Pavilhão temático na Expo Osaka olha o feminino no futuro – 17/06/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Parece delírio, mas há uma voz que sussurra o seu nome. Pode ser a da escritora Banana Yoshimoto, da poeta e pesquisador Emi Mahmoud ou da ativista climática Xiye Bastida. Pelo fone de ouvido, esse chamado guia os visitantes por um dos três percursos, que atravessam portas ovais. Antes que se abram, um curta-metragem intitulado “Three Women”, idealizado por Es Devlin e pela diretora Naomi Kawase, apresenta o trio de diferentes gerações, compartilhando suas mensagens, lutas e conquistas diárias.

Trata-se de uma das experiências imersivas do Women’s Pavilion, em colaboração com a Cartier, na Expo 2025 Osaka, que acontece até 13 de outubro, sob o tema “Projetando uma Sociedade Futura para Nossas Vidas”. O espaço, que desde sua estreia na Expo 2020 Dubai coloca a voz feminina no núcleo do debate e fortalece suas narrativas, fomenta o empoderamento para além do envolvente físico. As falas ecoam, permanecendo na memória dos visitantes, a partir do manifesto desta edição: “Quando as mulheres prosperam, a humanidade prospera”.

O pavilhão está localizado em uma extensão mais tranquila, ausente das filas intermináveis do núcleo do Grand Ring —uma obra circundar de madeira com mais de 61 milénio metros quadrados, criada pelo estúdio Sou Fujimoto Architects e considerada a maior construção de madeira do mundo. Ou seja, do outro lado da maioria dos pavilhões nacionais, uma vez que os da França, Alemanha e Brasil —nascente último, espremido entre Kuwait e Áustria, com uma estética apática que passa despercebida no cenário vibrante ao volta.

Para não expor que todos estão lá, o Japão, seu vizinho, instalou um projeto constituído pelo conspiração repetitivo e escalonado de painéis de madeira, simbolizando o ciclo da vida. Depois a exposição, as peças retornarão para o fornecedor e serão reutilizadas no horizonte. Curiosamente, alguma coisa semelhante ocorreu com o Women’s Pavilion —mas graças à persistência de uma mulher.

A frontaria de origami, inspirada na técnica de marcenaria tradicional kumiko —que consiste em encaixar peças formando padrões sem o uso de pregos— foi reaproveitada do pavilhão nipónico da edição anterior. Mas a arquiteta Yuko Nagayama, responsável pelos dois projetos, precisou driblar vários desafios para transportar cada um dos mais de 7.000 componentes, montados à mão, sem o uso de martelo.

“Essa iniciativa partiu de mim. No início, parecia impossível torná-la veras”, conta a japonesa sobre levar todo o material de Dubai para Kansai. “Normalmente, o quantia do governo é usado para erigir e desfazer um prédio. O processo de reutilização não faz segmento desse projecto, e precisei encontrar parceiros, uma vez que a [June] Miyachi, da Cartier, para esse suporte. Foi muita sorte”, explica ela à Folha, em uma das salas da sua obra. “Olhar para cada pormenor parece um sonho”.

A iluminação oriundo, permitida pelas frestas das placas brancas, alcança um solo constituído por árvores e vegetais de espécies nativas dos periferia de Osaka, que retornarão às suas origens posteriormente os 184 dias de evento. Essa homenagem à “Mãe Terreno” ressalta a urgência de reconexão com os ciclos naturais, regeneração e preparação de um mundo mais habitável para as próximas gerações.

Outro nome que se destaca é a artista contemporânea britânica e líder artística global do pavilhão feminino, Es Devlin —que também foi responsável pela cenografia do show de Lady Gaga no Rio de Janeiro. A expografia começa com um primeiro contato em uma espécie de espelho, na instalação Your Name, onde cada visitante adiciona sua própria voz e nome, levando o público a diferentes caminhos, mas com um horizonte em generalidade.

É por isso que, na lanço seguinte, cada visitante é orientado a entrar por diferentes portas. Se a opção for pela ativista climática mexicana, a narrativa no fone falará sobre sua relação com a chuva, a chuva e os sons angustiantes de inundações.

Na tempo seguinte, o trajectória culmina em Ma, que, em nipónico, significa pausa ou pausa —um espaço contemplativo a firmamento desobstruído. A luz invade o envolvente por uma sinceridade oval, incidindo sobre uma mesa escura cuja superfície líquida é salpicada por seixos pretos. É um momento de silêncio, de encontro entre as pessoas.

De lá, a próxima paragem é o Puzzle Box, uma sequência de espaços que se desdobram uma vez que uma intrincada caixa de quebra-cabeça japonesa. É uma representação visual das complexidades em camadas dos dados atuais sobre paridade de gênero no mundo —considerando avanços, uma vez que as 19 finlandesas eleitas para o parlamento vernáculo em 1907, e o quão longe ainda se está da paridade de gênero, projetada para ser alcançada exclusivamente em 2063, no ritmo atual.

Realidades cruas, uma vez que as mudanças climáticas, exacerbam ainda mais a desigualdade, mostrando que, em 2050, até 158 milhões de mulheres e meninas poderão ser levadas à pobreza extrema.

No último estágio, intitulado Your Hand, uma constelação de vozes de quem atua diariamente para transformar a sociedade dá o tom do fecho. Entre elas, estão a renomada chef de sushi Fumie Miyoshi e a empreendedora social armênia Mariam Torosyan, destaque do Cartier Women’s Initiative e fundadora da plataforma do dedo Safe YOU, que oferece ferramentas de segurança para vítimas de violência.

“As coisas podem parecer piorar, mas também há pequenos brotos de esperança por toda segmento. Devemos nos concentrar nisso”, comenta Banana Yoshimoto, a consagrada romancista, conhecida por Kitchen (1988), e que diz ter sua vida guiada por uma única coisa: grafar.

Já June Miyachi, presidente e CEO da Cartier no Japão —um destaque em uma estrutura social tradicionalmente machista— acredita que cada uma das histórias contadas no Pavilhão Feminino demonstra uma vez que a mudança não precisa ser monumental. Um pequeno ato na vida diária pode ser um passo significativo para promover a paridade de gênero e de gerações. “Esperamos que isso repercuta em cada pessoa que o visite.” Porque imaginar o horizonte, finalmente, é também ouvir as mulheres que o constroem.

Folha

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