Quem foi syn de conde, o 1º ator brasileiro em

Quem foi Syn de Conde, o 1º ator brasileiro em Hollywood – 09/04/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Muito antes de Sônia Braga, Wagner Moura, Rodrigo Santoro e mesmo Carmen Miranda povoarem Hollywood, outro ator brasílico já havia fincado sua bandeira no cinema americano. Syn de Conde foi para os Estados Unidos em 1918 e atuou em oito filmes, ganhando destaque antes da era de ouro dos anos 1920, quando saiu de cena.

Synésio Mariano de Aguiar nasceu em Belém, no Pará, em 1894. Rebento de uma família que enriqueceu durante o ciclo da borracha, ele foi enviado pelo pai para estudar na Europa, primeiro na Suiça, depois em Paris, mas logo se mudou para os Estados Unidos, onde começou a curso uma vez que professor de dança, aproveitando-se do prestígio que os bailarinos da América Latina tinham por lá.

“O Syn era um dândi, muito muito vestido, sustentado pelo pai, que foi estudar em Paris, uma vez que o Santos Dumont”, diz o jornalista Ismaelino Pinto, que dirigiu com o também jornalista Fábio Castro um documentário sobre o ator. “Era um bon vivant que se aventurou na belle époque parisiense e chegou aos Estados Unidos, nesse momento em que começa a história do cinema americano.”

Pinto conheceu a história de Syn através de Pedro Valeriano, pesquisador de cinema já morto. Seu filme é um dos poucos levantamentos mais aprofundados sobre a vida do ator pioneiro, que continua esquecido pela memória do cinema brasílico. “É uma história que sobreviveu pela oralidade”, ele afirma.

Em um prova presente em um boletim da mostra Recordando Syn de Conde, exibida na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1974, o ator conta que chegou a Hollywood de uma maneira vulgar.

“Ganhando uma boa mesada e vestindo-me muito muito, consegui qualquer sucesso entre as mulheres americanas. Uma tarde, quando estava numa das famosas ‘afternoon tea’, um chá da tarde, vi uma jovem muito formosa, dessas que chamam a atenção”, ele diz.

A moça era Alla Nazimova, uma das grandes atrizes do cinema mudo. “Imediatamente pensei em mudar meu nome, escolhendo um nome de ‘guerra’ à maneira americana. Abreviei meu nome de batismo para Syn e acrescentei o De Conde”, conta.

Ele foi portanto visitar a jovem num estúdio onde ela filmava seu próximo filme. Nazimova pensou que o brasílico era gálico por justificação do nome inventado, e ele achou melhor permanecer não desfazer o miragem, para evitar que notícias de sua estadia nos Estados Unidos chegassem aos ouvidos de seu pai.

Conde acompanhou a gravação de uma cena em que um ator dançava apache, estilo que ele conhecia muito por justificação do seu tempo no Quartier Latin, em Paris. Reparou que os passos estavam errados e mostrou ao diretor da longa-metragem, George D. Baker, uma vez que fazê-los recta. Nisso, acabou tomando para si o papel, seu primeiro, recebendo US$ 200 por semana.

Conde trabalhou com diretores importantes, uma vez que D.W. Griffith, em “A Pequena que Ficou em Morada”, de 1919, e teve amigos uma vez que Douglas Fairbanks, Carl Dempster, Harold Lloyd, Carl Seymour, Geraldine Farrar e Rudolph Valentino, com quem chegou a morar.

“No meu tempo, Valentino não era zero”, ele afirma no panfleto do MAM. “Mas era um rapaz muito bonito, vestia-se muito muito, falava vários idiomas, até que foi revelado por uma senhora de um diretor que, da simpatia imediata, passou a um contrato, começado em ‘Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse’.”

O ator diz ter espargido Fairbanks quando os dois faziam dublês de artistas em cenas perigosas. Ainda em 1919, um camarada da família contou ao pai do ator —para quem o rebento ainda estava em Paris estudando— que viu Conde no cinema, em “Labareda do Deserto”. Revoltado com o rebento, que continuava sustentando a intervalo, o obrigou a voltar a Belém.

“Eu fiquei em Hollywood até meu pai encontrar que eu estava perdendo tempo fazendo ‘besteiras’, pois cinema naquela era não era visto com bons olhos”, conta. “Logo voltei, a chamado de meu pai, para matrimoniar. Foi a maior besteira que já fiz na vida. Cheguei a lucrar US$ 600 por semana, vivia uma vez que um rei e deixei tudo para voltar ao Brasil e matrimoniar com uma jovem de família rica de quem eu não gostava.”

Ele se separou dois meses depois. Passou uma novidade temporada na Europa e retornou ao Brasil em 1927, quando entrou para o Ministério da Lavradio, onde trabalhou por 44 anos, até se reformar. Morreu em 1990, no Rio de Janeiro, e foi sepultado no Cemitério São João Batista.

Folha

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