Uma das mãos por trás da campanha de “Ainda Estou Cá” para a temporada de premiações de Hollywood tem sonhos ambiciosos para o filme dirigido por Walter Salles e estrelado por Fernanda Torres e Selton Mello. Michael Barker, copresidente da distribuidora Sony Pictures Classics, está hipotecado em atingir outro patamar do Oscar, muito além das indicações para filme internacional e atriz.
“Será mais do que uma repetição do que fizemos com Fernanda Montenegro e ‘Meão do Brasil’”, diz Barker à Folha, citando o longa de Salles que concorreu ao Oscar de filme estrangeiro e atriz em 1999, sem lucrar.
Torres não apareceu entre atrizes indicadas ao SAG Awards, o prêmio do Sindicato dos Atores, o que esfriou um pouco as expectativas, mas isso não é sinal de que ela não possa ir ao Oscar. Aconteceu o mesmo com a sua mãe 26 anos detrás, enfim.
O executivo americano, cofundador da distribuidora em 1992, acredita que o filme pode emplacar também indicações de melhor direção, roteiro ajustado e talvez até filme do ano.
“Vamos detrás. Nós já fizemos isso antes”, afirma Baker, citando uma vez que exemplo “Paixão”, do diretor austríaco Michael Haneke, indicado a melhor filme em 2013. “Foi uma campanha muito parecida, e ninguém acreditava que iria intercorrer.”
“Vamos ver dez filmes indicados a melhor do ano. Nosso filme é tão bom ou melhor do que qualquer um deles. Temos uma chance sim, mas precisamos nos centrar nos pontos fortes, que são o Walter na direção e filme internacional, nossa atriz, nosso roteiro e, quem sabe, talvez, a grande indicação acontece também.”
“Ainda Estou Cá” já tem um troféu de roteiro do prestigiado Festival de Veneza de 2024, recebido por Murilo Hauser e Heitor Lorega. A história é baseada na autobiografia de mesmo nome de Marcelo Rubens Paiva, rebento de Eunice, a personagem de Torres, e do ex-deputado Rubens Paiva, papel de Selton Mello, que é recluso e morto por militares na ditadura.
Barker coleciona mais de 170 indicações de Oscar para trabalhos que ajudou a repartir pelo mundo, uma vez que “Me Chame pelo Seu Nome”, “Meia-Noite em Paris”, “Dor e Glória”, “O Tigre e o Dragão” e “Retorno a Howards End”.
No domingo pretérito, o Mundo de Ouro recebido por Fernanda Torres deu um impulso importante na campanha. A vitória da brasileira foi considerada o grande choque da noite pela prelo sítio e, para Barker, foi um divisor de águas.
“Numa campanha, você espera por um catalisador desse tipo para conscientizar as pessoas da existência do filme, sobre o que ele tem a oferecer, e quando a Fernanda fala você vê o filme todo”, diz Barker. “Se a gente conseguir fazer com que as pessoas que votam assistam, elas vão ver que a performance é a melhor. Vão ver a precisão e a eloquência da direção de Walter e a sublimidade do roteiro, que levou anos para ser escrito.”
O longa estreia em Novidade York e Los Angeles na próxima sexta-feira (17), dois dias antes do proclamação das indicações do Oscar, e fica em edital pelo menos até 14 de fevereiro, chegando em mais de 500 salas dos Estados Unidos, segundo Barker.
O executivo diz que pouco mudou na campanha posteriormente o sucesso inesperado com o Mundo de Ouro, mas conseguiu levar Torres para mais participações na TV. Na próxima semana, ela estará no talk show “Jimmy Kimmel Live!”, no meio ABC, que havia sido delongado posteriormente os incêndios em Los Angeles.
Mas não tente arrancar do executivo o quanto, enfim, custa uma campanha do Oscar. “Perguntar de verba é nonsense”, responde ele, exaltado. “Estamos gastando e vamos gastar o quanto precisar”, acrescentou, afirmando que, se Torres e Salles não estivessem conseguindo tanto espaço na mídia dos Estados Unidos, seria preciso gastar mais em divulgação.
No final, a qualidade de uma campanha descansa nos ombros dos artistas que a lideram, e a julgar pelo tela que Salles e Torres fizeram na última segunda-feira (6) num festival em Palm Springs, a dupla está indo muito muito. Com um inglês amolado, toques de humor e descontração, sem perder a sisudez do tema do filme, eles arrancaram aplausos acalorados da plateia.
“Esse filme tem uma rosto humana que pode convencer qualquer votante da Liceu mais do que qualquer grande gasto”, diz Barker. “Não somos uma vez que a Netflix, que gasta dezenas de milhões de dólares. Até mesmo estúdios uma vez que a Disney não gastam esse tipo de verba em uma campanha. Não é sobre quanto, mas sim uma vez que gastar.”
Companheiro de longa data de Salles, Barker lembrou que o diretor falou sobre “Ainda Estou Cá” nos idos de 2019, no Festival de Cannes. “Ele me descreveu a história em tantos pormenor, e quando vi o filme cinco anos depois era exatamente o que ele tinha me dito”, afirma. “Sua precisão é notável. É uma arte.”