Festivais uma vez que Lolla, The Town e Rock in Rio têm histórico de lamaçal; entenda o que está por trás disso. Vasa invade o Lollapalooza 2025 depois chuva
Luiz Gabriel Franco/g1
Entra edição, sai edição, e o Lollapalooza Brasil continua tendo perrengues com limo. Já virou quase uma tradição do evento, que não à toa foi popularmente chamado de “Lamapalooza”. Mas o problema está longe de ser uma exclusividade do Lolla. Festivais uma vez que The Town e Rock in Rio também têm histórico de lamaçal.
Mas será provável driblar a limo em um festival? Existem maneiras de impedi-la ou evitá-la? O que os organizadores desse tipo de evento podem fazer? Uma vez que o público age diante da limo?
A seguir, o g1 responde a essas e outras perguntas.
O sítio faz diferença
Muito mais do que um amontoado de pistas para carros e motocicletas, o Autódromo de Interlagos se tornou o point dos festivais de música que rolaram em São Paulo. Só lá acontecem Lollapalooza, Primavera Sound e The Town. Dez anos detrás, no entanto, o espaço estava muito longe de ser o lar queridinho dos festivais.
Por exemplo, o Lolla chegou ao Brasil em 2012 e suas duas primeiras edições rolaram no Jockey Club, envolvente associado a eventos de hipismo. Nos dois anos, o festival foi tomado por muita limo. Muita mesmo.
Para se ter uma teoria do lamaçal que costuma sobrevir no Jockey: Em 2015, o megafestival Brahma Valley também aconteceu ali, e segmento do público ficou chafurdada de limo até pelo menos o meio da canela.
Todos esses episódios — somados a outros problemas — levaram ao termo da realização de festivais de música no Jockey. E sim, a limo continuou no Autódromo, mas de uma forma muito menos intensa.
Isso porque a escolha do sítio interfere diretamente na questão. A geomorfologia muda de lugar para lugar e, com isso, a limo também fica dissemelhante. Outro ponto importante é o tipo de modificação do solo da região, que impacta na terreno molhada.
Vasa invade o Lollapalooza 2025 depois chuva
Luiz Gabriel Franco/g1
Driblando a limo
Onde há terreno, haverá limo. E no caso de festivais de música, a maioria acontece em locais com gramado.
Será provável, logo, driblar lamaçais em ambientes uma vez que Autódromo de Interlagos, Parque Ibirapuera, Jockey Club e Parque Olímpico (RJ)?
Para sofrear a limo em festivais, é geral o uso de materiais uma vez que brita, placas e tapume. Há também projetos de engenharia específicos para cada espaço, planejados para evitar esse e outros problemas.
Em caso de festivais que duram dias, também é provável diminuir a limo de uma data para a outra a partir de processos uma vez que a remoção dos pontos de maior inundação, inclusão de porções de barro sedento e drenagem de chuva paragem.
Impossibilitar o surgimento da limo em si, no entanto, é uma tarefa muito mais complexa. A estrear, pelo trajo que o deslocamento do público entre os palcos afeta o solo em questão que, molhado, se torna naturalmente mais prosélito ao deslizamento.
Vasa invade o Lollapalooza 2025 depois chuva
Luiz Gabriel Franco/g1
O clima
Outro fator importante nessa discussão é o clima. Para evitar limo, o ideal seria realizar festivais em épocas com menor chance de chuva na região do evento.
Mesmo assim, não dá fincar que a chuva está fora de cogitação. Que dirá, logo, em um mundo cada vez mais impactado pelos avanços das mudanças climáticas, que causam tempestades fora de idade, por exemplo.
A limo é pop
Apesar da engano que culpa em boa segmento do público, a limo não é exatamente uma vilã dos festivais. Na verdade, existe até um glamour por trás dos sapatos encardidos dos fãs.
Em 2015, a loja solene do Rock in Rio pôs à venda um souvenir com porções de limo da primeira edição do festival, ocorrida em 1985. Cada potinho lamacento custava R$ 185.
Considerada um item de colecionador, a limo do souvenir foi retirada da obra da Vila dos Atletas dos Jogos Olímpicos de 2016, no terreno que abrigou a primeira cidade do Rock. Lá foram encontrados pedaços de tênis, pulseiras e roupas da idade do primeiro Rock in Rio.
Megatênis sujo de limo lembra Rock in Rio de 1985
Reprodução/TV Orbe
Em 2022, o festival carioca também colocou um enorme tênis sujo de limo no caminho entre os palcos. O point virou cenário de muitas selfies.
Em qualquer peça de roupa ou inferior, a mancha de limo pressupõe que seu possessor foi até um lugar com gramado. Dá uma teoria de “rolê vivido”. E na era das redes sociais, isso vira posts — ou mais especificamente um símbolo de rolezeiro.
Antes mesmo das chegadas das redes, porém, a limo já tinha seu clarão. Festival de música mais emblemático da história, o Woodstock (1969) teve vários de seus frequentadores “nadando” na terreno molhada.
Pensada ou não, a pândega se encaixava em certa medida com os valores pregados pelo Woodstock, que celebrava a contracultura. Se jogar na limo não deixa de ser um tanto que debocha das normas sociais de comportamento.
Sapato de limo
Quem deseja se livrar da sujeira lamacenta deve limpar a peça quanto antes. É o que recomenda o diretor-executivo de uma marca de calçados, Eduardo Abichequer.
“A limo e sujeiras secas podem ser mais difíceis de remover depois. Levar um tecido úmido para limpar as áreas mais críticas durante o festival pode ser útil.”
Para isso, basta seguir essas instruções:
Usar escova de dentes velha com chuva morna e sabão neutro;
Utilizar bicarbonato de sódio para remover manchas e odores;
Usar com moderação produtos químicos, uma vez que detergentes neutros ou aqueles específicos para tênis;
Fazer um teste com o resultado em uma superfície discreta do calçado antes de aplicá-lo por completo;
Evitar chuva sanitária, porque pode danificar o material do tênis, descorar a cor ou até comprometer a duração;
Para tênis brancos, a opção mais segura é usar detergente neutro, bicarbonato de sódio ou vinagre diluído em chuva.
Fonte G1
