Cineasta ganhador da Palma de Ouro em Cannes ficou espargido por guiar clássicos com o irmão, Vittorio. Paolo Taviani participa da competição do Festival de Berlim com ‘Leonora, adeus’
Stefanie Loos/AFP
O diretor de cinema italiano Paolo Taviani, ganhador da Palma de Ouro em Cannes em 1977, morreu nesta quinta-feira (29), aos 92 anos. O proclamação foi feito pelo prefeito de Roma.
Ele era espargido por guiar filme importantes com seu irmão, Vittorio, filmes importantes, entre eles “Pai Patrão” (1977) e “César Deve Morrer” (2012).
“Com a morte de Paolo Taviani, nos deixa um grande rabino do cinema italiano. Com seu irmão, Vittorio (morto em 2018, aos 88 anos), fez filmes inesquecíveis, profundos, comprometidos”, publicou Roberto Gualtieri no X.
Os funerais laicos de Paolo Taviani, que morreu em Roma devido a “uma enfermidade recente”, serão realizados segunda-feira (4) em Roma, segundo a prelo italiana.
Os irmãos Taviani formaram uma dupla rara na história da sétima arte e escreveram algumas das mais belas páginas do cinema italiano, com filmes marcados por um estilo muito literário, misturando História, psicanálise e verso.
“Pai patrão”, por exemplo, é uma adaptação do romance homônimo autobiográfico de Gavino Ledda, que conta a história de um jovem pastor que foge do controle tirânico do pai, que o força a desabitar a escola por premência financeira, deixando-o iletrado até os 20 anos. Em “As Afinidades Seletivas” (1996), os irmãos adaptaram Goehte.
O tema da puerícia também está presente em “A Noite de São Lourenço” (1982), Grande Prêmio Próprio do júri em Cannes.
A dupla falava em uníssono e escrevia a quatro mãos sobre suas indignações e revoltas, mas também sobre seu paixão pela arte e pela formosura.
“Não sabemos uma vez que poderíamos trabalhar um sem o outro. Enquanto possamos respirar misteriosamente no mesmo ritmo, faremos filmes juntos”, diziam os cineastas, que, em 1977, comparavam-se ao moca com leite. “É impossível proferir onde termina o moca e onde começa o leite.”
Fortemente inspirados no rabino do neorrealismo Roberto Rosselini, mas também em Vittorio De Sica, os dois se interessaram desde o primícias da curso, nos anos 1960, nos temas sociais.
Depois uma série de documentários, os irmãos Taviani dirigiram seu primeiro longa, “Temos Que Queimar um Varão” (1962), que conta a história de um sindicalista marxista que luta contra a máfia siciliana.
Um ano depois, a dupla abordou o tema do divórcio na comédia “I Fuorilegge del Matrimonio”, interpretada por Ugo Tognazzi e Annie Girardot, antes de guiar “Sotto il Segno dello Scorpione”, uma parábola dos acontecimentos do efervescente ano de 1968.
Paolo e Vittorio Taviani recebem o Urso de Ouro no Festival de Berlim por ‘César deve morrer’, em 2012
Johannes Eisele/AFP
‘Nunca nos rendemos’
Foi em 1974, com “Allonsanfan”, uma evocação da Itália pós-napoleônica e do fracasso dos movimentos revolucionários que eclodiram naquela quadra, que os dois tiveram seu primeiro sucesso internacional.
Vittorio e Paolo viajaram cinco anos depois aos Estados Unidos, onde filmaram “Bom Dia Babilônia” (1987), uma sátira a Hollywood. Grandes admiradores do dramaturgo e romancista siciliano Luigi Pirandello, adaptaram vários de seus relatos em “Kaos” (1984), um filme surrealista em duas partes.
Depois de voltarem ao gênero documental com “Un Altro Mondo è Possibile”, rodado durante o G8 de Gênova (2001) com o diretor Gillo Pontecorvo, denunciando os efeitos devastadores da globalização, voltaram à ficção com “A Lar das Cotovias” (2007).
Em 2012, abordaram o universo das prisões de forma dissemelhante com “César Deve Morrer”, narrado através da preparação para uma peça de Shakespeare no presídio romeno de Rebibbia. Ganhador do Urso de Ouro do Festival de Berlim, o filme conta uma vez que os detentos se libertaram de suas prisões graças à arte, ao mesmo tempo que se conscientizavam de seu confinamento.
“Nós nunca nos rendemos. Dizem que, ao ficarmos velhos, nós nos tornamos mais generosos e tolerantes. É patranha. Nós sempre temos o mesmo instinto de rebeldia”, disseram, na ocasião.
Pela primeira vez em quase meio século, Paolo dirigiu sozinho seu primeiro longa em 2017 – “Una Questione Privata”, uma história de paixão no contexto da resistência do Piemonte em 1943.
Depois a morte do irmão, Paolo dirigiu seu último filme, “Leonora Addio”, apresentado na Berlinale em 2022.
Fonte G1
