Ouro: Ana Carolina Supera Rival E Torcida No Parataekwondo

Ouro: Ana Carolina supera rival e torcida no parataekwondo – 30/08/2024 – Esporte

Esporte

Ana Carolina Moura, 28, precisou superar a jovem rival Djelika Diallo, 19, e praticamente toda a redondel do Grand Palais nesta sexta-feira (30) para ocupar a medalha de ouro para o Brasil no parataekwondo, na categoria até 65 kg.

Antes mesmo do duelo decisivo, em seguida passar pela semifinal, Carol já sabia das dificuldades. “Tenho dois problemas: a desportista e a torcida”, brincava.

A redondel realmente tremeu durante o combate, com recta a bandeirão com símbolo do time francesismo e muitos “allez, les bleus” e gritos de incentivo pela lutadora da moradia.

Nas Paralimpíadas, homens e mulheres da modalidade competem sob a classificação K44, para atletas com deficiência em um ou nos dois membros superiores. Uma vez que nas Olimpíadas, os atletas são separados por peso, mas a luta acontece em um único round de cinco minutos —em vez dos três rounds de dois minutos cada um.

Apesar de jovem, a francesa Diallo é muito conhecida da paratleta de Belo Horizonte. “Já tivemos quatro lutas e está empatado. Hoje é a decisão. A última, no Rio, eu ganhei nos seis segundos finais”, lembrava antes do combate.

E porquê eram rivais conhecidas, o técnico Rodrigo Ferla já tinha a estratégia muito definida. “O projecto era anular a perna esquerda dela, que é um ponto poderoso dela, e chutar rápido de olho na perna esquerda, porque ela é muito boa de contra-ataque. Feito isso, era colocar o nosso jogo em prática”, comentou.

Ana começou melhor e fez 3 a 0, mas perto da metade da luta, Diallo empatou com um golpe no tórax da brasileira (que vale dois pontos). Um tempo foi pedido do lado francesismo quando faltavam 1min44s, com o placar apontando 5 a 5.

Apesar do empate, Ferla acreditava que a luta estava muito encaixada. “Ela estava seguindo o projecto certinho, faltava encaixar uns pontos, mas na hora que ela abriu dois, quatro pontos, eu tinha certeza que a luta era nossa.”

Faltando 1min32, Ana voltou a permanecer na frente e tentava travar as investidas da oponente diminuindo a intervalo. Faltando 30 segundos, a redondel diminuiu o soído quando o placar apontava 11 a 5 para a brasileira.

No término, os gritos franceses foram só para comemorar a prata. Ana venceu por 12 a 7. Na hora de comemorar com a bandeira do Brasil, Ana chamou a rival para o núcleo da extensão de luta e ambas deram uma volta olímpica com as duas bandeiras.

Além dos confrontos, Ana Carolina esteve em Paris no início do ano para um período de treinos com a equipe da moradia e já tinha ficado impressionada com a evolução da adversária. “Ela evoluiu demais com a troca de técnicos, são dois ex-atletas. Ela tem um potencial gigantesco.”

Ana Carolina tem má formação congênita no antebraço recta e começou a praticar a arte marcial pensando em autodefesa, depois de ter sido assaltada e perder um grudar oferecido pela tia quando nasceu.

O dia da brasileira começou com uma luta complicada nas quartas de final, quando venceu a grega Christina Gkentzou por 11 a 7 (mas fez os quatro pontos da vitória só no minuto final). Na semi, a mineira atropelou a camaronesa Marie Antoinnette Dassi, com tranquilos 21 a 1.

Ana pode incluir o pódio olímpico no seu hall de conquistas, que tem o ouro no Parapan de Santiago de 2023 e no Mundial do mesmo ano, disputado no México, entre outras.

Em somente sua segunda presença nas Paralimpíadas, o parataekwondo ganhou um dos cenários mais elegantes dos Jogos de Paris, o imponente Grand Palais —mesma moradia da esgrima e do taekwondo nas Olimpíadas, mas agora com a ordem trocada.

Silvana completa dia das mulheres no Grand Palais

Antes da luta final do dia, a paraibana Silvana Fernandes repetiu a medalha de bronze de Tóquio-2020 na categoria até 57 kg. Desta vez, ela superou a cazaque Kamilya Dosmalova em seguida ter perdido a semifinal.

Silvana tem má formação congênita no braço recta, e chegou a praticar atletismo antes do parataekwondo.

Já Nathan Torquato, ouro na competição em 2021 (até 63 kg), ficou sem medalhas em Paris. O brasílico começou muito o dia, mas perdeu de viradela uma disputadíssima semifinal para o turco Mahmut Bozteke. Perto do final do duelo, o paulista teve uma torcedura no joelho esquerdo e deixou a extensão de luta chorando. Na disputa pelo bronze, Torquato nem compareceu ao espaço de combate, deixando a medalha para o marroquino Ayoub Adouich.

Curiosamente, em Tóquio, o paulista conquistou o ouro praticamente sem lutar a decisão. Na ocasião, seu rival, o egípcio Mohamed Elzayat, sofreu uma lesão na semifinal. Ele chegou a subir na extensão de combate, mas o duelo foi interrompido em seguida o primeiro golpe do brasílico.

Essa é a segunda vez da modalidade no evento. Na estreia, em Tóquio, o Brasil conquistou um ouro (Torquato), uma prata (Débora Menezes) e um bronze (Silvana).

Folha

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