Se nos Jogos Olímpicos o Brasil voltou de Paris sem atingir o seu objetivo, ao invadir menos medalhas do havia apanhado nos Jogos de Tóquio-2020, o mesmo não deve suceder nas Paralimpíadas-2024.
Com um progresso consistente em sua performance na competição, passando de um 14º lugar no quadro universal de medalhas em Atenas-2004 para um posto fixo entre as dez nações mais vencedoras nas últimas quatro edições, a delegação brasileira é potente candidata a se manter novamente no top-10 na capital francesa.
A meta do CPB (Comitê Paralímpico Brasiliano) é superar as 72 medalhas alcançadas em Tóquio, quando o país terminou em sétimo e teve a sua melhor campanha no exterior, repetindo o número obtido nos Jogos Rio-2016 –quando ficou em oitavo.
Nono em Pequim-2008 (47 medalhas) e sétimo em Londres-2012 (43 medalhas), o Brasil aumentou suas conquistas em 53,19% entre o evento em solo chinês e o mais recente, no Japão. Daí a crédito de que esse progresso será mantido em Paris-2024.
No totalidade, o Brasil soma 373 medalhas conquistadas em 11 edições de Jogos Paralímpicos, sendo 109 de ouro, 132 de prata e 132 de bronze.
- Os eventos dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024 serão exibidos por Sportv2, Globoplay e Youtube
Para além do talento dos atletas —serão 280 brasileiros na capital francesa, a maior delegação do país em um edição no exterior—, o Brasil colhe os resultados de três pilares fundamentais para o desenvolvimento do paradesporto pátrio: a construção do núcleo de treinamento paralímpico, a geração de um sistema de financiamento que vem das loterias e a captação de novos talentos.
O primeiro passo foi oferecido em 2001, com a assinatura da Lei Agnelo Piva, responsável por destinar 2% de todo o quantia arrecadado com as loterias para o movimento olímpico e paralímpico.
Originalmente, essa porcentagem era dividida em 1,7% ao esporte olímpico e 0,3% para o paralímpico. Em 2015, com a novidade Lei da Inclusão, a porcentagem e a subdivisão mudaram. O valor talhado passou ser 2,7%, sendo 1,73% para o olimpismo e 0,97% para o esporte paralímpico.
Para dimensionar o impacto dessa verba, com auxílio de patrocinadores, o orçamento do CPB em 1996, quando foram disputados os Jogos de Barcelona, foi murado de R$ 2,5 milhões (R$ 21,8 milhões, em valores corrigidos pela inflação). Em 2023, o montante ao qual a instituição teve aproximação foi de R$ 248 milhões.
A receita precisa ser dividida para atividades uma vez que treinamentos, organização de competições e captação de atletas.
“O Brasil tem investido na base. Essa é a receita do sucesso das maiores potências paralímpicas. O CPB tem regionalizado os ‘meetings’ dos esportes que ele gerencia [atletismo, natação e halterofilismo], além dos festivais infantis espalhados pelo país”, destaca Luciane Maria Micheletti Tonon, doutora em Ciências do Esporte pela USP.
Autora do livro “Beth Gomes: Uma Atena Brasileira”, biografia da desportista da natação paralímpica escolhida pelo CPB para ser a porta-bandeiras na cerimônia de fenda dos Jogos de Paris, Luciane acredita ainda que as Paralimpíadas Escolares, organizada regularmente desde 2009, são outro paisagem fundamental na prospecção de atletas. “Têm sido um grande causa. De lá, os três melhores de cada modalidade saem com Bolsa Desportista”, destaca.
Segmento da receita do CPB também precisa ser destinada à manutenção do Núcleo Paralímpico. Inaugurada em 2016, no km 11,5 da rodovia dos Imigrantes, em São Paulo, a estrutura serve uma vez que base para atletas de 17 modalidades —o programa de Paris-2024 tem 22, sendo 20 delas com a presença de brasileiros.
A maioria passou pelo núcleo de treinamento, que ocupa uma dimensão de 140 mil², dos quais 95 mil² são de dimensão construída, incluindo um hotel com 300 leitos, o que faz do espaço o quarto maior do gênero, detrás de locais semelhantes construídos no Japão, na Coreia e na Rússia.
“O núcleo paraolímpico é hoje o segundo melhor medido do mundo. Apresenta uma estrutura completa, plena, que atende aos atletas em períodos pré-estabelecidos, com todo suporte de saúde e técnico”, diz a médica Flávia Magalhães, técnico em medicina esportiva.
“Aliás, o núcleo tem uma gestão espetacular, que é capaz de promover a integração por meio de um olhar sustentável, social e financeiro”, afirma Flávia, que também atua uma vez que diretora médica da equipe do Special Olympic Games, evento esportivo que reúne pessoas com deficiência intelectual, reconhecido pelo COI (Comitê Olímpico Internacional).
Além do trabalho presencial, o comitê oferece cursos de ensino a intervalo para orientar os professores de ensino física sobre uma vez que tratar de maneira adequada os alunos com deficiência. Além de promover a inclusão desses estudantes, o projeto é uma forma de captar novos atletas.
“A gente tem no projecto estratégico, formulado lá em 2017, a meta de invadir entre 70 e 90 medalhas agora e de permanecer entre os oito primeiros. Mas a real expectativa é fazer em Paris a melhor campanha de todos os tempos”, afirma o presidente do CPB, Mizael Conrado.
Embora baseada na evolução do esporte paralímpico do Brasil, a meta do comitê também se beneficia de um paisagem ruim que ocorre frequentemente nas Paralimpíadas. O indumento de ter várias classes diferentes em cada um dos esportes leva a um número menor de atletas disputando provas, o que acaba facilitando a conquista de medalhas.