Na véspera do Natal de 1905, na terreiro da Luz, nasceu um museu com uma proposta moderna à era: apostar na produção de arte brasileira. Era a Pinacoteca do Estado de São Paulo.
A teoria do espaço de arquitetura imponente, outrora ocupado pelo Liceu de Artes e Ofícios, era simples: dar visibilidade às produções artísticas brasileiras —inclusive, às menos requisitadas na era—, sem perder de vista o diálogo com o resto do mundo.
Naquele momento, o nacionalismo era embrionário no Brasil, que tinha vivido somente 16 anos antes a instauração da República.
O ror incipiente do museu mantinha somente 26 obras, sendo 20 transferidas do Museu Paulista da Universidade de São Paulo e outras seis adquiridas de artistas paulistas, porquê Almeida Júnior.
“Ela [Pinacoteca] sempre foi um museu de arte contemporânea, que acompanhou a produção do seu tempo”, afirma o diretor-geral Jochen Volz.
Em 2025, pode-se expressar que muita coisa mudou. Hoje, prestes a completar 120 anos de existência, a Pinacoteca é composta por três edifícios, que juntos somam mais de 22 milénio m², e por um ror formado por mais de 12 milénio peças.
A núcleo de valorizar a arte produzida em contextura vernáculo, por outro lado, permaneceu
intacta ao passar dos anos.
Esse compromisso contínuo se reflete, inclusive, na programação peculiar com 18 exposições que celebra o natalício do museu. Desde o dia 22 de março, quatro delas podem ser visitadas pelo público.
A primeira fica no octógono, situado no interno do prédio inicial do museu, a Pina Luz —projetado no final do século 19 pelo escritório do arquiteto Ramos de Azevedo e reformado no final da dezena de 1990 com projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
Ali, os visitantes se deparam com a instalação inédita “Daqui um Lugar”, da artista Mônica Ventura.
A obra é feita com materiais porquê solo de terreno, cabaças, fibras vegetais, cobre e um espelho d’chuva. Tais elementos, além de transportar o público para um lugar de conforto, buscam subverter a verticalidade, a circularidade e os tijolos aparentes que compõem a arquitetura do espaço.
A poucos passos dali, é verosímil visitar a exposição coletiva “Tecendo a Manhã: Experiência Noturna na Arte do Brasil”.
Ela é dividida em sete salas do primeiro caminhar. Cada sala forma um núcleo, que investiga a temática da noite a partir de diferentes perspectivas.
O surgimento da força elétrica na cidade e no campo, por exemplo, marca a primeira segmento da mostra. Ali, podem ser vistas mais de século obras, porquê “Obscura Luz” (1982), de Cildo Meireles.
Adiante, são apresentados ambientes de festas noturnas, de prostituição, assombrações e figuras clássicas da noite, porquê ladrões e lobisomens, e a alvorada.
Entre os destaques, estão peças de artistas porquê Lasar Segall, Di Cavalcanti e Oswaldo Goeldi, além da pintura “Lua (Políptico)” (1984), da japonesa Tomie Ohtake, que ocupa quase uma parede inteira da mostra.
Na sala de vídeo da mesma Pina, é exibido o filme documental “Estás Vendo Coisas (2016)”, dirigido por Bárbara Wagner e Benjamin de Burca.
O curta-metragem, exibido pela primeira vez na 32ª Bienal de São Paulo, investiga o cenário do gênero músico brega no Recife, por meio da trajetória de dois personagens principais: o cabeleireiro e MC Porck e a bombeira e cantora Dayana Paixão.
Saindo da Pina Luz, é verosímil caminhar poucos minutos por uma trilha que passa pelo restaurante Fitó Pina e o parque da Luz, onde estão esculturas porquê “Pietá” (1984), de Nair Kremer. Em alguns minutos, chega-se ao terceiro prédio do museu, inaugurado em 2023, a Pina Contemporânea.
Lá, está a galeria terreiro, cujas paredes e solo foram preenchidos por tons vibrantes de virente, rosa e vermelho e por obras de mulheres porquê Lygia Pape, Judith Lauand e Tomie Ohtake, para receber a primeira edição no Brasil da mostra “Ad Minoliti: Escola Feminista de Pintura”.
A proposta da artista argentina é transformar o espaço expositivo, que já foi uma sala de lição, em um lugar de tirocínio sobre teorias queer, ciências naturais, biopolítica e gênero, a partir de oficinas quinzenais gratuitas, que têm entre as convidadas a cantora Anelis Assumpção.
Os visitantes podem aproveitar as mesas e cadeiras, que remetem a um ateliê, para fazer trabalhos manuais, presenciar a vídeos e ler.
Em frente à sala, fica a Livraria de Artes Visuais, onde é verosímil realizar pesquisas e consultar gratuitamente uma coleção de livros, catálogos e dossiês.
Na segmento superior, um mezanino, das quais teto é feito de madeiras laminadas intercaladas que permitem a ingresso de luz, dá um charme peculiar ao recém-inaugurado Fitó Contemporânea.
A unidade traz uma culinária brasileira com pratos e drinques autorais que dão certa perenidade ao que se vê no museu.
Já para chegar à Pina Estação, basta caminhar até a estação Luz. Dali em diante, é verosímil acessar o Boulevard João Carlos Martins, seguindo as sinalizações da plataforma 1 da CPTM, em direção aos equipamentos culturais do Multíplice Julio Prestes.
A Pina Estação nasceu em 2004, no prédio do idoso Arrecadação Mediano da Estrada de Ferro Sorocabana, que serviu de sede para o Deops (Departamento de Ordem Política e Social). A estrutura também é ocupada pelo Memorial da Resistência.
O espaço exibe a primeira mostra da programação peculiar de natalício, intitulada “Marga Ledora: A Risca da Morada”, em cinco de abril. Até o dia seguinte, seis de abril, é verosímil interagir com a exposição “Renata Lucas: Domingo no Parque”, no quarto caminhar. A artista propõe uma conexão entre o lado extrínseco e interno do prédio da Pina Estação.
Entre as atrações da mostra, estão os painéis expositivos móveis. Ao serem manipuladas pelo público, essas “paredes” acionam discos embutidos no solo, que reproduzem trechos de “Domingo no Parque”, de Gilberto Gil.
No primeiro caminhar, a cafeteria Fitó Estação oferece sanduíches, bolos e cafés aos visitantes.
Nos três prédios da Pinacoteca são encontradas lojas que vendem canetas, blocos de nota, canecas com a logo do museu e livros das exposições.
O ingresso para visitas é único e pode ser retirado previamente em pinacoteca.org.br.
Pinacoteca
Instalação: 1905
Tamanho: 22 milénio m² (dimensão das três Pinas)
Onde consumir: Fitó Pina, Fitó Contemporânea e Fitó Estação
Porquê chegar: Estação Luz (metrô e CPTM)
Preço: R$ 30. Gratuito, às quintas depois das 18h (Pina Luz), sábados e no 2° domingo do mês
Pina Luz – pça. da Luz, 2, Bom Retiro, região médio
Pina Estação – lgo. General Osório, 66, Santa Efigênia, região médio
Pina Contemporânea – av. Tiradentes, 273, Luz, região médio. Qua. a seg., das 10h às 18h (ingresso até as 17h)