Em 1997, a drag queen Kaká di Polly [falecida no ano passado] se deitou no soalho em plena Avenida Paulista, em São Paulo. Esta foi a forma que ela encontrou para reclamar contra os policiais que estavam impedindo tapume de 2 milénio pessoas de promoverem a primeira Paragem Gay [como ela era chamada na época] de São Paulo. De lá para cá, o evento passou a ser chamado de Paragem do Orgulho LGBT+ de São Paulo e é considerado o maior do mundo, reunindo milhões de pessoas todos os anos. Nascente ano, a Avenida Paulista recebe a Paragem no dia 2 de junho
Em 28 edições, o evento cresceu não só em tamanho de público, uma vez que também em programação, contando até mesmo com uma Feira Cultural da Inconstância, que nascente ano será no Memorial da América Latina, no dia 30 de maio. Aliás, a paragem vai inaugurar um novo evento nascente ano, para competir com Novidade York: a Corrida do Orgulho LGBT+, marcada para o Parque Villa-Lobos, a partir das 06h30. Outra novidade é o lançamento de um edital de espeque às pequenas paradas que ocorrem em outras cidades brasileiras, marcado para ocorrer no segundo semestre.
Mas uma coisa não se alterou desde a primeira edição do evento: a capacidade de mobilização. Embora seja sempre uma grande sarau, a paragem nunca deixou de ter um caráter político e de resguardo de direitos. Neste ano de eleições municipais, por exemplo, ela adota uma vez que tema Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo. Vote Consciente por Direitos da População LGBT+, destacando que há muitos projetos em resguardo dessa população parados no Congresso Pátrio. A organização também pedirá para que o público resgate as cores da bandeira vernáculo que, nos últimos anos, foram muito utilizadas por movimentos da extrema-direita.
“A Paragem consegue se manter, há 28 anos, com a mesma força. Poucos movimentos sociais no mundo conseguem essa proeza”, disse Nelson Matias Pereira, presidente da Paragem do Orgulho LGBT+ de São Paulo, em entrevista nesta quinta-feira (23) à Sucursal Brasil.
“Neste ano não vamos falar só sobre eleição: vamos denunciar o retrocesso e a preterição do Congresso e das Casas Legislativas em relação às nossas pautas. Em todos esses últimos anos, não se aprovou nenhuma lei que nos favoreça. Vamos cobrar o Legislativo e também vamos manifestar: vamos votar consciente. Precisamos ter um voto crítico, elegendo pessoas LGBT+”, enfatizou o presidente do evento.
Segundo Pereira, alguns exemplos dessas leis dizem reverência ao matrimónio igualitário e à criminalização da LGBTfobia. “O matrimónio igualitário, social ou homoafetivo, por exemplo, que foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federalista (STF): há agora um projeto de lei tramitando no Congresso para proibir pessoas homoafetivas de se casarem. Eles querem tirar aquilo que o STF nos garantiu”.
O presidente do evento ressalta que vários projetos estão tramitando em casas legislativas em cidades do interno com uma série de proibições uma vez que, por exemplo, a de presença de crianças em paradas. “Isso é um retrocesso gigantesco. Além de não prosseguir em nossas pautas, eles ainda tiram ou diminuem direitos que temos garantidos por nossa Constituição. É preciso lembrar que antes do rótulo e das caixinhas e do G [gay] que me cabe, eu sou cidadão brasílico e uma vez que tal preciso ser tratado. Há uma constituição que rege as regras desse país e que diz que sou um cidadão brasílico e que tenho que ser tratado uma vez que tal”.
Para pressionar o Congresso a revalidar e produzir projetos que garantam os direitos da população LGBT+ foi criado um subscrição, que estará colhendo assinaturas online a partir de agora. “O pedido do subscrição é para que o Poder Legislativo passe a produzir e revalidar leis que apoiem as pessoas LGBT+. Queremos juntar a maior Paragem LGBT+ do mundo e colocar essas pessoas para também estarem participando desse movimento”, disse Marcos Melo, gerente de campanhas da All Out, movimento global em resguardo dos direitos LGBT+.
O subscrição está disponível Instagram e também poderá ser acessado durante a Feira Cultural da Inconstância e na Paragem SP por meio de QRCodes espalhados pelos eventos.
Tradição
Porquê já é tradição, a organização Mães pela Inconstância estará na Avenida Paulista no dia da paragem para perfurar o evento, junto com a bateria da escola de samba Vai-Vai. E, pela segunda vez consecutiva, essas mães estarão vestindo as cores do Brasil, que vão substituir o arco-íris de seus abadás.
“O Mães pela Inconstância está em todas as paradas, desde o início. A relevância é racontar para as pessoas que nossos filhos têm família e que eles não estão sozinhos. Queremos manifestar a outras mães que isso que elas estão vivendo na vivenda delas também aconteceu na nossa. É fundamental que a gente possa se espelhar, enxergar porvir, ter esperança e guarida”, disse Regiani Abreu, integrante da organização.
Para nascente ano, a organização terá uma vez que lema Verás que Tua Mãe Não Foge à Luta. “No ano pretérito, já nos antecipamos a Madonna para usar o verdejante, amarelo, azul e branco. Queremos entregar para a nossa bandeira a alegria, a simetria, a solidariedade, a legitimidade e a flutuação. Esse ano vamos repetir o abadá do ano pretérito, que é um tema tão importante e fundamental”, adiantou Regiani.
Paragem SP
Pela primeira vez, a Paragem fará um trajeto dissemelhante na Avenida Paulista por desculpa de obras do metrô. Neste ano, os trios vão percorrer o lado singular da avenida. Por isso, o público será orientado a entrar no evento pelas ruas Haddock Lobo e Bela Cintra.
Também foi estabelecida parceria com a prefeitura para ações de sustentabilidade. Para isso serão instalados 100 ecopontos ao longo da Avenida Paulista e da Rua da Consolação para recolhimento de resíduos. Em seguida o evento deverão ser plantadas árvores para recompensar as emissões de CO2.
Entre as atrações musicais estão Pabllo Vittar, Sandra de Sá, Filarmónica UÓ e Ludmillah Anjos. Já a cantora Glória Groove vai festejar dois casamentos de casais homoafetivos durante o evento.
Programação
A tradicional Paragem do Orgulho LGBT+ de São Paulo, também chamada de Paragem SP, será no domingo, dia 2 de junho, a partir das 10h, na Avenida Paulista. Antes, no dia 30 de maio, o Memorial da América Latina vai receber a Feira Cultural da Inconstância LGBT+, também a partir das 10h.
Entre os dias 31 de maio e 1 de junho será realizado o Encontro Brasílio de Organizações de Paradas LGBT+. E, no dia 1 de junho, haverá a primeira Corrida do Orgulho LGBT+, no Parque Villa-Lobos, a partir das 6h30.
Ainda no sábado, a partir das 13h, em um evento que não é promovido pela organização da Paragem do Orgulho LGBT+, acontecerá a Jornada de Mulheres Lésbicas e Bissexuais de São Paulo, com concentração na Rossio da República, no meio da capital.
Mais informações sobre o evento podem ser obtidas no site do evento