Ao g1, a adestradora In-Coelum Perdigão revelou os bastidores da escolha e do treinamento do Jack Russell. ‘Quando eu entrei no set, falei: ‘Esse filme vai parar no Oscar’, conta. Família Paiva e Pimpão em ‘Ainda Estou Cá’
Reprodução/Instagram
Família Paiva e Pimpão em ‘Ainda Estou Cá’
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Depois de Messi, de “Anatomia de uma queda”, o Oscar tem um novo cachorrinho indicado. O pequeno Pimpão é uma secção importante de “Ainda Estou Cá”, ilustrando a rotina calorosa da família Paiva, a passagem do tempo e a cumplicidade entre Marcelo (Guilherme Silveira) e seu pai, Rubens (Selton Mello).
Mas em um filme tão muito zelo, nem a escalação e a preparação do ator cínico seriam tarefa simples. Ao g1, In-Coelum Perdigão, adestradora e técnico bicho que trabalhou em “Ainda Estou Cá”, contou porquê foi a escolha do tradutor – e os bastidores da “atuação”, digna de Oscar, de Pimpão.
Nasce Pimpão
Pimpão é uma adesão ficcional à história da família Paiva: na verdade, Marcelo não teve um cachorrinho na puerícia. Segundo o jornalista, um gato sempre aparecia no escritório de Rubens, mas parou de surgir por lá depois que o engenheiro foi levado pelo tropa, em 1971.
Mas não é difícil imaginar porque, em um filme sobre uma família amorosa, Pimpão tenha sido disposto na história. O pequeno vira-lata ajuda a mostrar o lado carinhoso e humano de Rubens, que deixa o pequeno Marcelo adotar o pet. O personagem também é catalisador para uma das cenas – se não a única – em que Eunice Paiva (Fernanda Torres) reage mais agressivamente, se permitindo levantar a voz.
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Por isso, era importante encontrar o tradutor à fundura do papel. Procurada por Walter Salles para essa missão, In-Coelum optou por não usar um vira-lata.
“Quando é um vira-lata, eu não consigo um dublê, porque cada um é de um jeito”, explica a adestradora, lembrando que até um ator pet precisa de dublês para “não exauri-lo”. O jeito, portanto, era procurar uma raça que parecesse persuasivo porquê o cachorro encontrado na praia.
Inicialmente, ela pensou em um podengo português pequeno para interpretar o Pimpão. A escolha agradou Walter Salles. Mas segundo In-Coelum, “de surpresa”, ela chegou com um cachorro Jack Russell – e o diretor imediatamente se apaixonou pela raça.
Podengo português (esquerda) e Jack Russell (direita) foram cogitados para Pimpão
Ror pessoal/In-Coelum Perdigão
In-Coelum explica que o Jack Russell acabou sendo uma escolha perfeita, inclusive porque parece um vira-lata quando não faz o “trimming”, isto é, quando não está tosado. O fofo Jack Russell é o mesmo tipo de cachorro que estrelou “O Artista”, filme vencedor do Oscar de 2012.
“É uma raça muito inteligente. Aprende rápido, reage rápido aos processos da técnica de comportamento bicho”, conta. O escolhido foi Ozzi, um Jack Russell, com seus dublês-pets.
Preparação
Segundo a adestradora, ela trabalha com o processo de educar com “naturalidade”, fundamentado em brinquedos, petiscos, e afeto – o último sendo o mais importante. Assim, o amestração não é voltado para treinar o cachorro a atuar, mas para prometer que ele esteja confortável na hora, para realizar naturalmente o que for pedido.
Por isso, era necessário que o Pimpão parecesse à vontade com a presença das câmeras e todo o sumptuosidade de um set. As cenas também envolveram muitos ensaios. Mas segundo In-Coelum, a atuação do Pimpão foi estelar.
Outrossim, para preparar o cachorro para as cenas em que ele aparecia “sujo”, com face de cachorro de rua, ele foi “maquiado” com areia da praia e rímel antialérgico, não-tóxico.
Pimpão e Guilherme Silveira no set de ‘Ainda Estou Cá’
Ror pessoal/In-Coelum Perdigão
Encontro com elenco
Uma das cenas mais especiais de Pimpão é com Rubens Paiva (Selton Mello). Esse é um momento que ajuda o público a gerar uma conexão com o pai de família, e entender a personalidade carinhosa e bem-humorada do engenheiro.
Por isso, antes das gravações, In-Coelum insistiu que Selton Mello passeasse com o cachorro para gerar intimidade. “Ele disse: ‘Não precisa, eu adoro cachorros’. Mas eu insisti, e fomos dar uma volta. Esse contato anterior fez toda a diferença”.
Esse zelo para ambientar os pets e os atores em cena é secção importante do trabalho. E deu manifesto. A cena com Selton é um resultado disso, e foi elogiada até por Sean Penn, ressalta a adestradora.
Pimpão no set de ‘Ainda Estou Cá’
Ror pessoal/In Coelum Perdigão
Quem também se deu muito com o cachorro foi Guilherme Silveira, que interpreta Marcelo Paiva mais novo no filme. In-Coelum diz que, por zelo com o papel ou unicamente carinho pelo cachorrinho, Guilherme acabou criando uma ótima relação com Pimpão. “Ele foi o meu melhor assistente”, brinca.
Em todo o relato, In-Coelum ressalta que houve uma preocupação contínua de Walter Salles para manter a naturalidade do filme. Isso incluiu a gravação de cenas na ordem cronológica (ou seja, na ordem em que aparecem no filme).
Logo, ao invés de usar pets de diferentes tamanhos para simbolizar o tempo, “Ainda Estou Cá” usa o mesmo Pimpão filhote e maiorzinho, que segue com a família em seguida o desaparecimento de Rubens. E permitiu que, ao longo das gravações, o pet estivesse à vontade com a família porquê um cachorro que se sente em vivenda.
“Algumas cenas acabaram saindo muito rapidamente. A cena que ele tá deitado na leito com a família e fecha o olho quando a câmera chegou, por exemplo, foi de primeira”, revela In-Coelum, com orgulho.
Filme ‘peculiar’
In-Coelum Perdigão tem vasta experiência na dimensão e trabalha com animais desde 1988. Ela foi a responsável pela lisura da “TV Colosso”, que envolveu dezenas de cachorros. Hoje, ela prefere os sets de filmes, onde a rotina de trabalho tem mais tempo para desenvolvimento dos atores – pets e humanos.
Apesar de toda a experiência, ela se lembra de “Ainda Estou Cá” porquê um tanto peculiar desde o início. “Quando eu entrei no set, falei: ‘Esse filme vai parar no Oscar’”.
Porquê um dos principais fatores, ela ressalta o zelo de Walter Salles em toda a gravação. O diretor se preocupava com os detalhes e prestava atenção até nas cenas com o cachorro. “Vários dias, depois da gravação, ele me mandava mensagem: ‘In-Coelum, ficou lindo. Foi genial!’”
Não é só Pimpão
Cachorros ‘premiados’
Reprodução
Além de Messi e Pimpão, vários cachorros já chamaram a atenção da sátira cinematográfica. Hoje, no Festival de Cannes, há uma premiação exclusiva para os atores caninos, chamada Palm Dog.
Um dos pets mais lembrados é Uggie, cachorrinho de “O Artista” (2012) que roubou a cena. O pequeno Jack Russell chegou a subir ao palco com os produtores do filme para receber o Orbe de Ouro, e tem suas patas marcadas na Lajedo da Glória. E venceu o prêmio “Coleira de Ouro”, criado naquele ano pelo site Dog News Daily para cachorros dignos de Oscar.
Mas enquanto Uggie era o predilecto, quem ficou de fora foi Blackie, Doberman de “A Invenção de Hugo Cabret”. Martin Scorsese, diretor do filme, chegou a tutelar que Blackie deveria ser indicada. Ele brincou que Uggie levava a melhor pelo papel “adorável”, enquanto Blackie sofria “preconceito” por uma atuação “feroz” porquê cão de guarda.
Neste ano, Pimpão não concorreu a nenhum prêmio. O Palm Dog foi para Kodi, do filme gaulês “Le Procès du chien”.
Fonte G1
