Pesquisa Sobre Mídia Cívica Indica Ruptura Com Conceitos Tradicionais

Pesquisa sobre mídia cívica indica ruptura com conceitos tradicionais

Brasil

Uma série de organizações que apostam no jornalismo uma vez que instrumento para uma transformação social vem desafiando conceitos considerados tradicionais. É o que aponta um estudo desenvolvido pela pesquisadora Nina Weingrill (foto de destaque), mestranda da Instauração Getulio Vargas (FGV) e integrante do International Center for Journalists (ICFJ), organização sediada nos Estados Unidos que desenvolve ações e programas de promoção do jornalismo.

Ela explica que são organizações que adotam premissas alinhadas a uma teoria da mudança. Nesse sentido, se afastam dos discursos adotados por empresas da mídia tradicional, que muitas vezes reivindicam por exemplo a imparcialidade de suas coberturas. “Envolve a teoria de que o jornalismo é uma força motriz para inferir resultados específicos. Ele não é um término de si mesmo. Ele é um instrumento para uma transformação. Essas organizações entendem que estão pautando a transformação em suas comunidades.”

Os resultados preliminares da pesquisa foram apresentados durante o Festival 3i, no Rio de Janeiro. O evento, realizado pela Associação de Jornalismo Do dedo (Ajor), teve início na quinta-feira (13) e se encerra neste sábado (15). Realizado desde 2017, o encontro devotado a temas variados envolvendo o jornalismo chegou a sua quarta edição. A programação reúne especialistas em mesas de debate, workshops, oficinas e outras atividades.

Com um trajetória profissional voltada para fomentar e estudar a variação no jornalismo, Nina conta que a proposta da pesquisa surgiu a partir de um incômodo. “Falavam comigo: ‘que lícito você está fazendo jornalismo cidadão’. Nenhum problema com essa terminologia. Acontece que isso sempre é disposto uma vez que uma coisa menor e dissemelhante do jornalismo, entre aspas, profissional”, diz.

Ela optou por escolher o trabalho dessas organizações por meio de outro termo: mídia cívica. Segundo a pesquisadora, oriente é um movimento que avança na América Latina, mas que já está consolidado nos Estados Unidos. Embora ela pretenda desenvolver uma investigação específica sobre o Brasil, o atual estudo buscou compreender o fenômeno a partir da verdade dos norte-americanos. Entre julho e setembro de 2023, 18 lideranças dessas organizações foram entrevistadas. A íntegra dos resultados ainda será publicada.

Conforme os dados preliminares apresentados no Festival 3i, o termo “impacto” apareceu 72 vezes ao longo das entrevistas, superando inclusive o termo “jornalismo” e só ficando detrás do termo “comunidade”. “É uma coisa muito primordial para essas organizações, que bate de frente com alguns conceitos do jornalismo tradicional. Elas têm muito simples que estão buscando uma transformação social. A partir daí, se entende que o trabalho não é só informar. Não basta eu colocar nas redes ou imprimir o jornal. Outrossim, tem um impacto. E é preciso ir detrás desse impacto para ver aquela política mudar, para que alguma coisa aconteça”, diz.

Nina avalia que a mídia cívica é um novo ecossistema de mídia em expansão e a define uma vez que “formas de notícia que fortalecem os laços sociais dentro de uma comunidade ou que criem possante siso de engajamento cívico entre seus residentes”. Segunda ela, as organizações almejam estimular transformações que incluem mudanças políticas e sociais, mudanças nas narrativas e aumento da participação cívica. Elas oferecem programas de treinamento em mídia comunitária para formar produtores e leitores, muito uma vez que incentivam e apoiam a ação cívica sítio, por meio da produção, distribuição e do consumo de informações confiáveis que compartilham valores, moral e práticas internas que promovem a democracia.

De contrato com a pesquisa, essas organizações atuam, em universal, com base em critérios uma vez que o fomento à solução de problemas comunitários, à deliberação democrática e ao engajamento político; a procura pelo preenchimento de lacunas de informação em comunidades rurais ou de baixa renda; e a incorporação de medidas para garantia de isenção. Outrossim, adotam práticas consistentes de mídia participativa, por meio de mecanismos de escuta comunitária que podem incluir a realização de encontros abertos e a geração de conselhos consultivos.

Nina observa que existe também uma preocupação com as formas para medir o impacto, o que é um duelo: a maioria dos entrevistados manifestou insatisfação com os atuais métodos. “Apesar de estarem insatisfeitos, eles têm sistemas de mensuração. É uma particularidade dessas organizações nos Estados Unidos. Acho que a gente ainda vê muito pouco isso cá no Brasil. São poucas as organizações brasileiras que têm sistemas que permitam medir o resultado daquilo que estão fazendo.”

Segundo a pesquisadora, essa questão também está relacionada com o financiamento. Todas as organizações dos Estados Unidos com orçamentos que superam US$ 3 milhões anuais dispõem de um rastreador de impacto, o que sugere que essa seja uma demanda dos financiadores ou uma estratégia usada para atrair apoiadores e receptar mais recursos.

Lacunas

Durante o Festival 3i, também foram apresentados dados sobre a evolução das pesquisas sobre notícia no país. O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Notícia (Intercom), Juliano Domingues, apresentou um levantamento realizado com base no banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), instância atrelada ao Ministério da Ensino (MEC). De 1987 a 2022, foram concluídos 17.315 mestrados e 5.641 doutorados no país.

Rio de Janeiro (RJ) 15/06/2024 - Pesquisa sobre mídia cívica aponta ruptura com conceitos tradicionai na foto os pesquisadores, Juliano Domingues (d) e Carol Monteiro (e).
Foto: Festival 3i/Divulgação
Rio de Janeiro (RJ) 15/06/2024 - Pesquisa sobre mídia cívica aponta ruptura com conceitos tradicionai na foto os pesquisadores, Juliano Domingues (d) e Carol Monteiro (e).
Foto: Festival 3i/Divulgação

Pesquisadores Carol Monteiro e Juliano Domingues participam do Festival 3i, no Rio – Festival 3i/Divulgação

Segundo Domingues, os principais temas emergentes nas pesquisas em notícia envolvem os avanços das tecnologias digitais, a desinformação e as fake news, a notícia em saúde pública e a notícia inclusiva. Quando se trata de estudos específicos sobre jornalismo, ele menciona o jornalismo de dados, a sustentabilidade financeira, a moral e o engajamento público uma vez que assuntos que vêm registrando aumento de interesse.

Uma estudo das principais lacunas das pesquisas da superfície foi apresentada por Carol Monteiro, diretora da Escola de Notícia da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e presidente da Ajor, organização anfitriã do evento, “Embora haja estudos de casos isolados de veículos envolvendo sustentabilidade e modelos de negócios, faltam estudos mais abrangentes sobre os valores e as características da indústria do jornalismo do dedo”, avaliou.

Carol Monteiro também considera que faltam pesquisas envolvendo a segurança do dedo para jornalistas, diante do aumento de ataques cibernéticos e ameaças online. Ela vê ainda urgência de se explorar mais profundamente o impacto da lucidez sintético no jornalismo, muito uma vez que as questões de variação e as mudanças legais e normativas que afetam o jornalismo do dedo.

Fonte EBC

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