Nos dias 14, 21 e 28 deste mês o grupo Radio Cabeça apresenta no The Raven Music Bar, na Vila Madalena, em São Paulo, uma maneira inusitada de tocar músicas do grupo britânico Radiohead, acrescentando a elas elementos jazzísticos.
Formado pelos talentosos e capacitados músicos Bruno Migotto (contrabaixista, compositor, produtor, educador e multi-instrumentista), Marina Marchi (cantora, violonista, baixista, compositora, arranjadora e educadora), Gustavo Bugni (pianista, arranjador e compositor) e Edu Nali (baterista, rabino em música e bacharel em Performance pela Berklee College of Music), o Radio Cabeça vai mudar sua maneira de ouvir músicas de todas as fases da filarmónica britânica, algumas conhecidas, algumas lado B, mas todas para todos os tipos de amantes do Radiohead.
O Música em Letras entrevistou com exclusividade o contrabaixista Bruno Migotto, adiantando o som que vai rolar nessas apresentações, todas as quarta-feiras deste mês de maio, sempre às 21h.
Leia a seguir a entrevista que Migotto concedeu ao blog.
Quando e uma vez que surgiu o Radio Cabeça?
Em 2021, voltando aos poucos da pandemia, eu montei um novo trio com o Gustavo Bugni e o Edu Nali, para tocar algumas composições novas que fiz na pandemia e também algumas releituras de bandas de rock uma vez que o Radiohead, o Nirvana e o Foo Fighters, de maneira instrumental, com espaço para improvisação e geração coletiva, uma vez que fazemos com os standards de jazz e de música brasileira.
Em 2022, gravamos nosso primeiro disco, chamado “Adapt” [saiba mais em lançado em 2023. No show de lançamento desse disco decidi chamar a Marina Marchi para cantar algumas dessas músicas do Radiohead com a gente. Desse show surgiu a ideia de fazer esse quarteto e montar apresentações somente com músicas da banda.
Qual é a ideia principal a ser desenvolvida pelo grupo?
A ideia do grupo é tocar músicas de várias fases da banda e usar a liberdade de improvisação do jazz para explorarmos novos caminhos em cima das músicas.
Qual a relação existente entre o jazz e o grupo Radiohead?
O Radiohead é uma banda de rock que tem uma sofisticação harmônica e rítmica muito interessante, isso foi o que sempre nos atraiu no som da banda e nos fez ter vontade de tocar essas músicas, tanto instrumentais como cantadas.
Quem é responsável pelos arranjos do Radio Cabeça?
Os arranjos são feitos coletivamente durante os ensaios, aprendemos as músicas baseados nas gravações e nos encontros vamos explorando alguns caminhos diferentes, experimentando lugares que nos dão mais espaço para improvisos e solos, fazendo releituras das músicas, trazendo elementos do jazz como a criação coletiva e a improvisação, mas sem perder a essência estética e inovadora da banda.
Descreva três músicas do repertório do show.
“Knives Out”, de Philip James Selway, Jonathan Richard Guy Greenwood, Edward John O’brien, Thomas Edward Yorke e Colin Charles Greenwood. Essa foi uma das primeiras músicas do Radiohead que conheci através do pianista de jazz Brad Meuldau. Antes de conhecer de fato a banda, conheci várias músicas pelo Brad, já que ele gravou muitas músicas deles. Essa música abre um disco chamado “Day is Done”. Ela tem um formato muito parecido com um standard de jazz, com duas partes e é muito boa para improvisar, o que fazemos com os standards, por isso foi uma das primeiras que decidimos tocar também.
“2 + 2 = 5”, de Thom Yorke
É uma crítica à conformidade e à aceitação passiva de informações falsas ou distorcidas. O título da música é uma referência direta ao romance “1984”, de George Orwell, onde a expressão é usada para demonstrar a manipulação da verdade pelo governo totalitário. A música inicia com duas vozes e uma métrica ímpar (7), que é um recurso que os integrantes gostam. O refrão traz uma maior potência ao acusar o ouvinte e a sociedade em “You have not been paying attention” (você não tem prestado atenção) por sua falta de questionamento crítico.
“Paranoid Android”, de Colin Greenwood, Ed O’Brien, Jonny Greenwood, Phil Selway e Thom Yorke. Lançada em 1997, no disco “OK Computer”, essa música tem muitas partes contrastantes, algumas mais calmas e outras mais pesadas com espírito do rock. Mantendo-se relevante, é uma obra que reflete as distorções da sociedade moderna materialista e superficial, como na frase “Kicking, squealing, Gucci little piggy”, e desenvolvendo para a parte da música que pode ser vista como um pedido de mudança de perspectiva ou purificação de uma forma lírica nas expressões “Rain down on me” e “From a great height”, e então concluindo com a frase “God loves his children”, certamente irônica e cínica, que questiona a benevolência de uma entidade superior em meio ao caos da existência humana.
O que as pessoas devem esperar dessas apresentações?
As pessoas podem esperar uma nova visão sobre as músicas da banda [Radiohead]. Não somos uma filarmónica cover que toca tudo igual aos discos; usamos nossa experiência com o jazz, com tocar em grupo e improvisar para levar as músicas para caminhos diferentes.
Outra grande diferença entre nós e a filarmónica Radiohead é que eles têm músicas com guitarras e nós não temos nenhuma. Invés disso utilizamos teclados e sintetizadores, junto com o ordinário elétrico, às vezes o ordinário de sintetizador, a bateria e as vozes.
SHOW RADIO CABEÇA TOCA RADIOHEAD
QUANDO Dias 14, 21 e 28, às 21h
ONDE The Raven Music Bar, r. Wisard 149, Vila Madalena, São Paulo, tel. (11) 99126-1281
QUANTO No site do Sympla, ingressos antecipados R$ 40 (mais taxa de R$ 4) e R$ 50 na porta