Portuguesa Quer Virar Saf Para Recuperar Relevância 29/03/2024

Portuguesa quer virar SAF para recuperar relevância – 29/03/2024 – Esporte

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Apesar de ter sido eliminada pelo Santos na temporada de quartas de final do Campeonato Paulista de 2024, a Portuguesa tem motivos para comemorar. A tradicional grémio lusitana alcançou sua melhor campanha no torneio estadual nos últimos 13 anos, que lhe garantiu presença na Série D do Campeonato Brasiliano em 2025.

Em seguida o assobio final, torcedores rubro-verdes presentes na Vila Belmiro sorriram mesmo com a roteiro, enxergando o prenúncio de um renascimento da tradicional grémio, que amargou a segunda ramificação estadual entre 2016 e 2022 e não tem ramificação vernáculo para 2024.

Uma das equipes que mais tiveram jogadores convocados para a seleção brasileira ao longo da história (33, entre eles Djalma Santos, Félix, Enéas e Ricardo Oliveira), tricampeã paulista (1935, 1936 e 1973) e vice-campeã do Brasiliano em 1996, a Portuguesa quer voltar a trenar um papel de maior relevância no cenário do futebol brasílio.

Para isso, planeja concluir até o termo do ano as negociações para implementar o padrão de SAF (Sociedade Anônima do Futebol), vendendo a estrutura do futebol profissional para um grupo de investidores, nos moldes do que já foi feito nos últimos anos por uma série de clubes da Série A, uma vez que Botafogo, Vasco e Cruzeiro.

“A SAF é muito importante para um time em uma situação sátira uma vez que a Portuguesa. Não tem saída, você só arruma a estrutura com verba”, disse Antonio Carlos Castanheira, presidente do clube, em entrevista à Folha no Canindé.

As dívidas da Portuguesa somam hoje murado de meio bilhão de reais, com custos mensais da ordem de R$ 120 milénio para a manutenção da operação. Para conseguir quitar o débito e ainda investir na formação de um elenco competitivo para as disputas do próximo ano, Castanheira vê uma vez que única escolha buscar um grupo de investidores com poderio financeiro para assumir o futebol do clube.

“Times uma vez que a Portuguesa, que têm um passivo grande, precisam se regenerar para voltar a ser protagonistas uma vez que já foram. É preciso investimento, e a SAF realmente é a saída”, afirmou o dirigente.

As conversas estão em curso há murado de um ano e meio, e o clube já tem adotado as medidas necessárias para se transformar em uma sociedade anônima. Uma das principais é segregar o futebol do clube social, financeira e operacionalmente.

“Já executo esse padrão na prática. Não tem mais zero cá no Canindé”, disse Castanheira, acrescentando que toda a operação do futebol foi transferida para o núcleo de treinamento do clube, localizado na rodovia Ayrton Senna. “Espero que, no supremo até o final do ano, a gente esteja com a SAF ensejo e funcionando, para que façamos um Paulista [em 2025] de outra forma, sem aperto financeiro.”

O presidente preferiu não vulgarizar o nome do investidor interessado, mas afirmou tratar-se de um grupo ligado ao futebol, com um “fundo importante por trás”.

Os investidores estão no momento terminando a temporada de diligências das contas da grémio. O presidente diz que, quando assumiu, em dezembro de 2019, encontrou 286 ações trabalhistas pendentes. Foram quitadas 202 desde logo, mas há ainda ações civis e tributárias que precisarão ser equacionadas por quem assumir a instituição centenária fundada em 1920.

Além das tratativas naturalmente demoradas envolvendo um negócio desse tipo, por uma opção da gestão do clube, as conversas foram postergadas à espera de um momento mais favorável.

Em 2020, quando o clube disputava a segunda ramificação estadual e não tinha calendário em competições de abrangência vernáculo, o valor de mercado que lhe era atribuído era de aproximadamente R$ 90 milhões. Agora, com a manutenção na escol do Paulista pelo terceiro ano seguido e com a participação garantida na Série D vernáculo, o valor subiu para R$ 190 milhões, uma subida de mais de 100%. “As conquistas dentro do campo deram credibilidade”, declarou Castanheira.

Quando ele assumiu a presidência da Portuguesa, o clube tinha as contas bloqueadas e o estádio do Canindé estava prestes a ser leiloado. Não havia verba para remunerar as contas de luz e chuva.

O dirigente diz ter implementado um processo de restruturação financeira. Fechou uma série de acordos para iniciar a quitação dos débitos e criou um núcleo de marketing para atração de patrocinadores e receita.

Graças ao suporte financeiro, na edição deste ano do Paulista, contando com jogadores experientes no plantel, uma vez que Henrique Dourado e Giovanni Augusto, sob o comando do técnico Pintado, a Portuguesa teve folha salarial de murado de R$ 1,2 milhão mensais, a maior da atual gestão.

Ainda assim, a classificação só foi obtida por culpa do exótico regulamento da competição, que permitiu à formação rubro-verde continuar com somente 10 pontos em 12 jogos —dois pontos a mais do que o rebaixado Santo André.

Para a próxima edição estadual e a disputa da Série D, a expectativa é que a folha, com o suporte da SAF, seja sensivelmente maior, com um elenco capaz de colocar o time novamente na temporada de mata-mata do Paulista e de ocupar o entrada à Série C do Brasiliano.

A última vez que a Portuguesa disputou a primeira ramificação do Brasiliano foi em 2013. Naquele ano, acabou rebaixada ao ser punida com a retirada de quatro pontos pela escalação irregular do meia Heverton. A decisão favoreceu o Fluminense, que era o primeiro na zona de rebaixamento e escapou.

A partir daí, a equipe embicou em uma trajetória progénito. Em 2014, foi rebaixada para a Série C; em 2016, para a Série D. Em 2017, foi eliminada ainda na primeira temporada na quarta ramificação do Brasiliano. Em 2018, ficou sem calendário vernáculo pela primeira vez desde 1979.

Segundo Castanheira, o que mais contribuiu para a derrocada da grémio lusitana na dezena passada foi a falta de pessoas qualificadas para tocar o time de maneira responsável. Para o atual mandatário, eram torcedores abnegados, mas sem preparo e tempo para se destinar uma vez que deveriam à equipe. “Não adianta culpar a federação, o caso Heverton, o juiz. O que aconteceu foi pura incompetência das pessoas que estiveram avante da Portuguesa.”

Castanheira está no seu segundo procuração, que se encerra em 2025 —o regimento do clube não permite um terceiro procuração. “O que está rodeando a Portuguesa em termos de pessoas não é bom, infelizmente. A torcida tem que permanecer atenta.”

Folha

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