A partir deste final de semana, a corrida ao Oscar começou a definir melhor quais podem ser os campeões da cerimônia em 2 de março. A depender dos prêmios do DGA, o sindicato dos diretores dos Estados Unidos, e do PGA, o sindicato dos produtores, “Anora”, o filme de Sean Baker, é o predilecto.
Numa temporada recheada de celebrações nos Estados Unidos e ao volta do mundo, essas láureas são os principais termômetros do Oscar, já que a maioria de seus votantes coincide com aqueles da Liceu de Artes e Ciências Cinematográficas —nestes casos, nas categorias de melhor direção e melhor filme.
Por exemplo, os prêmios do PGA são dados desde 1989. Em suas 36 edições, o grande vencedor coincidiu com a escolha da Liceu em 26 ocasiões. Nesta edição, oito dos dez indicados ao PGA são os mesmos que disputam o Oscar de melhor filme, entre eles “Emilia Pérez”, “O Brutalista”, “Conclave”, “Um Completo Incógnito”, “A Substância” e “Wicked”.
O brasílio “Ainda Estou Cá” não estava na disputa, o que não anula suas chances de vitória no Oscar. Filmes uma vez que o sul-coreano “Verme”, “Moonlight: Sob a Luz do Luar” e “Spotlight: Segredos Revelados” foram alguns dos filmes recentes que venceram o Oscar, mas não o PGA.
O DGA, muito mais macróbio, é entregue desde 1948, e com uma frequência de acerto melhor. De lá para cá, errou somente oito vezes, a mais recente sendo com o Oscar a Bong Joon-ho, de “Verme”, enquanto o sindicato preferiu Sam Mendes, de “1917”. Nesse ano, Sean Baker desbancou nomes uma vez que Jacques Audiard, Edward Berger, Brady Corbet e James Mangold.
Esse descompasso acontece porque agora, com as votações para o Oscar sendo abertas na terça-feira (11), todos os mais de 10 milénio membros da Liceu votam em todos os indicados, enquanto os sindicatos se restringem a suas respectivas categorias.
Daí que fortes concorrentes da temporada, uma vez que “O Brutalista”, de Corbet, também têm chances. Ele despontou uma vez que vencedor do Orbe de Ouro, mas, nas últimas semanas, alguns fatores mudaram o jogo —pegou mal para o longa estrelado por Adrien Brody, em privado, o uso de recursos de lucidez sintético para aprimorar o sotaque de seus atores durante a produção.
Quem sofreu mais foi “Emilia Pérez”, que vinha se firmando uma vez que um predilecto em diversas premiações, e não deve ter o mesmo prestígio no evento da Liceu. Posteriormente ser destaque no Festival de Cannes, levar diversos Orbe de Ouro e estatuetas do Critics Choice Awards —dadas pela maior associação de críticos dos Estados Unidos e Canadá—, a expectativa é que a produção francesa tenha um destaque muito simples em seguida a polêmica com a atriz Karla Sofía Gascón, que teve postagens preconceituosas nas redes sociais expostas pela prensa.
Gascón foi retirada da campanha, não está comparecendo aos eventos e disse que prefere permanecer em silêncio e deixar o filme falar por si. Nos bastidores, a Netflix faz o provável para salvaguardar ao menos um homenzinho dourado para Zoe Saldaña, maior aposta de melhor atriz coadjuvante.
Nesse cenário sem o francesismo, a disputa para filme internacional no Oscar indica grandes chances para “Ainda Estou Cá”. A polêmica com Gascón também fortalece a corrida da brasileira, que tem Demi Moore uma vez que sua maior rival, por “A Substância”. A estrela veterana de “Ghost” tem levado a maioria dos prêmios de melhor atriz, emocionando o público com discursos que recordam seu histórico com Hollywood.
Apesar do prestígio de prêmios uma vez que o Orbe de Ouro, que deu a estatueta de melhor atriz a Fernanda Torres, e o Goya, que celebrou a obra brasileira uma vez que o melhor filme ibero-americano, os júris dos prêmios são diferentes daqueles do Oscar.
Moore também pode levar a estatueta de melhor atriz do SAG, o sindicato dos atores, ao qual Torres não concorre —Fernanda Montenegro também não concorreu ao SAG em 1999, quando foi indicada ao Oscar por “Médio do Brasil”.
Os vencedores do SAG serão divulgados em 23 de fevereiro, enquanto os do WGA, o sindicato dos roteiristas, saem em 15 de fevereiro.
Nesse meio-tempo, há ainda a entrega de outros prêmios uma vez que o Bafta, da Liceu Britânica de Artes do Cinema e Televisão, que também pode prestigiar “Ainda Estou Cá” uma vez que melhor filme de língua não inglesa em 16 de fevereiro.