Primeiros influenciadores digitais lembram início da fama 27/05/2025

Primeiros influenciadores digitais lembram início da fama – 27/05/2025 – Tec

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Mariana de Souza Alves Lima, 42, não se lembra do ano exato, mas foi numa estirão pela avenida Paulista, em São Paulo, que percebeu ter ficado famosa.

“MariMoon! É você? Eu te acompanho”, gritou um viajante.

Pesquisa feita pela Youpix e Nilsen aponta que, em 2023, o Brasil era o segundo país com o maior número de influenciadores digitais no planeta. Eram 10,5 milhões de contas com pelo menos milénio seguidores cada. Só estava detrás dos Estados Unidos (13,5 milhões).

Nesses 10,5 milhões, a pioneira foi Mariana, a MariMoon.

“Eu senhor [ser vista como a primeira]. Não tinha me oferecido conta disso. Demorei muito tempo para entender. Alguém me disse isso e me perguntei: ‘eu sou mesmo?’”, lembra.

Ela ganhou renome no final dos anos 1990 com seu fotolog, site em que postava imagens criativas de si mesma. Eram selfies quando esta vocábulo sequer existia. Foi a primeira usuária da internet brasileira, que completa 30 anos neste mês, a ter uma risca de produtos com sua marca e ser capote de revistas.

Os pioneiros na influência do dedo veem as recompensas, tanto financeiras quanto no reconhecimento, uma vez que processo construído aos poucos. E constatam que hoje em dia quem inicia nessa profissão deseja invadir tudo do dia para a noite.

“As pessoas que começam agora têm muita sofreguidão. Eu me sinto privilegiada de ver tudo isso. Tenho consciência que colaborei para a formação de um mercado, de uma formação de códigos de moral, do uma vez que fazer. Quando comecei, não havia referência, não tinha para quem olhar”, afirma Camila Coutinho.

Primeira blogueira de tendência do Brasil, Camila criou em 2006 o site “Garotas Estúpidas”, que tornou-se um dos mais influentes do mundo nesta dimensão. Hoje empresária e com 3,3 milhões de seguidores somente no Instagram, ela queria mesmo era ser estilista.

Ela acreditava ser tudo uma folgança. O pensamento foi esse até receber mensagem de uma marca internacional lhe propondo um congraçamento de divulgação. Ela receberia US$ 300 por mês (hoje murado de R$ 1.700).

Ser influenciadora poderia não ter se tornado uma curso caso não tivesse mencionado ao seu pai, à mesa do almoço, que o seu “bloguinho” estava com 2.500 acessos por dia.

“Minha filha, corre detrás. Tem alguma coisa aí.”

Tinha mesmo. Ela abriu CNPJ, registrou a marca e até hoje se recorda da sentença do gerente do banco quando ele lhe perguntou a profissão antes de terebrar a conta empresarial e Camila respondeu: “blogueira.”

“Não só isso. Eu era dona de um blog chamado Garotas Estúpidas”, lembra. “Era um completo e puro passatempo. Sempre gostei muito de cultura pop, do humor.”

Foi o humor que fez a internet brasileira gerar influenciadores antes mesmo das redes sociais. O humorista Rafinha Bastos começou a produzir teor em vídeos para a sua página pessoal quando nem existia o YouTube (criado em 2005). Ele gravava teor para publicar seu trabalho e os shows de comédia stand up. Virou referência no meio.

“Eu comecei a postar na internet essas bobeiras e dois anos depois tinha um fã-clube no Japão. Havia gente na Suécia que gostava. Recebia emails do mundo inteiro. Foi ali que percebi: poderia ir muito além das fronteiras do meu estado [Rio Grande do Sul]. Foi muito próprio deslindar isso”, afirma.

Foi esse um dos fatores que o tornaram o humorista do país com maior renome internacional e o primeiro a desbravar o rotação de comédia stand up dos Estados Unidos.

“Eu moro em Novidade York e faço show no mundo inteiro por culpa da internet. Eu utilizo muito muito essa possibilidade há muito tempo e entendi isso meio sem querer. E depois foi no YouTube que comecei a postar coisas que me davam liberdade porque não precisava passar por aprovação de ninguém.”

Embora tenha se tornado popular antes mesmo do YouTube, ele não foi o primeiro brasílico a lucrar renome por culpa da plataforma.

O pioneirismo foi de Guilherme Zaiden, que publicou o primeiro vídeo em 2006. Ele depois deixaria de postar no site e se mudaria para os Estados Unidos. Atualmente produz teor adulto no X (vetusto Twitter) e em plataformas de assinaturas uma vez que Onlyfans.

Aqueles que desbravaram a internet nos primeiros anos e atingiram a renome apontam dois conceitos errados a em uma vez que as pessoas veem o influenciador: ser trabalho fácil e que rende muito verba com rapidez.

“Fico muito feliz pela minha saúde mental e de ter começado naquela quadra. Tenho parâmetro das coisas. Tudo muda, há ciclos, os personagens e os players mudam e você precisa se conciliar o tempo todo. Eu paladar, mas é fadigoso. Saber disso, que as coisas mudam, me dá musculatura para mourejar com o desconforto da mudança. Lucrar verba é maravilhoso, mas nunca faço as coisas somente por isso”, diz Camila Coutinho.

MariMoon solta uma gargalhada quando escuta sobre verba e trabalho. Afirma que nos primeiros anos, mesmo com produtos com sua marca, ganhou muito pouco. Ela depois seria VJ da MTV e faria trabalhos para o Grupo Mundo e a Rede TV.

“Eu comecei a lucrar verba na MTV. Quando acabou, fiquei pensando o que ia fazer da vida. Fiquei um pouco na Rede TV e fui parar na Mundo. [Ser influenciadora] É um trabalho gigante e você tem de ser, sozinha, o equivalente a uma produtora de 50 pessoas”, afirma.

Ela hoje faz também o videocast Acessíveis, ao lado de Titi Muller, no Uol.

“O universo do audiovisual é muito multíplice. É filmar, editar, pensar na secção publicitária, dar atenção para as pessoas, ver o analytics, fazer estudo, refletir sobre o motivo para aquele vídeo não ter ido muito. Trabalho todos os dias, o dia inteiro. Férias, para mim, é viajar a trabalho”, completa.

Para Rafinha Bastos, a figura do influenciador do dedo ainda é vista uma vez que subordinado. “Ficou meio pejorativo, principalmente por culpa da prelo. E na verdade, não é. A gente não sabe uma vez que a moçoila que muda o cabelo de loiro para ruivo vai incentivar as pessoas a tomarem decisões na vida. Você não sabe uma vez que isso impacta e de que maneira é positiva. A gente tem efeito muito grande sobre quem assiste nosso teor”, diz.

Folha

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