Por Que Twisters E Hollywood Não Enfrentam Crise Do Clima?

Por que Twisters e Hollywood não enfrentam crise do clima? – 29/07/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Tempestades, enchentes e deslizamentos vêm aumentando em níveis alarmantes, afirma um personagem de “Twisters”, um filme em que a região medial do estado americano de Oklahoma é destruída por um tornado a cada dois dias. “Respeite a mãe natureza”, diz outro mais para o término do longa.

Sintomas e profilaxia estão no roteiro, mas a doença que move a trama nunca é mencionada. Apesar de “Twisters” tomar, claramente, do cenário catastrófico que se desenha sobre o planeta conforme a crise do clima se agrava, ela parece não viver na ficção dirigida por Lee Isaac Chung.

“Eu queria prometer que o filme não estivesse pregando uma mensagem, porque eu certamente não acho que esse é o papel do cinema”, disse o diretor, criado no Tornado Alley, uma vez que é chamado o galeria geográfico frequentemente devastado pelo fenômeno, à CNN americana, depois críticas por não reconhecer a existência da crise do clima no roteiro.

Para Chico Guariba, fundador da Mostra Ecofalante de Cinema, dedicada a filmes socioambientais e que exibe a programação de sua 13ª edição entre esta quinta-feira (1º) e 14 de agosto, o momento atual de crise nas bilheterias e subida do streaming vem refreando os grandes estúdios de entrarem em temas considerados delicados ou polarizantes.

Basta olhar para Oklahoma, onde “Twisters” é ambientado, para entender melhor o libido de Chung e dos estúdios Warner Bros. e Universal, que bancaram o filme juntos, por isenção.

Desde 1964, o estado americano não vota nos democratas na corrida presidencial. Donald Trump, que tenta a reeleição pelo Partido Republicano em novembro, chamou o aquecimento global de “boato” em diversas ocasiões, visão semeada entre sua grande tamanho eleitoral.

E apesar de pesquisa do Datafolha ter mostrado, no início do mês, que 97% dos brasileiros percebem as mudanças climáticas no dia a dia, nos Estados Unidos, o levantamento mais próximo daquele feito pelo instituto brasílico, do Pew Research Center, indica que somente 54% dos americanos veem o aquecimento global uma vez que uma prenúncio –número que caiu entre 2020 e 2023.

“Hollywood não está necessariamente interessada em fazer esse tipo de filme. Ela teria que mourejar com temas delicados, uma vez que numa espécie de política pública. É difícil pensar numa empresa privada, uma vez que um estúdio, investindo nesse ponto”, diz Guariba. “Eles preferem fazer dramas pessoais do que promover um movimento, porque isso não gera moeda.”

“Twisters” superou as projeções da indústria e arrecadou, até agora, US$ 221 milhões nas bilheterias mundiais, muro de R$ 1,2 bilhão. E apesar de ser um filme sobre o aumento da quantidade e da força de tornados nos Estados Unidos, não espere vê-lo passar no Teste da Veras Climática.

Recém-divulgado pela empresa de pujança renovável Good Energy e pelo laboratório de estudos climáticos da Universidade Colby, no estado americano do Maine, o teste analisou quantos dos 250 longas mais populares lançados entre 2013 e 2022 reconheciam a existência das mudanças climáticas e em quais deles qualquer personagem estava consciente delas. Unicamente 24 passaram.

Diante do resultado, a revista especializada Hollywood Reporter decidiu afunilar o estudo, buscando nas 20 maiores bilheterias americanas entre 2018 e 2020 quais produções preencheriam os dois requisitos. Unicamente “Aquaman”, “Jurassic World: Domínio”, “Venom” e “Velozes e Furiosos: Hobbs & Shawn” o fizeram.

Curiosamente, o estudo também mostrou que os filmes que reconhecem a existência da crise do clima tiveram um desempenho 8% maior nas bilheterias. A porcentagem chegou a 10% no caso daqueles em que um personagem verbaliza o ponto.

“Blockbusters uma vez que ‘Mad Max’, ‘Avatar’ e ‘Duna’ tocam em temas climáticos, mas ainda há uma relutância em enfrentar o ponto de forma direta”, dizem J. English Cook e Alec Turnbull, fundadores do Festival de Filmes Climáticos, que em parceria com o braço americano do jornal The Guardian terá sua primeira edição em setembro.

“Há uma sentimento equivocada de que o público não tem interesse por histórias desafiadoras e que, portanto, falar da crise do clima pode ser um tédio. Mas não podemos tombar na embuste de que o tema é monótono, sempre sombrio e triste. Há histórias atraentes para contarmos a partir dele”, afirmam, reforçando, no entanto, que a anfibologia e imaterialidade da crise pode tornar o ponto pouco prático numa tela de cinema.

Porquê a dupla lembra, Hollywood até vem escondendo mensagens ecologistas em seus filmes mais comerciais, mas de forma sutil, por vezes lúdica. É o caso de “Moana”, em que a mãe natureza ganha corpo, ou da franquia bilionária “Avatar”, movida pelo libido do varão de destruir todo um ecossistema para reunir riqueza.

Olhar para o espaço uma vez que escolha para uma Terreno já desgastada também é a núcleo de “Interestelar”, “Elysium” e “Wall-E”.

Cada país também parece perceber o problema da sua maneira, com menos ou mais sensibilidade e assimilando particularidades culturais. No Brasil, lar da maior secção da Amazônia, o ambientalismo está em subida, em peculiar por meio de filmes que foram feitos por ou que retratam indígenas e dão ênfase para a sua relação com a floresta, uma vez que recém-lançado “A Flor do Buriti”.

“Aruanas”, série original do Globoplay com Taís Araujo, Camila Pitanga, Leandra Leal e Débora Falabella, retratou em duas temporadas o ativismo de líderes de uma ONG que investiga crimes ambientais. “Cidade Invisível”, em que a Netflix e Marco Pigossi resgatam o folclore brasílico, também frisou a crise conjugal entre varão e natureza.

Chico Guariba, da Mostra Ecofalante, diz que o Brasil ainda é carente no ponto, dada a quantidade de catástrofes naturais que presenciamos, mas comemora os esforços recentes, em peculiar no gênero documental, e o interesse crescente por seu festival.

Na Ásia, em peculiar no Japão, com seu cinema mais reflexivo e sensível, não há ativismo ou tom de denúncia escancarados, mas uma abordagem mais existencialista do ponto. Grande exemplo disso é a filmografia superpopular de Makoto Shinkai, que inclui a animação “O Tempo com Você”, a 11ª maior bilheteria da história para um filme nipónico.

No traçado, vemos uma Tóquio em cataclisma, próxima demais da verdade do Rio Grande do Sul nos últimos meses. É o preço de um egoísmo generalizado, que se impõe sobre o estabilidade oriundo do planeta. Em meio aos belos desenhos e ao paixão pueril da trama, a mensagem acaba soterrada, mas ela está lá.

Atualmente em papeleta, “O Mal Não Existe”, de Ryusuke Hamaguchi, é outro que toca no ponto, mas só depois muita metáfora e reflexão. E, voltando um pouco mais no tempo, “Princesa Mononoke”, do Studio Ghibli, assim uma vez que muitos filmes de Hayao Miyazaki, também tem a relação com a natureza uma vez que seu epicentro.

Entre os europeus, exemplos recentes são a coprodução entre França e Canadá “Hora do Massacre”, sobre um grupo de ecologistas perseguido por um delinquente, também em papeleta, e o germânico “Afire”, um drama instigado pelo calor e a sujeira de incêndios florestais que batem à porta de seus protagonistas.

Nos Estados Unidos, a cautela é maior. Hollywood, por fim, é ela própria uma máquina, que também segue uma silabário ambiciosa de desenvolvimento. Talvez o exemplo mais óbvio de uma grande produção que levantou a bandeira seja “Não Olhe para Cima”, criticado por muitos pela falta de sutileza, mas comprometido em mostrar a hipocrisia da indústria da qual faz secção.

Em Hollywood, por fim, não há escassez de estrelas e executivos que se dizem liberais e não poupam gritos de guerra. Alguns, uma vez que Jane Fonda e Shailene Woodley, de trajo botaram a mão na tamanho e chegaram até a ser presos por reclamar pelo meio envolvente. Mas o contraste é enorme quando lembramos das emissões de gás carbônico dos jatinhos privados de figurões uma vez que Taylor Swift e Steven Spielberg.

Folha

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