Pessoas Desconhecem Riscos Ao Escanear A íris, Alertam Especialistas

Pessoas desconhecem riscos ao escanear a íris, alertam especialistas

Brasil

É por uma portinha na região da Avenida Paulista que as pessoas vão chegando uma a uma, com celulares em mãos. Elas baixaram um aplicativo em vivenda, agendaram horário e estão esperando a vez de ter a íris escaneada em troca de criptomoedas. Na fileira, a maioria das pessoas não sabe expor para que serve isso. A maioria está ali por pretexto do verba.

Uma delas é o motoboy Bruno Barbosa Souza, 25 anos. “Foi um colega meu que indicou. Me disse que eles davam verba, em torno de R$ 400 para ler a retina do olho, alguma coisa assim. Não sei para o que eles estão fazendo isso”, disse.

Souza informou que o processo é simples. Basta entrar no aplicativo, colocar seus dados pessoais e fazer o agendamento. “Um colega me falou que paga em bitcoin, alguma coisa assim. Estou precisando do verba. Você faz hoje e o verba já está caindo amanhã. Ele recebeu em torno de R$ 450.”


São Paulo (SP), 17/01/2025 - A
São Paulo (SP), 17/01/2025 - A

O atendente Wallace Weslley foi escanear a íris motivado pelo verba. Foto: Paulo Pinto/Dependência Brasil

O atendente Wallace Weslley, 31 anos, também foi motivado pelo verba. Ele participou do processo há algumas semanas e hoje esteve no mesmo endereço na Rua Carlos Sampaio para levar a esposa. “Ela se cadastrou nesse negócio da World. Vi que, através da íris, eles conseguem se aprofundar em tudo, eles conseguem informações que a gente nem sabia que tinha. Eu já fiz também. Eu fiz faz uns 15 dias e recebi em torno de R$ 200. Em 24 horas, o verba fica disponível. Você coloca o olho em uma máquina e tira também uma selfie com o seu celular. Eles me falaram que estão fazendo isso para ter uma segurança referente aos nossos dados.”

“Eu vi uma reportagem falando que não é só isso, e que através da íris dos olhos eles podem estar coletando informações que ninguém mais tem, a não ser eles. Tenho receio disso, muito receio. Vi muita gente fazendo isso, mas dá um pouco de receio. Mas tá todo mundo apertado [de dinheiro]”, relatou.


São Paulo (SP), 17/01/2025 - A
São Paulo (SP), 17/01/2025 - A

A empresa World na rua Carlos Sampaio, 148, que escaneia a íris das pessoas para formar um “passaporte do dedo. Par JuremaPeres Panzetti e José Virgílio. Foto: Paulo Pinto/Dependência Brasil

O par Jurema Peres Panzetti, 72 anos, e José Virgílio, 73 anos, esteve neste endereço na região da Avenida Paulista na manhã de sexta-feira (17). “A gente viu o proclamação para coletar a íris. Eles pagam em torno de 45 worldcoins”, contaram. “E liberam 20 moedas (worldcoin) para resgatar em até 48 horas e o restante, parcelando durante um ano”, explicou o marido.

Segundo Jurema, antes do escaneamento da retina, um vídeo é apresentado às pessoas para explicar sobre a empresa. “Eles passaram um vídeo [antes do escaneamento] explicando o que é. Daí você faz a retrato da íris e ai eles passam um outro filme dizendo porquê você resgata [o dinheiro]. É tudo muito explicado”, falou Jurema. “Eles falam que, em princípio, é para você prometer que você é um ser humano. E dizem que os dados não ficam armazenados. Mal você tira a foto, ela é criptografada e os dados somem. Essa é a recíproca da boa-fé. Vocês têm que crer neles”, reforçou o marido.

A reportagem da Dependência Brasil conversou com muitas pessoas no sítio. A maioria delas contou que, se fosse de perdão, não estariam participando do projeto.

Uma delas contou que participou do projeto em dezembro e que, naquela oportunidade, não foi pretérito nenhum vídeo. Segundo ela, não houve qualquer explicação sobre o que era o projeto, nem mesmo pelo aplicativo. Ela fez pelo verba e só depois foi pesquisar sobre o que se tratava.

A íris

O sítio de verificação, na Rua Carlos Sampaio, é somente um entre os vários endereços espalhados pela capital paulista para o escaneamento da íris. Em alguns deles – disse uma pessoa que não quis se identificar – formam-se filas gigantescas em procura de pagamento.


São Paulo (SP), 17/01/2025 - A
São Paulo (SP), 17/01/2025 - A

O sítio de escneamento da íris fica na rua Carlos Sampaio. Foto: Paulo Pinto/Dependência Brasil

De negócio com Nathan Paschoalini, pesquisador da superfície de governança e regulação da Data Privacy Brasil, até o momento, mais de um milhão de pessoas já baixou o aplicativo e mais de 400 milénio pessoas no Brasil já fizeram o que se labareda de “verificação da humanidade”. Segundo ele, é uma forma de se provar que elas são reais e não robôs, já que a íris, assim porquê as impressões digitais, são únicas. Embora as íris tenham uma vantagem: ela chega a níveis maiores de precisão.

“A íris é dotada de uma propriedade muito específica, que é a unicidade. Ou seja, cada sujeito vai ter uma íris única, em que suas características são preservadas ao longo de toda a duração de sua vida, de forma sólido. A não ser que aconteça qualquer tipo de acidente, ela preserva todas as características ao longo da vida da pessoa. Por conta disso, a gente pode expor que ela tem um papel de identificador único e extremamente preciso”, explicou Paschoalini.

Tools for Humanity

Por trás do escaneamento da íris está a empresa de tecnologia Tools for Humanity, presente em 39 países, e que desenvolve o projeto World ID, um sistema que se vale dos padrões da íris para fabricar um código de validação, impossível de ser reproduzido por perceptibilidade sintético. A empresa é responsável pela fabricação de uma câmera avançada (Orb) que procura diferenciar humanos de robôs e inteligências artificiais.

Um dos fundadores é Sam Altman, CEO da OpenIA, empresa do ChatGPT. Por meio de nota, a rede World informou que “está criando as ferramentas que as pessoas precisam para se preparar para a era da IA (perceptibilidade sintético), ao mesmo tempo preservando a privacidade individual”.

“Dados biométricos porquê digitais dos dedos, formato da face, voz, íris dos olhos, são marcadores exclusivos que identificam uma pessoa. Diferentemente de uma senha que pode ser redefinida a qualquer tempo, as informações biométricas identificarão uma pessoa durante toda a sua vida. Por isso, a coleta, processamento e armazenamento desordenado e generalizado de dados biométricos preocupa tanto do ponto de vista da privacidade e até mesmo dos direitos humanos.”

Riscos


São Paulo (SP), 17/01/2025 - A
São Paulo (SP), 17/01/2025 - A

Rede World informa que “está criando as ferramentas que as pessoas precisam para se preparar para a era da IA (perceptibilidade sintético), ao mesmo tempo preservando a privacidade individual”. Foto: Paulo Pinto/Dependência Brasil

“Não sabemos ainda porquê essas informações serão utilizadas quando associadas em conjunto com algoritmos avançados, além da perceptibilidade sintético (IA), podendo ser oportunidade uma porta para abusos, crimes e irregularidades”, alerta Karen Borges, gerente Adjunta da Assessoria Jurídica do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br).

Posteriormente ter a imagem da sua íris coletada, a empresa paga tapume de 48 worldcoins [tokens de gestão da rede], uma espécie de criptomoeda da própria empresa, que pode ser convertida em criptomoedas ou em reais e depois sacada. Por se tratar de uma criptomoeda, o valor da worldcoin varia com frequência. Segundo o site Coinbase a moeda estava avaliada em R$ 13,22, às 18h do dia 16 de janeiro.

Tudo isso parece razoavelmente simples, mas especialistas alertam que o escaneamento de íris pode simbolizar riscos à segurança e à privacidade dos dados.

“Estamos falando de um oferecido biométrico único em termos de oferecido pessoal, é um oferecido que é capaz de te identificar e te autenticar desde o início da sua vida até o final dela. Portanto existe uma sensibilidade muito grande em ceder esse tipo de oferecido para uma iniciativa porquê essa. Não só porquê essa, mas porquê outras que possam surgir no mesmo formato da WorldID. Portanto, o que eu diria é o seguinte, as pessoas devem refletir sobre o tipo de oferecido que está sendo coletado e para o que estão consentindo no fornecimento desses dados”, avisou Paschoalini.

Pela Lei Universal de Proteção de Dados (LGPD), a íris é considerada um oferecido biométrico ou um oferecido pessoal sensível. E, por isso, para trabalhar com esses dados, é necessário consentimento, porquê a empresa tem feito por meio do aplicativo. No entanto, esclareceu Paschoalini, esse consentimento precisa ser qualificado.

“Estamos falando de consentimento qualificado, definido pela LGPD porquê uma sintoma livre, inequívoca e informada. O que tem um ponto de preocupação é o roupa de possuir ressarcimento financeira. Ainda que a empresa afirme que não é um pagamento pelo consentimento, o que temos visto é que existe uma associação imediata entre o recebimento dos valores financeiros e autorização para o escaneamento da íris. Ou seja, a sentimento que passa é a de que o sujeito não está indo lá coletar a sua íris pela finalidade de se autenticar online, mas sim interessado em receber aqueles valores prometidos e oferecidos. ERstamos falando de pessoas potencialmente mais pobres aderindo a essa prática.”

“Não há dúvidas de que a coleta de dados por verba é uma prática duvidosa, podendo ser caracterizada porquê exploração de populações vulneráveis. O verba acaba sendo um atrativo no primeiro momento, fazendo com as pessoas desconsiderem os riscos por trás da iniciativa, a exemplo do risco de vazamento de marcadores exclusivos de identificação. Por isso, é fundamental que as autoridades investiguem esse tipo de iniciativa, garantindo que o recta à privacidade e proteção aos dados dos titulares sejam respeitados”, ressaltou Karen Borges.

Escolha própria

Rodrigo Tozzi, gerente de operações no Brasil da Tools for Humanity, empresa colaboradora do protocolo World, nega que a empresa faça qualquer pagamento. “Os usuários que verificam sua humanidade podem escolher serem recompensados com unidades de um token, um ativo virtual, chamado Worldcoin. Fazendo uma confrontação, é porquê se fosse uma ação do protocolo, que pode ser vendida no mercado, porquê se vende uma ação em bolsa, e o valor obtido dependerá do valor do ativo no momento da venda. Atualmente, os usuários recebem 48 Worldcoins no totalidade. São 20 Worldcoins 48 horas posteriormente o momento do escaneamento, e as outras 28 divididas pelos próximos 12 meses posteriormente o escaneamento. Trata-se de um incentivo à adoção da prova de humanidade”, explicou.

Segurança e transparência dos dados

Outro risco que Paschoalini vê no procedimento que está sendo adotado pela empresa é de que ela não tem garantida a segurança e a anonimização dos dados. “E isso pode gerar riscos, porquê o de vazamento de dados. E aí, principalmente com dados pessoais sensíveis e biométricos porquê a íris, você pode escalar para situações de violações a direitos de não discriminação ou para a própria dificuldade ou impossibilidade de autenticar aquela pessoa verdadeiramente, considerando que foi rompida a relação de crédito que existia no processo de tratamento de dados”, disse Paschoalini.

A gerente do NIC.br alerta também sobre a questão da transparência no processo de coleta e no processamento e armazenamento dos dados. “Um dos princípios da LGPD é a transparência. Por isso, é fundamental que essas pessoas tenham conhecimento sobre o tratamento de seus dados pessoais, identifiquem uma finalidade clara ao procedimento que estão se submetendo, leiam atentamente o termo de consentimento que estão assinando e avaliem a real urgência da coleta de seus dados biométricos para a finalidade indicada”, disse.

Por meio de nota, a Instauração World Foundation disse que “não é incomum que ideias inovadoras e novas tecnologias levantem questões”.

“A Instauração World Foundation acredita que é importante que os reguladores busquem informações ou esclarecimentos sobre suas preocupações. A Instauração World está em totalidade conformidade com todas as leis e regulamentos aplicáveis que regem o processamento de dados pessoais nos mercados onde a World opera. Isso inclui, mas não se limita à Lei de Proteção de Dados Pessoais do Brasil ou LGPD (13.709/2018). Por meio do uso de tecnologia de ponta, a World define os mais altos padrões de privacidade e segurança e incorpora recursos avançados de preservação da privacidade”, informou.

Empresa

À Dependência Brasil, Rodrigo Tozzi, gerente de operações no Brasil da Tools for Humanity, empresa colaboradora do protocolo World, explicou que a World “é um protocolo desimpedido e descentralizado que tem porquê objetivo ajudar as pessoas a diferenciar interações humanas reais daquelas impulsionadas por perceptibilidade sintético (IA), além de aumentar o aproximação à economia do dedo global e proteger a crédito e a privacidade online”.

Segundo Tozzi, com os desafios propostos pela perceptibilidade sintético tais porquê as deepfakes, as fraudes de identidade e a desinformação, “uma prova de humanidade se impõe porquê quesito para que humanos e IA coexistam de forma segura e produtiva no envolvente do dedo”.

Tozzi informou que a empresa está faz com o escaneamento de íris é uma verificação de humanidade e que a empresa preza pela anonimização dos dados.

Seres humanos únicos

“Para verificar sua humanidade, os interessados maiores de 18 anos devem minguar o World App e agendar um horário em um dos locais de verificação espalhados por São Paulo. Lá, um dispositivo de última geração chamado Orb, que se assemelha a uma câmera fotográfica de subida solução, conquista uma imagem do olho e do rosto, que é imediatamente convertida por algoritmos em uma representação numérica chamada de código de íris. A íris é a maneira mais segura e confiável de verificar que as pessoas são seres humanos únicos sem solicitar dados pessoais identificáveis porquê nome, idade, endereço ou documento. As imagens originais da íris são portanto criptografadas de ponta-a-ponta, enviadas para o telefone da pessoa e prontamente deletadas da Orb”, disse.

Em entrevista à Dependência Brasil, ele explicou que os códigos de íris são fracionados por meio de criptografia avançada e portanto armazenados em “nós computacionais operados por universidades e terceiros confiáveis, porquê as Universidades de Berkeley, nos Estados Unidos, e Friedrich Alexander Erlangen-Nürnberg, na Alemanha. Os fragmentos criptografados não revelam zero sobre o sujeito nem podem ser efetivamente vinculados de volta a ele. A World assegura a efetiva anonimização dos dados”, disse.

Para ele, as preocupações dos especialistas se deve principalmente “à falta de informações confiáveis a reverência do projeto e de suas premissas”.

“A World não coloca em risco a privacidade das pessoas, muito pelo contrário, é uma rede projetada para proteger a privacidade, permitindo uma prova de humanidade privada e anônima, sem a urgência de saber informações pessoais, porquê nome, documento, telefone ou e-mail. A World não armazena dados pessoais dos usuários. O protocolo sequer solicita dados pessoais. A única informação exigida dos usuários é uma comprovação de que são maiores de idade, via apresentação de documento pessoal nos locais de verificação”, disse o gerente de operações no Brasil.

Fiscalização

Preocupada com os possíveis riscos, a Poder Pátrio de Proteção de Dados (ANPD), vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública instaurou um processo de fiscalização para “investigar o tratamento de dados biométricos de usuários no contexto do projeto World ID”.

Para essa fiscalização, a ANPD pediu que a Tools for Humanity preste esclarecimentos sobre alguns pontos porquê o contexto em que ocorrem estas atividades e a transparência no tratamento dos dados pessoais dessas pessoas que têm sua íris escaneada.

Em nota publicada na última quinta-feira, o órgão informou que a Tools for Humanity encaminhou os documentos e as informações requeridas. “Atualmente, o processo encontra-se em tempo de estudo da documentação apresentada e o seu curso pode ser escoltado por qualquer interessado, por meio do módulo de pesquisa pública da ANPD, localizado no 

“Os dados pessoais biométricos, tais porquê a palma da mão, as digitais dos dedos, a retina ou a íris dos olhos, o formato da face, a voz e a maneira de marchar constituem dados pessoais sensíveis. Em razão dos riscos mais elevados que o tratamento desse tipo de oferecido pessoal pode oferecer, o legislador conferiu a eles regime de proteção mais rigoroso, limitando as hipóteses legais que autorizam o seu tratamento”, informou a ANPD.

Fonte EBC

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