A Petrobras formalizou junto ao Recomendação Administrativo de Resguardo Econômica (Cade) uma proposta para manter o controle de cinco refinarias. Se aprovada, deverá ser assinado um aditivo revendo congraçamento firmado em 2019 que estabelecia o compromisso e as regras para a venda desses ativos. Um parecer favorável já foi emitido pela Superintendência-Universal do Cade.
A venda de refinarias foi um dos pilares da política de desinvestimento adotada pela Petrobras durante o governo Jair Bolsonaro. Na era, também foram negociadas subsidiárias porquê a TAG, a BR Distribuidora e a Gaspetro, além de diversos campos de petróleo.
O processo de negociação dos ativos do parque de refino chamou atenção do Cade, autonomia federalista vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública que atua na prevenção e na repressão de infrações contra a ordem econômica e a livre concorrência. Um questionário chegou a ser ingénuo, e a Petrobras concordou em assinar um termo de compromisso de cessão (TCC), que fixou medidas para incentivar a ingresso de novos agentes econômicos no mercado e fomentar a competitividade.
Dessa forma, além de estabelecer um cronograma e uma série de premissas, o congraçamento previu que um mesmo grupo econômico não poderia comprar ativos considerados potencialmente concorrentes. Na prática, a Refinaria Landulpho Alves (RLAM) e Refinaria Abreu e Lima (RNEST) não poderiam ter o mesmo comprador. Isso também deveria valer para a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar) e a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap) e também para a Refinaria Gabriel Passos (Regap) e a Refinaria Landulpho Alves (RLAM).
A Petrobras chegou a concluir as alienações da RLAM, da Reman e da Unidade de Industrialização de Xisto (SIX). De outro lado, não foram finalizadas as negociações da RNEST, da Repar, da Regap, da Refap e da Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor). Se o aditivo proposto pela Petrobras for reconhecido, o compromisso para venda desses cinco ativos deixará de subsistir.
O libido de renegociar os termos pactuados com o Cade já havia sido anunciado em novembro do ano pretérito. A proposta do aditivo foi apresentada na última sexta-feira (17) e anunciada nesta segunda-feira (20) por meio de um enviado ao mercado.
Na fundamentação do aditivo, a Petrobras sustentou que os cronogramas foram impactados pela pandemia de covid-19 e também que houve inferior interesse. Aponta ainda que houve dificuldades para encontrar potenciais compradores que atendessem aos critérios estabelecidos no TCC. Por término, a estatal acrescenta que chegaram propostas com valores que não atenderam aos patamares mínimos da avaliação econômico-financeira realizada internamente.
De congraçamento com a Petrobras, não há indícios de que as alienações resultaram em ganhos competitivos, pois não houve redução de preços praticados ao consumidor final pelas refinarias vendidas. Aliás, a estatal sustentou que essas negociações afetam a realização da política energética vernáculo e são um travanca aos projetos do país para a transição energética. O documento cita os aportes previstos para readequar o parque de refino às demandas de produção de biocombustíveis, intensificadas pelo Novo Programa de Aceleração do Incremento (Novo PAC).
Para estimular a competitividade, a Petrobras de dispõe a assumir dois compromissos nos aditivos propostos. O primeiro envolve a divulgação de diretrizes comerciais para entregas de petróleo por via marítima não discriminatórias e em observância ao recta concorrencial. O segundo se relaciona com a oferta de contratos frame, por meio dos quais qualquer refinaria independente poderia narrar com uma dinâmica negocial diferenciada.
Gás Proveniente
No enviado ao mercado, a Petrobras menciona ainda a apresentação de uma outra proposta ao Cade que visa à manutenção do seu controle social de 51% da subsidiária Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil S.A. (TBG). Também em 2019, a estatal havia assinado um outro TCC se comprometendo a vender ativos ligado ao mercado de gás proveniente. Foram negociadas, por exemplo, suas participações na TAG e na Gaspetro.
No entanto, segundo a Petrobras, houve exclusivamente uma oferta vinculante para a compra da TBG, apresentada pela EIG Global Energy, que não evoluiu para um congraçamento devido aos valores envolvidos. Segundo a estatal, não houve nenhuma proposta que se adequasse ao patamar mínimo da avaliação do ativo.
No documento em que pede a revisão do TCC, a Petrobras alega que seu novo planejamento estratégico leva em conta um aumento da participação do gás proveniente na matriz energética do país, porquê uma manancial de vontade mais limpa e menos poluente que os demais combustíveis fósseis. Dessa forma, a TBG é considerada importante para a descarbonização de suas operações. Aliás, a estatal aponta que a subsidiária lhe rende dividendos de forma consistente e robusta, com baixíssima alavancagem financeira e inferior risco associado. A Petrobras afirma ainda que a TBG possui independência e negocia de forma transparente e isonômica com diversos carregadores independentes.
De congraçamento com o enviado ao mercado, os dois aditivos permitirão readequar as obrigações originais fixadas pelos TCCs, considerando a novidade verdade do mercado e do envolvente regulatório. “As propostas apresentadas pela Petrobras são fruto de largo debate técnico entre as áreas técnicas da Petrobras e do Cade e estão alinhadas às melhores práticas antitruste”, registra o texto. Os novos aditivos ainda deverão ser analisados e aprovados pelo Recomendação de Governo da Petrobras e pelo Tribunal do Cade.