Plataforma lançada nesta semana pela Frente Parlamentar Mista de Promoção à Saúde Mental traz documentos inéditos que são natividade primária para o financiamento federalista de comunidades terapêuticas (CTs).
Com o objetivo de pesquisar e revistar as comunidades, a plataforma Relâmpago-X das Comunidades Terapêuticas: Plataforma de Pesquisa e Fiscalização das Entidades com Financiamento Público Federalista reúne 1.285 documentos públicos, com projetos terapêuticos e instrumentos de gestão, produzidos entre 2017 e 2023. A plataforma ficará disponível no site do grupo.
Segundo a profissional em saúde mental do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), Dayana Rosa, é a primeira vez que os documentos são reunidos, sistematizados e analisados, “possibilitando que pesquisadores, jornalistas e sociedade social em universal se atualizem sobre o tema”. O IEPS é a organização que faz a secretaria executiva da Frente Parlamentar.
A plataforma reúne documentos que vão de 2017 a 2023. “Portanto, o estudo é inédito, porque traz fontes primárias e tem o ineditismo da atualização de evidências científicas sobre as comunidades terapêuticas no período mencionado.” O IEPS funciona porquê secretaria executiva da frente parlamentar.
Comunidades terapêuticas
As comunidades terapêuticas são instituições de natureza privada, em grande segmento religiosas, que se estruturam porquê residências coletivas temporárias para recuperação de pessoas que fazem uso de álcool e drogas. Um requisito para que elas recebam financiamento do governo federalista é a elaboração de um projeto terapêutico.
O instrumento deve trazer um conjunto de propostas de condutas terapêuticas articuladas com o objetivo principal de aprofundar as possibilidades de mediação sobre os casos acolhidos. O financiamento de vagas em CTs é realizado com recursos públicos municipais, estaduais e federais.
De harmonia com o estudo efetuado pela Conectas Direitos Humanos e o Cebrap, entre 2017 e 2020, o investimento federalista nessas comunidades totalizou R$ 300 milhões. O montante sobe para R$ 560 milhões quando considerados os valores repassados por governos estaduais e prefeituras de capitais.
A plataforma informa que, aliás, as CTs passaram a receber isenção tributária a partir da Lei Complementar nº 187/2021, que regula a Certificação de Entidades Beneficentes de Assistência Social (Cebas) atuantes nas áreas da instrução, saúde e assistência social.
Fiscalização
Dayana Rosa informou que o manobra da fiscalização das CTs ainda está em debate no Legislativo. “Existem várias tentativas de regulamentação sobre esse ponto, mas isso vai variar a partir de conselhos municipais, estaduais e federalista. A Frente Parlamentar está também cumprindo uma ação de fiscalização que é responsabilidade do Poder Legislativo”. Existe uma preocupação grande no que se refere à fiscalização das CTs, porque muitas não são regulamentadas.
“Elas são entidades privadas. Portanto, se existe um financiamento público para entidades privadas, existe ainda mais premência de fiscalização desse tipo de instituição”. Dayana afirmou que, por esse motivo, a plataforma disponibiliza, além dos contratos, termos de fomento e de convênio, os projetos terapêuticos.
“Porque é nesses projetos terapêuticos que a instituição vai poder manifestar, de trajo, porquê se faz o tratamento de álcool e drogas para quem a procura”. Esta é também a primeira vez que os dados de projetos terapêuticos são disponibilizados.
“Aí conseguimos ver porquê cada comunidade terapia organiza seu corpo de profissionais e quais são as atividades que o interno vai fazer, porquê é o chegada, porquê é a saída. Essas informações são muito novas”.
Fiscalização sanitária
Os serviços de saúde e de interesse à saúde são fiscalizados pelas vigilâncias sanitárias locais, com base em normas sanitárias federais e locais sobre o tema. Assim, toda comunidade terapia deve ter alvará sanitário. A fiscalização sanitária avalia aspectos de infraestrutura, documentação, recursos humanos e processos de trabalho.
Em caso de irregularidades, diversas sanções podem ser aplicadas, dependendo da seriedade ou da reincidência da infração sanitária. As sanções variam desde uma aviso, multa, inquietação e inutilização de produtos, até a interdição do estabelecimento.
A Frente Parlamentar destaca, entretanto, que as CTs não integram o Sistema Único de Saúde (SUS) nem o Sistema Único de Assistência Social (SUAS), mas são equipamentos da rede suplementar de atenção, recuperação e reinserção social de dependentes de substâncias psicoativas. Essas entidades integram o Sistema Pátrio de Políticas Públicas sobre Drogas (SISNAD), por força do Decreto 9.761/2019 e da Lei nº 13.840/2019.
Desta forma, além da vigilância sanitária, outros órgãos ou entidades também podem fazer fiscalizações eventuais, motivadas por denúncias de situações que estejam dentro do contexto das competências de cada uma delas. Conselhos profissionais podem revistar questões ligadas ao manobra profissional e o Ministério Público do Trabalho pode realizar fiscalizações relativas a questões trabalhistas, por exemplo.
Para aprimorar os canais de fiscalização e denúncia, a frente parlamentar apresentou, em 2023, o Projeto de Lei nº. 6227, que altera a atual Lei de Drogas, para que o Disque Denúncia de Violação de Direitos Humanos (Disque 100) passe a receber notificações também relacionadas às CTs.
Pesquisa
Pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) revela que, em 2017, havia muro de 2 milénio comunidades terapêuticas operando em todo o Brasil, sendo a maioria da Região Sudeste (46%) e em zonas rurais (74,3%). As CTs foram introduzidas no país no final dos anos 1960, mas 79% delas foram fundadas entre 1996 e 2015. Ainda de harmonia com a sondagem do IPEA, muro de 82% das instituições pesquisadas declararam ter orientação religiosa.
Dessas, quase metade (47%) são evangélicas ou protestantes e 27% católicas. Mesmo as CTs sem orientação religiosa também declararam desenvolver trabalhos espirituais, o que representa 95% do totalidade delas, de harmonia com dados de 2017 e 2018. Já a plataforma da frente parlamentar abrange unicamente 603 CTs que recebem financiamento público.
Um fator complicador, segundo o Instituto de Estudos para Políticas de Saúde, é a existência de muitas instituições que se intitulam porquê CTs, mas que não são regulamentadas e, por isso, passam ao largo de qualquer possibilidade de identificação e fiscalização.
Plataforma colaborativa
Dayana Rosa afirmou que a plataforma é colaborativa e ocasião a pesquisadores que queiram compartilhar os seus trabalhos científicos. Isso é provável com o preenchimento de um formulário disponível no endereço da FPSM na internet.
“A pessoa disponibiliza com o intuito de a gente, mais uma vez, potencializar e fomentar a pesquisa no Brasil sobre esse tema de fiscalização que ainda é recente”, destacou Dayana Rosa.
As contribuições serão avaliadas pela secretaria-executiva da Frente Parlamentar e organizações do Recomendação Consultivo, segundo critérios científicos e metodológicos. Estando aptas, as contribuições serão incluídas no repositório de pesquisas. “A teoria é deixar a plataforma sempre ocasião a contribuições”, concluiu.