérez”.
Ela concorre à categoria de melhor atriz e é a primeira mulher transgênero a ser indicada a um prêmio de atuação no Oscar.
Em 2008, o ator Elliot Page também foi indicado por “Juno” na categoria de melhor atriz, uma dezena antes de ele falar sobre sua identidade trans publicamente e passar pela transição de gênero.
“Emilia Pérez” lidera as indicações deste ano, com 13 categorias, incluindo melhor filme. É o filme internacional mais indicado da história do Oscar.
Ao receber a notícia de sua indicação, Gascón agradeceu a nomeação no X (idoso Twitter): “Muito obrigada. Me refugio no Lótus da Lei Maravilhosa”, uma frase ligada ao Budismo de Nichiren, que a atriz pratica há mais de 20 anos.
Em maio, a atriz ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes por seu papel no filme.
Ela foi a primeira tradutor trans a ser reconhecida na história do festival, e dedicou o prêmio a todas as pessoas que passaram pela transição de gênero e que, uma vez que ela, “sofrem ódio todos os dias”.
A atriz, que também foi indicada ao Orbe de Ouro, mas perdeu para a americana Demi Moore, estrela de “A Substância”.
Seu papel explora um personagem com o qual ela tem muito em generalidade: alguém que também passou pela transição de gênero para continuar sendo, essencialmente, a pessoa que sempre foi.
Da Espanha ao México
Nascida em 1972, em uma família de classe trabalhadora em Alcobendas, um município da comunidade de Madri, Karla Sofía Gascón já tinha uma curso diante das câmeras na Espanha antes de conseguir a glória.
Naquela era, atuou em séries uma vez que “El Súper”, “El Pasado es Mañana” e “Calle Nueva”.
Mas foi ao cruzar o Atlântico, no México, que sua curso começou realmente a fulgir. Lá, se destacou com suas atuações nas séries “Corazón Salvaje” (2009) e “El Señor de los Cielos” (2013).
Ainda em 2013, fez sua estreia no cinema com o grande sucesso de bilheteria “Los Nobles – Quando Os Ricos Quebram a Face”.
Gascón iniciou sua transição de gênero em Madri em 2018. Pouco tempo depois, retornou ao México e participou da edição lugar do “MasterChef Celebrity” e da série “Rebeldes”.
Nesse período, também publicou seu livro autobiográfico, “Karsia”, no qual narra sua período no México. A obra começa com uma dedicatória: “A quem mais me feriu, pois ninguém pode magoar mais do que quem te patroa”.
O México e a transição de gênero não são as únicas coisas que ela tem em generalidade com a personagem que interpreta em “Emilia Pérez”, um drama que, em formato músico, explora novos territórios no cinema.
Assim uma vez que na ficção, Gascón também tem uma esposa e uma filha, que ela descreve uma vez que seus “verdadeiros exemplos do que é inclusão”.
Um drama em formato músico
O diretor de “Emília Pérez”, Jacques Audiard, contou que sua teoria original era que um ator fizesse o papel do protagonista, o brutal narcotraficante Manitas, antes da transição.
Foi Gascón quem convenceu o diretor de que deveria ser ela mesma a dar vida ao personagem.
“Até hoje, não sei onde termina Emilia e começa Karla Sofía. Pense que imaginei o personagem muito mais jovem, mas, no final, Emilia ganhou peso, uma história enxurrada de bagagem ao ser interpretada por Gascón. No momento em que a vi, soube que era ela”, disse Audiard ao crítico de cinema e jornalista Gregorio Belinchón.
Ambientada em grande segmento na Cidade do México atual, a história segue Rita (interpretada pela dominicana Zoe Saldaña), uma advogada sobrecarregada contratada por Manitas para uma tarefa incomum.
O narcotraficante quer ajuda para se subordinar clandestinamente a uma cirurgia de certeza de gênero e resolver algumas complicações decorrentes do mundo violento em que vive.
Com um ritmo depressa desde o início, o filme combina o estilo clássico de músico com sensibilidades contemporâneas, apresentando um México atual com sua violência e devassidão.
O filme da Netflix, no entanto, coleciona polêmicas.
De um lado, a caracterização da protagonista transgênero do filme gerou controvérsias. A organização LGBTQIA+ americana Glaad a qualificou de “retrógrada”, mas nascente não é o maior motivo de discussões sobre o filme no momento.
A principal polêmica envolvendo Emilia Pérez é sua representação do México, que sofreu críticas cada vez mais fortes ao longo da temporada de premiações.
A atuação de Gascón em “Emilia Pérez” foi reconhecida, além de Cannes, pela Liceu Europeia de Cinema.
Na 37ª edição do prêmio, realizada em Lucerna, na Suíça, o músico venceu nas categorias de melhor filme, direção, roteiro, montagem e melhor atriz para Gascón.
Ao receber sua estatueta, a atriz dedicou palavras à sua mãe: “Ela está doente agora. Acho que as mães deste mundo são subestimadas. A minha foi um exemplo para mim”.
E, com seu estilo direto, acrescentou: “Quero lembrar às famílias que amem seus filhos. Ainda hoje há quem prefira que seus filhos sejam criminosos a gays”.