Uma produtora independente de eventos, sediada em Cuiabá (MT) tem capacitado e gerado oportunidades de trabalho e renda a pessoas trans no estado. A Cidadão Oddly oferece seis cursos voltados ao entretenimento do público LGBTQIAPN+ e ao audiovisual (social media, retrato, disc jockey, video maker, produção cultural e bartender – profissionais que preparam bebidas.
As pessoas trans, habilitadas pela organização não governamental (ONG), têm atuado no mercado sítio, uma vez que em uma sarau de réveillon para 1.500 convidados e, mais recentemente, no Carnaval de Blocos e Escolas de Samba, para 15 milénio pessoas, na capital mato-grossense. O cocriador da produtora, Victor Hugo Rocha, diz que gerar oportunidades no mercado de trabalho transforma a vidas de pessoas trans que antes, muitas vezes, se dedicavam à prostituição para sobreviver. “Pouco a pouco, esses cursos vêm mudando a vida das pessoas, dão distinção a essas vidas, criando oportunidades de trabalho. E esse simples vestuário já faz grande diferença.”
Economia Criativa
A realização dos cursos para pessoas trans foi provável posteriormente a produtora passar por um programa de aceleração para economia criativa que apoia iniciativas, projetos ou negócios de impacto social, com ou sem fins lucrativos, sediados ou que atuem em Mato Grosso. O MOVE_MT é promovido pela Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso, em parceria com Instituto Ekloos e o Instituto Oi Horizonte, que atua para estimular o intercâmbio de conhecimento com mais pluralidade e inclusão.
Foi mal a Cidadão Oddly e outras 19 iniciativas do estado passaram por cursos e mentorias, em um ciclo de aceleração com 1.700 horas de formação nas áreas de gestão, inovação, impacto social, notícia, gestão financeira e captação de recursos.
Posteriormente esse período, a Cidadão Oddly se tornou uma ONG focada em empregabilidade trans. No início deste ano, a Cidadão Oddly e mais quatro iniciativas foram premiadas na segunda edição do programa, o MOVE_MT 2. Juntas, a Cidadão Oddly, Hip Hop Atemporal, Pé de Folclore – Cáceres, Rios e Lendas, Produtora Audiovisual Quariterê e Tece Arte dividem a premiação de R$ 356,43 para investir e estimular os negócios.
Horizonte
Com esse aporte, a Cidadão Oddly quer crescer. Para 2024, a ONG planeja executar três ciclos de capacitação, com duração de três meses. Cada um deles deve preparar para o segmento de produção cultural 60 beneficiários, totalizando 180 pessoas trans e não binárias capacitadas e inseridas no mercado de trabalho até dezembro.
Primeiro da ONG, Victor Hugo quer motivar impacto social ainda maior. Para o ano que vem, tem a meta de terebrar os cursos para toda a comunidade LGBTQIPN+ [Lésbicas, Gays, Bi, Trans, Queer, Intersexo, Assexuais, Pan/Pôli, Não binárias e mais]. “Porque a gente entende a premência de dar oportunidade a esse público que está vulnerável dentro da comunidade. Portanto, a gente quer conseguir ofertar mais cursos para mais pessoas e trabalhar com todas as siglas da comunidade LGBTQI e PN+. Esse é o nosso projecto de prolongamento”.
Tradição e horizonte
Outro projeto engrandecido pelo MOVE_MT 2 é o Tece Arte, da Associação das Redeiras de Limpo Grande, Várzea Grande, na região metropolitana da capital mato-grossense. A entidade é formada por 55 mulheres, que tecem redes em teares herdados de indígenas guanás, da etnia Chané-Guaná, em tradição ancião passada de mães para filhas.
Nesse caso, o programa de aceleração da economia criativa buscou coligar os conhecimentos tradicionais à valorização dos produtos, agregando valor e, assim, promover o desenvolvimento sustentável na comunidade. A presidente da Tece Arte, Jilaine Maria da Silva Brito, explica uma vez que participar do programa que desenvolve de forma objetiva e acelerada os empreendedores contribuiu para fortalecer os negócios da associação. “Foi muito importante para nossa gestão. Evoluímos, nos fez entender a nossa relevância no mercado e, fazer segmento dos 8,5 milhões de artesãos no Brasil. Somos da economia criativa e nossos produtos são de impacto positivo.”
Com a segmento do prêmio MOVE_MT2, promovido pela instituição, Jilaine Maria pretende iniciar projeto piloto de uma primeira turma de curso para a comunidade sobre o modo de fazer a rede e propalar essa arte. “Isso mudou a vida das 50 mulheres que fazem segmento de nosso coletivo e vai gerar renda. Assim, também vamos dar ininterrupção à perpetuação da tradição”, afirma.
Variação nas telas
Outra iniciativa premiada pelo programa MOVE_MT 2 é a produtora Aquilombamento Audiovisual Quariterê, também de Cuiabá.
Desde 2017, o coletivo social luta pelo entrada de profissionais de diferentes recortes sociais (raça, gênero e sexualidade) a toda a prisão produtiva do segmento audiovisual. O grupo realiza vestígios, sessões de exibição de filmes, cineclube e produz filmes.
A cineasta e membro do Aquilombamento Audiovisual Quariterê Juliana Segóvia acredita que faltava um tanto antes de a produtora passar pelas 1.700 horas de capacitação do programa estadual. “Ainda não havia entre nós a estrutura estabelecida de negócio/empresa, porém sempre existiu, desde o início, a garantia de que cada um daqueles que pertencem a essa coletividade tem o objetivo de prometer, em suas realizações e produções individuais, a presença das pessoas pertencentes aos recortes sociais que trazemos ao debate”
Protagonismo
Agora, com o prêmio, a produtora quer ir além de propor, debater, influenciar e monitorar políticas públicas nos âmbitos municipal e estadual, que convergem em ações afirmativas. A iniciativa quer que os produtos audiovisuais realizados pela equipe reflitam a população do estado, por meio de novo olhar para os consumidores e o mercado regional. “A Quariterê terá a oportunidade de trespassar do papel uma vez que um negócio que se estabelecerá no mercado mato-grossense, com o intuito de viabilizar o protagonismo racial de indígenas e negros, em suas equipes de trabalho cinematográfico/audiovisual”
MOVE_MT 2
O programa MOVE_MT 2 surgiu posteriormente a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Mato Grosso idealizá-lo e buscar a parceria do Instituto Oi Horizonte para desenvolvê-lo, a termo de formar empreendedores da economia criativa. Desde 2017, no estado do Rio de Janeiro, onde o instituto está localizado, o Oi Horizonte acelerou mais de 1.150 empreendedores de 143 negócios e organizações.
A gerente executiva de Programas, Projetos e Notícia do instituto, Carla Uller, destaca uma vez que essa formação impacta as comunidades locais. “Esses empreendedores têm enorme impacto em seus territórios, gerando trabalho, renda, inclusão e transformação social efetiva. É um estado que está trabalhando para fortalecer seu próprio ecossistema, mas também se conectar com a cena de outras regiões do país.”
De tratado com o Oi Horizonte, o objetivo agora é replicar o protótipo de sucesso do MOVE_MT para outros estados, com novos parceiros.