Uma campanha de vacinação contra a poliomielite na Tira de Gaza deve debutar no próximo domingo (1º), desde que as pausas humanitárias anunciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sejam cumpridas por Israel e pelo grupo palestino Hamas. Ainda assim, há o risco de que o prazo de três dias, previsto para cada uma das duas rodadas de vacinação, não seja suficiente para perceber a meta de 90% de cobertura.
“Por conta da instabilidade na região, das estradas e estruturas danificadas, das populações se deslocando e sendo realojadas, três dias para cada rodada, provavelmente, não serão suficientes para perceber a cobertura adequada”, alertou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, nesta sexta-feira (30). “A cobertura vacinal será monitorada ao longo da campanha e foi acordado que a vacinação será estendida por um dia, caso necessário.”
Durante entrevista à prelo, Tedros lembrou que o objetivo da campanha, coordenada pela OMS em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Puerícia (Unicef), é imunizar tapume de 640 milénio crianças com menos de 10 anos que vivem na região e que nunca receberam doses contra a pólio ou estão com esquema incompleto. A estratégia adotada pelas entidades é debutar pelo núcleo de Gaza, seguindo para o sul e, por termo, para o setentrião.
“As equipes de saúde devem ser protegidas e devem ser capazes de conduzir a vacinação de forma segura. Pedimos a todas as partes envolvidas que garantam a segurança desses profissionais, das unidades de saúde e das crianças”, apelou Tedros. “Pausas humanitárias são bem-vindas, mas, nos tempos atuais, a única solução para prometer o bem-estar das crianças de Gaza é um cessar-fogo. O melhor remédio é a tranquilidade”, concluiu.
Caso confirmado
Na semana passada, a OMS confirmou o primeiro caso de pólio na Tira de Gaza em 25 anos. Trata-se de um bebê de 10 meses que vive na cidade palestina de Deir al-Balah, região medial do território, e que não havia recebido nenhuma das doses previstas no esquema vacinal contra a doença.
Em seu perfil na rede social X, Tedros disse estar “seriamente preocupado” com a confirmação do caso. “A OMS e seus parceiros trabalharam arduamente para colher e transferir amostras da moço para testagem em um laboratório certificado na região. O sequenciamento genômico confirmou que o vírus está ligado à versão do poliovírus tipo 2, detectada em amostras ambientais recolhidas em junho em águas residuais de Gaza. A moço, que desenvolveu paralisia na perna esquerda, está em situação fixo”, informou.
Trégua humanitária
Alguns dias antes, a OMS já havia feito um apelo por uma trégua humanitária em Gaza para que as duas rodadas de vacinação pudessem ser realizada. Em nota, a entidade, junto ao Unicef, pediu que todas as partes envolvidas no conflito implementassem pausas humanitárias durante um período de pelo menos sete dias.
“Essas pausas nos combates permitiriam que crianças e famílias chegassem em segurança às unidades de saúde e que agentes comunitários alcançassem crianças que não têm aproximação a essas unidades para serem imunizadas contra a poliomielite. Sem as pausas humanitárias, a realização das campanhas não será provável”.
Entenda
O poliovírus foi detectado em junho em amostras ambientais colhidas na Tira de Gaza. Desde portanto, segundo a OMS, pelo menos três crianças apresentaram quadros suspeitos de paralisia flácida aguda, sintoma geral da pólio. Amostras de sangue foram colhidas e enviadas para estudo laboratorial.
“É forçoso que o transporte das doses e dos equipamentos de refrigeração seja facilitado em todas as etapas dessa jornada, para prometer o recebimento em tempo oportuno, a aprovação e a liberação dos insumos em tempo para que a campanha ocorra”, ressaltou a OMS. Ao todo, 708 equipes com tapume de 2,7 milénio profissionais de saúde foram acionados.
A organização alertou que é preciso perceber uma cobertura vacinal de pelo menos 90% durante cada rodada da campanha para interromper a propagação da pólio e reduzir o risco do ressurgimento da doença, levando em consideração “sistemas de saúde, chuva e saneamento gravemente prejudicados na região”.
Dados da entidade mostram que a Tira de Gaza esteve livre da pólio pelos últimos 25 anos. “O ressurgimento da doença, sobre o qual a comunidade humanitária já havia alertado ao longo dos últimos dez meses, representa outra ameaço para as crianças em Gaza e em países vizinhos. Um cessar-fogo é a única forma de prometer a segurança da saúde pública na região”.
Risco
Ainda de tratado com a OMS, Gaza mantinha boa cobertura vacinal antes da escalada dos conflitos, em outubro do ano pretérito. De lá para cá, a vacinação de rotina foi fortemente impactada – incluindo a segunda ração da vacina contra a pólio, que caiu de 99% em 2022 para menos de 90% em 2023 e no primeiro trimestre de 2024.
“O risco de disseminação do vírus, dentro da Tira de Gaza e internacionalmente, permanece elevado em razão de lacunas na isenção das crianças, provocadas por interrupções na vacinação de rotina, dizimação do sistema de saúde, deslocamento estável da população, fome e sistemas de chuva e saneamento gravemente danificados.”
“A situação também aumentou o risco de propagação de outras doenças preveníveis por vacinação, uma vez que o sarampo, além de casos de diarreia, infecções respiratórias agudas, hepatite A e doenças de pele entre crianças”, disse a OMS.