O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou otimismo com o atual momento do país e os resultados dos programas que estão sendo implementados, mesmo diante da incerteza econômica internacional e das pressões da taxa de câmbio, em reunião ministerial, no Palácio do Planalto. Lula reafirmou que o Novo Programa de Aceleração do Prolongamento (PAC) é a política de governo que deve direcionar o trabalho de todos os seus ministros.
“Se alguém estiver com pessimismo, por obséquio, me procure para eu passar um pouco de otimismo para vocês”, disse Lula na buraco da reunião.
“Primeiro, porque eu acredito no que nós estamos fazendo. Segundo, eu acredito que os nossos números, até agora, são todos positivos, apesar da perspectiva de uma crise internacional que o dólar vem causando no mundo inteiro. A gente se mantém muito equilibrado, a gente se mantém em uma situação boa, o trabalho está crescendo, o salário está crescendo, a volume salarial está crescendo, o desemprego está caindo e a inflação está totalmente equilibrada”, acrescentou o presidente.
Unicamente no primeiro semestre deste ano, o dólar acumulou subida de 15,15%. Mesmo com o otimismo do presidente, a subida do câmbio pressiona as expectativas de inflação para o país, e o Banco Meão já avalia a possibilidade de subir os juros para sustar a inflação.
Em junho, influenciada principalmente pelo grupo de alimento e bebidas, a inflação do país registrou 0,21%, em seguida ter registrado 0,46% em maio. De concórdia com o Instituto Brasílio de Geografia e Estatísticas (IBGE), em 12 meses, o Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Extenso (IPCA) acumula 4,23%. A inflação de julho será divulgada nesta sexta-feira (9).
Apesar de estar em queda, as expectativas para o índice ainda se encontram supra da meta estabelecida, alimentadas pela incerteza entre os agentes econômicos. As projeções do mercado para a inflação deste ano e de 2025 estão em torno de 4,1% e 4%, respectivamente, diante de uma meta de 3%.
Para Lula, a inflação é devastadora para os trabalhadores. “Toda vez que alguém fala de inflação eu fico preocupado porque eu cá talvez tenha sido o único que vivi dentro de uma fábrica, recebendo salário com a inflação de 80% ao mês, portanto eu sei o que é devastador a inflação na vida do trabalhador. É por isso que, para nós, a inflação é um fator importante, quanto mais baixa melhor para a sociedade brasileira”, afirmou.
Projecto vernáculo
O presidente Lula lembrou a seus ministros que o governo definiu uma política única que deve balizar o trabalho dentro de cada pasta, que é o Novo PAC. “Quando nós pensamos em produzir o PAC a primeira vez, e depois da segunda vez, e depois da terceira vez, era porque a gente precisava dar ao conjunto do governo um compromisso de trabalho para que a gente não ficasse à espera de que cada ministro pensasse a sua política própria, cada ministro atendesse a sua especificidade, e que a gente não tivesse um projecto vernáculo de desenvolvimento”, explicou Lula.
O presidente reafirmou que o papel do governo é desenvolver programas, prioritariamente, para as pessoas mais pobres. “Eu fico sempre imaginando quantos degraus na graduação social o povo pobre vai subir, porque é isso que conta para quem governa, é saber se conseguiu valorizar aquelas pessoas que sempre foram esquecidas”, afirmou.
O início da reunião foi transmitido ao vivo pelas redes sociais do presidente e pelo Meato Gov. Na sequência, Lula informou que passaria a vocábulo para o ministro da Morada Social, Rui Costa, que coordena a realização do Novo PAC. Os ministros da Herdade, Fernando Haddad, e das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também falariam sobre as questões econômicas e a pronunciação política.
“Nós temos uma Câmara que vai trocar de presidente, um Senado que vai trocar de presidente, e tudo isso tem que ter muita cautela para que não tenha nenhuma incidência no funcionamento do governo”, alertou Lula.
Segundo Lula, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Viera, explicaria sobre o curso da agenda do Brasil na presidência do G20 (grupo das 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana) e as “celeumas que estamos encontrando aí para encontrar uma solução pacífica para as eleições da Venezuela”.
Ainda está prevista uma fala do ministro da Secretaria de Notícia Social da Presidência, Laércio Portela, e do presidente do IBGE, Marcio Pochmann, que participa da reunião a invitação de Lula.
Cada um dos ministros presentes também terá 5 minutos para expor o trabalho que vem sendo realizado em cada pasta. Na lista de presença da reunião constam 52 participantes, entre ministros de Estado, parlamentares, líderes do governo e presidentes de empresas e bancos públicos.
Violação organizado
Ainda em seu oração na buraco da reunião ministerial, o presidente Lula destacou a relevância do combate ao delito organizado e disse que vai conversar com os 27 governadores sobre a inclusão do Sistema Único de Segurança Pública (Susp) na Constituição Federalista. O tema foi discutido nesta quarta-feira (7) em reunião do presidente com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski.
O governo deve encaminhar ao Congresso um proposta de emenda à Constituição (PEC) para ampliar as atribuições da União na segurança pública e que envolva também os municípios. Hoje, os estados têm autonomia sobre a segurança pública e são responsáveis pelas polícias Social e Militar. Lula garantiu que o objetivo não é ter ingerência.
“É a gente valorizar os entes federados, definir o papel de cada um e o compromisso de cada um para que as coisas deem perceptível. A gente não pode folgar de fazer segurança pública, a gente sabe a dificuldade que é a segurança pública, a gente sabe a organização que está acontecendo no delito organizado neste país e no mundo inteiro, porque o delito organizado virou uma multinacional de delitos, e muitas vezes estão muito avante da própria polícia dos estados”, disse Lula.
“O que nós queremos é compartilhar, a gente não quer tem ingerência e nem quer mandar, a gente quer compartilhar ações conjuntas com a definição concreta na Constituição do papel de cada um de nós”, acrescentou o presidente.
Ainda esta quinta-feira o ministro Lewandowski terá uma reunião com governadores do Sul e do Sudeste, e deve apresentar alguns pontos da proposta.