Potencial para bioeconomia atrai investimentos na amazônia

Potencial para bioeconomia atrai investimentos na Amazônia

Brasil

A bioeconomia, padrão de produção sem perda da biodiversidade, é um das principais apostas de desenvolvimento na transição para uma economia de inferior carbono, necessária ao enfrentamento às mudanças climáticas. Na Amazônia, os resultados positivos dessa forma sustentável de negócio atraem, cada vez mais, investimentos de governos e da iniciativa privada.

O Parecer Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD, na {sigla} em inglês) aponta um potencial global de US$ 7,7 trilhões em oportunidade de negócio até 2030, no relatório Uma Oportunidade de Negócio que Contribui para um Mundo Sustentável.

Na capital do Pará, cidade-sede que vai sediar a próxima Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, o estudo Bioeconomia da Sociobiodiversidade apontou, em 2021, a capacidade de incrementar as cadeias produtivas da floresta em R$ 170 bilhões, até 2040.


Brasília (DF), 08/05/2025 - PREPARAÇÃO COP-30: Prefeitura de Belém vai revitalizar o casarão Higson e transformá-lo em Centro de Inovação e Bioeconomia.
Foto: Prefeitura municipal de Belém
Brasília (DF), 08/05/2025 - PREPARAÇÃO COP-30: Prefeitura de Belém vai revitalizar o casarão Higson e transformá-lo em Centro de Inovação e Bioeconomia.
Foto: Prefeitura municipal de Belém

Casarão será transformado no Meio de Inovação e Bioeconomia, em Belém – Foto: Prefeitura municipal de Belém

Meio de Inovação e Bioeconomia

Uma das obras que preparam a região para os debates da COP30 é a do Meio de Inovação e Bioeconomia de Belém (CIBB). Com investimentos de R$ 20 milhões, uma força-tarefa que envolve os governos federalista e municipal e a empresa Itaipu Binacional resultará na revitalização de um casarão tombado para homiziar 20 novas iniciativas em desenvolvimento.

A teoria é que o espaço seja um lugar de divulgação do padrão econômico e também a base de um ecossistema de espeque aos negócios. Empresas uma vez que a de Izete Costa, conhecida uma vez que dona Nena, que produz chocolate e outros derivados do cacau, na Ilhota do Combu. 

Ribeirinha, nascida na comunidade Igarapé de Piriquitaquara, filha de agricultores, dona Nena cresceu percorrendo o Rio Guamá com os pais para comercializar o cacau nativo na secção continental de Belém.

Com o passar dos anos, a mudança no clima e a a crescente demanda por outras culturas, a empresária viu uma subtracção dos cacaueiros na região. ”Nós costumávamos descer de lá com três, quatro canoas cheias de frutos de cacau. Hoje, meus irmãos não descem nem com uma”, diz.


Brasília (DF), 08/05/2025 - Dona Nena, empresária de bioeconomia no Pará.
Foto: Fabiola Sinimbú/Agência Brasil
Brasília (DF), 08/05/2025 - Dona Nena, empresária de bioeconomia no Pará.
Foto: Fabiola Sinimbú/Agência Brasil

Dona Nena produz chocolate e outros derivados do cacau de forma artesanal na Ilhota do Combu – Foto: Fabiola Sinimbú/Dependência Brasil

Preocupada com a persistência do fruto na ilhota e em procura de valorização desse recurso originário, dona Nena iniciou uma procura pela melhor forma de beneficiar o cacau e reunir valor à produção lugar. De forma artesanal, passou a produzir chocolates, a partir do que era plantado e colhido em seu quintal e nos dos vizinhos.

Em 20 anos de trabalho, a empresa de dona Nena beneficia hoje 16 famílias, que, uma vez que ela, vivem do manejo sustentável da Floresta Amazônica, sem precisar desmatar ou deixar a região em procura de outras oportunidades.

Essas famílias têm aproximação à chuva potável por meio de um sistema de captação da chuva, e o beneficiamento do cacau também financiou melhores condições de saneamento e infraestrutura para receber turistas, que fortalecem a prisão produtiva sem a premência de atravessadores.

A empresária tem muito orgulho desse trabalho, que permite a conservação do bioma, mas destaca que ainda não é uma veras para o restante da região.

“O povo precisa manter a floresta de pé? Precisa. Mas precisa de chuva tratada, de saneamento capital, de um montão de coisas, assistência à saúde, que faz com que ele se fixe cá. Porque muitas vezes sai daqui, vem outra pessoa que vem desmatar. Porque ele não tem as condições adequadas para se manter cá”, diz dona Nena.

 


Brasília (DF), 08/05/2025 - Dona Nena, empresária de bioeconomia no Pará.
Foto: Fabiola Sinimbú/Agência Brasil
Brasília (DF), 08/05/2025 - Dona Nena, empresária de bioeconomia no Pará.
Foto: Fabiola Sinimbú/Agência Brasil

Fábrica de chocolate de dona Nena beneficia 16 famílias – Foto: Fabiola Sinimbú/Dependência Brasil

Práticas mais sustentáveis

A solução apontada pela empresária é maior investimento em assistência técnica e fomento aos produtores locais. Segundo a secretária adjunta de Bioeconomia do estado do Pará, Camille Bemerguy, para atrair investidores, o governo estadual lançou o PlanBio Pará, que traça uma estratégia de valorização do patrimônio genético e fortalecimento das cadeias produtivas, com ciência e inovação.

“É um projecto de Estado, não é um projecto de governo, para prometer a perenidade, em que se estabelecem novas bases de uso da terreno e uso da floresta. Logo, a bioeconomia está ancorada dentro desse projecto, o que dá um novo envolvente para isso, dá uma segurança jurídica para aqueles que querem investir cá”, diz.

De harmonia com a gestora, embora a bioeconomia já venha sendo praticada há muitos anos pelos povos da floresta, a forma extrativista uma vez que o setor se desenvolveu nos últimos anos precisou ser revista e adequada às práticas mais sustentáveis. Associada a essa revisão, também foram estudadas formas de escalonar a produção e dar mais visibilidade aos produtos finais, explica Camille.


Brasília (DF), 08/05/2025 - Obras do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia ultrapassam 75% de conclusão.
Foto: Igor Mota/Agência Pará
Brasília (DF), 08/05/2025 - Obras do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia ultrapassam 75% de conclusão.
Foto: Igor Mota/Agência Pará

Obras do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia – Foto: Igor Mota/Dependência Pará

O Planbio também prevê a construção do Parque de Bioeconomia e Inovação da Amazônia, que está em curso às margens da Baía do Guajará, no projeto Porto Horizonte 2. De harmonia com o governo estadual, estão sendo investidos R$ 300 milhões na restauração e adaptação de armazéns da antiga região portuária de Belém.

O lugar abrigará as estruturas do Observatório da Bioeconomia, do Meio de Cultura Nutrir, do Meio de Sociobioeconomia e um Meio de Turismo de Base Lugar.

Segundo Camille Bemerguy, os investimentos já se refletem diretamente na estruturação do setor, antes com poucas iniciativas inovadoras e preparadas para se manter no mercado.

“Você tinha tapume de 70 startups, e a maioria morria no meio do caminho, porque não tinha condições de proceder, sobrava uma no final, uma vez que um resultado viável e de aproximação ao mercado. Hoje, a gente já tem tapume de 300. Com o Parque de Bioeconomia e Inovação do estado, a gente quer ainda atrair mais 200 startups”, ressalta a secretária adjunta de Bioeconomia.

Com o setor mais estruturado, a gestora destaca que o estado também espera tirar empreendedores da informalidade e entender, com a bioeconomia, 4,5% do Resultado Interno Bruto (PIB) do Pará, até 2030. “Você precisa destravar certos elementos para que esse desenvolvimento efetivamente possa não ser, de novo, mais um ciclo, para que ele seja transformador. Logo, [vamos] melhorar toda essa secção de infraestrutura, de conectividade, de tornar menos invisíveis esses atores que estão cá e que tanto contribuíram para esse desenvolvimento”, conclui.

*A repórter viajou a invitação do governo do Pará

Fonte EBC

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