Alexia Twister, drag queen experiente nos palcos paulistanos e conhecida pela série “Nasce uma Rainha” (Netflix), ganhou nesta terça-feira (18) o Prêmio Shell de Teatro pela versão em “Rei Lear”, uma das mais conhecidas tragédias de William Shakespeare.
Na montagem, só com artistas drag queens, Twister representou o régio e chamou a atenção pela cena em que o octogenário, à borda da loucura, enfrenta uma tempestade.
A 35ª edição do prêmio, que prestigia anualmente artistas e espetáculos em São Paulo e no Rio de Janeiro, anunciou a lista de vencedores em cerimônia no Teatro Riachuelo, no núcleo da capital fluminense.
Na premiação dos espetáculos de São Paulo, Mel Lisboa venceu porquê atriz por “Rita Lee – Uma Autobiografia Músico”. O espetáculo foi visto por mais de 60 milénio pessoas em 2024 e segue em papeleta no Teatro Porto, onde os ingressos são disputados a cada buraco de novidade temporada.
Na direção venceu Jéssica Teixeira, por “Monga”, solilóquio que criou e interpreta a partir da história da mexicana Julia Pastrana, cantora e bailarina que viveu no século 19 e ficou conhecida porquê “mulher macaco” devido a uma exigência genética rara, a hipertricose terminal, que deixava o rosto o corpo enroupado de pelos.
A dramaturga vencedora foi Liana Ferraz por “Não Fossem as Sílabas do Sábado”, adaptação para o teatro de livro de mesmo nome da escritora Mariana Salomão Carrara, vencedora na categoria romance do Prêmio São Paulo de Literatura de 2023.
No júri do Rio, o ator premiado foi o veterano Othon Bastos, 91, por “Não me Entrego, Não!”, solilóquio em que apresenta recortes de sua longa experiência artística e que foi fenômeno do boca a boca no ano pretérito, atraindo 40 milénio espectadores.
A peça estreia nesta quinta-feira (20) em São Paulo, no Teatro Raul Cortez (Sesc 14 Bis).
Também consagrada, Débora Falabella venceu porquê atriz por “Prima Facie”, em que uma advogada narra em um tribunal o estupro que sofreu por um colega de trabalho, réu no julgamento marcado por nuances do machismo.
A dupla Dadado de Freitas e Mauricio Lima venceu na categoria direção por “Arqueologias do Porvir”, trabalho que questiona quais corpos são vistos e ouvidos e quem tem recta de narrar suas próprias histórias.
A dramaturgia premiada foi a de Pedro Emanuel e Vinicius Arneiro por “Língua”, trama que reflete dilemas da informação a partir da história de uma mãe que prepara uma sarau de natalício surpresa para o fruto, um taxista surdo que cresceu rodeado por pessoas ouvintes.
CONFIRA A LISTA DOS VENCEDORES DO PRÊMIO SHELL
JÚRI DE SÃO PAULO
Dramaturgia
- Liana Ferraz por “Não Fossem as Sílabas do Sábado”
Direção
- Jéssica Teixeira por “Monga”
Ator
- Alexia Twister por “Rei Lear”
Atriz
- Mel Lisboa por “Rita Lee, uma Autobiografia Músico”
Cenário
- J.C. Serroni por “Primeiro Hamlet”
Figurino
- Eduardo Giacomini por “Cão Vadio”
Iluminação
- Wagner Antônio por “Um Onça por Noite”
Música
- Adilson Fernandes, Bruno Garcia, Carol Promanação, Dani Nega, Flávio Rodrigues e Jonathan Silva pela direção músico e trilha original de “Maria Auxiliadora”
Vigor que vem da gente
- Negócio Social Tereza pelo trabalho realizado por egressas do sistema prisional em parceria com artistas teatrais para a confecção de figurinos em espetáculos porquê “Martinho, Coração de Rei – o Músico” e “Marrom, o Músico”
JÚRI DO RIO DE JANEIRO
Dramaturgia
- Pedro Emanuel e Vinicius Arneiro por “Língua”
Direção
- Dadado de Freitas e Mauricio Lima por “Arqueologias do Porvir”
Ator
- Othon Bastos por “Não me Entrego, Não!”
Atriz
- Débora Falabella por “Prima Facie”
Cenário
- Beli Araujo e Cesar Augusto por “Claustrofobia”
Figurino
- Claudia Schapira por “Améfrica: Em Três Atos”
Iluminação
- Adriana Ortiz por “Um Filme Prateado”
Música
- Beà Ayòóla pela direção músico de “Paixão de Dança”
Vigor que vem da gente
- Programa Enfermaria do Riso (Unirio) por desenvolver desde 1998 uma ação de extensão integrada entre os cursos de teatro e medicina para formação e pesquisa em torno de intervenções artísticas de palhaçaria em hospitais.
Destaque vernáculo
- “A Força da Chuva”, do grupo Pavilhão da Magnólia, de Fortaleza (CE)