Popó Exalta Bia Ferreira E A Escola Baiana De Boxe

Popó exalta Bia Ferreira e a escola baiana de boxe – 29/07/2024 – Esporte

Esporte

Uma das favoritas da equipe brasileira à medalha de ouro em Paris, a boxeadora Bia Ferreira, que estreia nos Jogos às 15h30 (de Brasília) desta segunda (29), deu seus primeiros socos aos 4 anos, segundo o pai dela, o também pugilista Raimundo Ferreira, o Sergipe.

Desde bebê, ela acompanhava Sergipe à liceu Champion, no bairro de Cidade Novidade, periferia de Salvador, uma escola de campeões liderada pelo ex-lutador e treinador Luiz Dórea.

Quem viu a garotinha nos braços da pai e da mãe enquanto treinava foi um dos maiores ídolos brasileiros da história do esporte, Acelino Freitas, o Popó, tetracampeão mundial profissional e hoje um grande apreciador de Bia.

Na entrevista a seguir, ele elogia a agressividade da colega –a seu ver a principal qualidade de Bia– e também de Luiz Oliveira, o Bolinha, “que não gosta de recolher e que gosta de fustigar”.

Popó também discorre sobre a escola baiana de boxe, que deu ao país quatro campeões mundiais (ele, Bia, Valdemir Pereira, o Sertão, e Robson Conceição) e metade das oito medalhas olímpicas: dois ouros (Robson no Rio-16 e Hebert Conceição em Tóquio-21), uma prata (Bia em Tóquio-21) e um bronze (Adriana Araújo em Londres-12) e se queixa da falta de esteio ao esporte no estado, apesar de tantas conquistas.

Em Paris, os baianos também são majoritários na equipe brasileira. Cinco dos dez lutadores são do estado: além de Bia, Bárbara Santos, Tatiana Chagas, Keno Marley e Wanderley Pereira.

Um dos maiores vencedores do país na história do boxe, Popó –comentarista do Grupo Orbe durante Paris-2024– nunca disputou uma Olimpíada. No tempo dele, as entidades do esporte proibiam atletas profissionais de competir nos Jogos, um tanto que mudou a partir de 2016 –e pode permitir a Bia Ferreira o feito de reunir o título mundial com o ouro olímpico.

Você disse que considera Bia Ferreira o grande destaque do time brasílico. Poderia recontar uma vez que você a viu florescer e se desenvolver uma vez que boxeadora em Salvador? Porquê era tua relação com ela e com o pai dela?

Treinei muito com o pai dela, mas não era meu sparring [permanente]. A gente já fez alguns treinos, poucos. Apesar de sermos de uma categoria muito parecida, fiz poucos sparrings com ele. A Bia ia desde pequena para lá [a academia Champion], mas não treinava lá. Era muito pequena. Era de braço ainda, e mesmo pequena ia para a liceu com ele e com a esposa dele. Não acompanhei [diretamente] o desenvolvimento dela no boxe, porque quando ela começou a treinar eu já não treinava mais na mesma equipe que ela.

Mas acompanhei [à distância] o desenvolvimento dela no boxe. De várias vezes campeã brasileira, campeã permanente, quase dez anos na seleção brasileira. Fui comentarista da final [olímpica] dela [em Tóquio], da medalha, tudo. Ela é talentosa, talentosíssima, tanto no boxe namorado quanto no boxe profissional. É campeã mundial da Federação Internacional de Boxe, uma das quatro maiores entidades do boxe mundial. Já tem muitos torneios, experiência, e é muito agressiva. É o que eu mais palato dela, a agressividade.

Qual você acha que é a maior esperança de medalha do time brasílico?

A equipe do Brasil está muito poderoso, tanto no feminino quanto no masculino. No masculino, são todos bons, cada um com propriedade dissemelhante, com jogo dissemelhante do boxe. Eu senhoril o estilo de luta do Bolinha [Luiz Oliveira], que é o neto do Servílio [de Oliveira, bronze nos Jogos da Cidade do México-1968]. Que não gosta de recolher e que gosta de fustigar. Logo eu senhoril o estilo dele. Mas todos têm um talento dissemelhante, o Keno [Marley], o Abner [Teixeira]… É uma galera boa que vai fazer a diferença.

Você tem países muito fortes, tem Cuba, que sempre foi o top. Uzbequistão, Cazaquistão, países que são brabíssimos no boxe, que dão muito trabalho ao Brasil. A chave está duríssima. Tem que tombar pra dentro. Treinar, ser inteligente e saber fazer a luta deles.

Metade das medalhas olímpicas conquistadas pelo Brasil no boxe vieram de boxeadores soteropolitanos uma vez que você. Qual o sigilo da escola baiana de boxe?

O nosso sigilo é o incentivo [entre nós]. Você tem quatro campeões mundiais: eu, o Sertão, a Bia, o Robson Conceição. Quatro medalhistas, dois de ouro [Robson Conceição e Hebert Conceição], uma de prata [Bia] e uma de bronze [Adriana Araújo]. E a galera querendo se superar, a galera querendo mudar de vida. Veem a galera do boxe mudando de vida, com morada própria, trocando seu coche, se vestindo muito, comendo muito. A galera quer isso, quer referência. E tendo essa referência no seu estado, isso é mudança de vida, isso é superação. Isso é falar: ele pode, eu posso também, essa galera está no caminho claro.

Será que tem também um tanto cultural, da tradição de uma dança ou luta, uma vez que a capoeira?

Não, até porque o boxe não tem zero a ver com dança. Boxe é movimento, é uma vez que se estivesse pulando corda, é uma vez que se estivesse correndo. É movimento de pular corda, não tem zero a ver com sarau. Na verdade, o pessoal que pegou a ginga de boxe, levou para sarau, tipo Carnaval. Acho que é cultura mesmo, de esporte. Em Cuba mesmo, o boxe é um dos esportes mais populares. Tem outros países fortes também, os Estados Unidos. Mas o Brasil mesmo é o futebol. E o boxe é o que dá mais título à Bahia, que dá mais resultado à Bahia, é o esporte menos valorizado na Bahia. O esporte menos valorizado na Bahia é o boxe. Para você ter teoria, o esporte menos valorizado é o que dá mais resultado à Bahia.

Menos valorizado em que sentido? Você fala de falta de esteio governamental, de patrocínios privados?

Também. Só para você ter teoria, tem um núcleo olímpico lá [em Salvador], tem o nome de um rostro que foi ex-lutador de telecatch. É um núcleo de lutas. Poderiam ter disposto o nome até de uma pessoa que mora lá perto, nascido e criado na Cidade Baixa, Reginaldo Holyfield. Poderia homenagear esse rostro, poderia botar Popó, Sertão, Bia, Robson, tudo. Botaram Waldemar Santana [um dos pioneiros do universo das lutas no país].

Folha

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