Papa deixa exemplo de defesa ecológica e dos mais pobres,

Papa deixa exemplo de defesa ecológica e dos mais pobres, diz cardeal

Brasil

O papa Francisco colocou o desvelo com o meio envolvente e com os mais pobres no núcleo do seu pontificado. A avaliação é do prior de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa, que vai participar da escolha do novo papa. O pontífice faleceu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos.

“Deixa esse grande legado para o mundo, principalmente a questão ecológica, o próprio nome, quando escolheu Francisco [em referência a São Francisco de Assis, conhecido como protetor dos animais e da natureza] ele foi alguém que amou a ecologia, que percebeu que temos uma moradia geral e, por isso, chamava todos de irmãos e de irmãs”, disse dom Paulo, em coletiva de prelo, nesta segunda-feira, em Brasília.


Brasília (DF) 221/04/2025 o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Paulo César, acompanhado dos bispos auxiliares e do Cardeal emérito, Dom Raimundo damasceno, durante coletiva sobre a morte do Papa Francisco  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília (DF) 221/04/2025 o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Paulo César, acompanhado dos bispos auxiliares e do Cardeal emérito, Dom Raimundo damasceno, durante coletiva sobre a morte do Papa Francisco  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Coletiva prior pela morte do Papa. Foto: Fabio Pozzebom/ Dependência Brasil

Segundo dom Paulo, quando o papa Francisco propõe a Laudato Si, ele alerta que a industrialização – a razão moderna – não conseguiu conciliar desenvolvimento com sustentabilidade. “É preciso buscar, logo, a razão contemplativa. É preciso olhar a verdade e perceber que tudo é dom do paixão misericordioso de Deus, que precisa ser conservado, precisa ser preservado”, afirmou.

A Laudato Si (em português, Louvado Seja) é o título da encíclica do papa Francisco sobre o desvelo com o meio envolvente, escrita em 2015, uma vez que uma reflexão sobre a crise ecológica e um apelo à ação para proteger o planeta. Uma encíclica é a forma mais elevada de escrita papal.

Para o prior de Brasília, Francisco também deixa um legado de simplicidade, de uma igreja evangelizadora e missionária.

“Uma igreja que vai para as periferias humanas, para as periferias existenciais, é um legado de acolhida”, destacou, dizendo que o Papa era “profundamente antenado” com as questões atuais, uma vez que a transmigração e as guerras.

De convénio com dom Paulo, Francisco dizia que o Mar Mediterrâneo não poderia ser um “cemitério de pessoas”. No sítio, muitos barcos com refugiados naufragam tentando chegar à Europa.  Segundo o cardeal, o papa defendia que o diálogo é o caminho para a solução das guerras em curso no mundo. “Um papa que percebia o horror da guerra, que o horror da guerra não é solução para zero, é só falência da humanidade”, disse.

Ao olhar para a própria Igreja, o religioso trabalhou pelo combate à pedofilia dentro da instituição, pedindo tolerância zero com os abusos. Em 2013, Francisco criou a Percentagem de Proteção à Garoto do Vaticano, a primeira do gênero. “Não tem que ter tolerância nenhuma”, reforçou o prior de Brasília. “Um papa que deixa sua marca na vida e marcha da igreja.”

Dom Paulo Cezar Costa foi feito cardeal pelo papa Francisco em 2022, e chegou a convocar o pontífice para vir a Brasília em julho deste ano, na celebração dos 65 anos da Arquidiocese da capital e na preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em novembro, em Belém, no Pará. “Se tivesse condições, tenho certeza de que ele viria”, disse.

“Parece que perdemos um pai”, afirmou dom Paulo, lembrando de sua proximidade com Francisco e do espírito pândego do pontífice, que assumiu a liderança da Igreja Católica em fevereiro 2013, depois a repúdio do papa Bento XVI, que faleceu em janeiro de 2023.

Francisco, nome escolhido por ele para seu pontificado, nasceu Jorge Mario Bergoglio, em Buenos Aires, na Argentina, rebento de imigrantes italianos. Foi o primeiro papa das Américas, que, para o cardeal, “serviu a igreja com alegria”.

“Um varão que, eu diria, foi um pai para o mundo, porque apontou para o mundo suas alegrias, mas também seus problemas”, disse Dom Paulo.


Brasília (DF) 221/04/2025 o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Paulo César, acompanhado dos bispos auxiliares e do Cardeal emérito, Dom Raimundo damasceno, durante coletiva sobre a morte do Papa Francisco  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil
Brasília (DF) 221/04/2025 o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Paulo César, acompanhado dos bispos auxiliares e do Cardeal emérito, Dom Raimundo damasceno, durante coletiva sobre a morte do Papa Francisco  Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

Padre de Brasília, Cardeal Dom Paulo César, escoltado dos bispos auxiliares e do Cardeal emérito, Dom Raimundo Damasceno, durante coletiva sobre a morte do papa Francisco Foto: Fabio Pozzebom/ Dependência Brasil

Conclave

De convénio com o prior de Brasília, o funeral do papa Francisco deve ocorrer ao longo da semana, mas o sepultamento deve ser realizado unicamente no próximo termo de semana. Dom Paulo planeja chegar ao Vaticano na sexta-feira (25), para os rituais e, na sequência, seguir para o conclave, evento de escolha do novo papa.

Depois o funeral, o Vaticano passa por um período de luto de nove dias, para que, logo, os cardeais da Igreja Católica iniciem a primeira segmento do conclave, as reuniões preparatórias para a eleição. Nessas reuniões, todos os cardeais do mundo participam e discutem os problemas da igreja e do mundo atual. A partir dali, começa-se a delinear perfis que possam assumir o papel de pontífice de Roma, de papa.

Para a segunda segmento do conclave, a votação na Capela Sistina, participam unicamente os cardeais com menos de 80 anos. Segundo dom Paulo, é normal que o novo papa seja um dos cardeais que estão na capela, mas zero impede que alguém que está fora seja eleito.

“É uma escolha que vai além do voto meramente humano, é também uma atitude de fé”, disse o prior de Brasília, afastando qualquer clima de “complô político”. “O clima é outro, é a percepção que nós somos instrumentos na procura por perceber quem é o melhor para guiar a Igreja, os 1,4 bilhão de católicos no mundo inteiro.”

O prior emérito de Aparecida (SP), dom Raymundo Damasceno Assis, também falou na coletiva em Brasília, ao lado de Dom Paulo Cezar Costa. O cardeal mineiro, inclusive, participou da escolha do Papa Francisco, em 2013, e, agora, diante da idade avançada (88 anos), estará unicamente na primeira segmento do conclave.

“[Francisco] deixa um grande legado para a igreja, para que o outro papa eleito dentre os cardeais possa continuar esta missão da igreja que é, fundamentalmente, o pregão do evangelho no mundo de hoje, diante de todos os seus desafios”, disse dom Damasceno, afastando a possibilidade de ser eleito o novo papa.

“Difícil que cardeal emérito seja eleito papa. É necessário muito mais saúde, vitalidade e conhecimento de toda a Igreja”, destacou. “Isso, evidentemente está completamente descartado e nem eu libido, nem espero. Rezo para que Deus inspire os cardeais que vão votar e possam escolher aquele que melhor possa servir a igreja e o mundo nos dias de hoje”, acrescentou.

O prior emérito lembrou que 80% dos cardeais do escola eleitoral foram criados pelo papa Francisco, que, ao longo do seu pontificado, voltou-se muito para as periferias do mundo. “É um escola representado por cardeais de todas as periferias do mundo”, disse.

Fonte EBC

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