São Paulo
“Sábado à noite, você liga a TV em procura de um pouco para se entreter, mas ao trocar de meio, só encontra os mesmos programas pensados para seus pais”, é uma vez que Rafa Dias define o cenário que impulsionou o sucesso da DiaTV, emissora do dedo voltada ao público jovem que hoje acumula mais de 1,1 bilhão de visualizações nas redes sociais.
Desde a puerícia, Rafael Dias Machado, 39, já demonstrava paixão pelo teor em vídeo. Nascido em Florianópolis, adorava recriar os programas que assistia e organizava apresentações para a família. “Eu colocava todo mundo da minha mansão na garagem e obrigava a observar meu teatrinho de fantoches. Já me sentia em uma televisão”, relembra.
Com o libido de seguir curso na superfície, percebeu um tropeço ao terminar o ensino médio: não havia cursos específicos de audiovisual em sua cidade. A solução foi convencer a família a investir em uma formação no exterior. “Meu pai tinha uma mana no Canadá e, comparando os custos, vimos que daria perceptível. Minha mãe pegou a rescisão de 30 anos de trabalho para remunerar minha faculdade”, conta.
Foi no curso de televisão e cinema que entendeu o impacto da internet nas produções de vídeo. Durante os anos de estudos, viveu a transição da fita para o cartão de memória e percebeu que a superfície passaria por uma revolução.
Ao retornar ao Brasil, Rafael começou a fazer freelas para juntar quantia e se mudar para São Paulo. “Foi muito difícil. Faz 16 anos que eu vim, mas no primícias só conseguia trabalhar temporariamente de câmera em algumas produtoras do núcleo”, explica.
Com o tempo, seus chefes começaram a perceber sua habilidade e eficiência. O reconhecimento veio quando recebeu a missão de gravar com Pelé no Rio de Janeiro completamente sozinho. “Eles falaram: ‘Tu dá conta de tudo sozinho, vai’. Me deixaram sozinho na viagem para gravar com o Pelé. Foi nesse momento que entendi que conseguia fazer as coisas sozinho e que isso já era um talento meu.”
A VIRADA DE CHAVE
Paralelamente ao seu trabalho uma vez que freelancer, Rafa também dirigia programas para a antiga MTV, que fez muito sucesso entre os jovens entre os anos 1990 e 2010, mas começou a notar um pouco que mudaria sua trajetória. Responsável por encaminhar alguns programas e atrações, ele não conseguia assisti-las na TV.
“Eu esperava um fã do programa publicar no YouTube para ver uma vez que ficou no ar. Na maioria das vezes, não estava mais em mansão às dez da noite quando o programa passava ou estava consumindo outro teor”, relembra.
A reflexão foi inevitável: se nem ele, que fazia secção da produção, assistia na televisão, por que o público jovem continuaria assistindo?
Outrossim, entrevistando grandes influenciadores da idade uma vez que PC Siqueira, Felipe Neto, Whindersson Nunes e Jout Jout, percebeu que a audiência deles na plataforma online era muito maior do que a da MTV. O problema era que, apesar do enorme alcance, os criadores de teor não tinham a estrutura necessária para atrair o mercado publicitário.
Ele conta que as produtoras tradicionais ainda não estavam preocupadas em produzir para a internet. O foco sempre foi o cinema, a televisão e a publicidade, que movimentavam orçamentos milionários.
Enquanto isso, os criadores de teor na internet ainda produziam sozinhos, dentro de seus quartos, sem equipamentos profissionais. Rafa teve ali uma revelação sobre o horizonte: a audiência alguma hora iria querer qualidade.
Foi mal nasceu, em um primeiro momento, a Dia Estúdio, uma produtora focada em gerar teor para a internet com qualidade profissional. “O primeiro estúdio era na mansão dos meus pais. Começamos muito simples, mas foi evoluindo até chegar nos diversos espaço que temos hoje, vários funcionários, contratos exclusivos com influenciadores, equipamento bons e de qualidade”, conta o empresário.
IMPACTO NAS REDES
Com a experiência na Dia Estúdio e sua passagem uma vez que diretor na MTV, Rafa levou a teoria de gerar um meio de TV na internet para sua equipe e recebeu todo o suporte. Em 2022, nascia a DiaTV.
“Não foi só uma vontade e uma idealização doida. Eu fiz isso em cima de muitos dados, em cima de muitos documentos, pesquisas e movimentos globais que estavam acontecendo na Europa e nos Estados Unidos, para poder trazer isso para o Brasil”, explica.
O investimento foi eminente: segundo ele, R$ 10 milhões para tirar a emissora do papel. Mas o retorno não demorou para chegar. Nos primeiros três meses, a emissora do dedo somou 10,4 milhões de horas de teor assistidas, com média de 235 milénio espectadores por dia e 628 milhões de visualizações nas redes sociais.
Em 2024, eles celebraram o sucesso em diversos formatos, uma vez que a romance humorística “Blogueirinha, A Feia”, que ultrapassou 4,5 milhões de visualizações no YouTube; “Mari e as Marias”, que acompanha a vida da influenciadora e blogueira Mari Maria e bateu 17,5 milhões de views no meio da criadora; a sexta edição do reality de competição “Corrida das Blogueiras”, o maior do YouTube, que já soma mais de 4,5 milhões de visualizações. Sem falar no programa de entrevistas De Frente com Blogueirinha, a maior audiência do meio e que frequentemente tem trechos tornados virais e repercutindo fora da bolha.
Para Rafa, o maior reconhecimento vai além dos números. “É uma sensação de uma gratidão muito grande pelo público, pela equipe, por todo mundo que está fazendo isso ocorrer. Temos muito orgulho de colocar um parelha gay apresentando um programa [o Corrida das Blogueiras] e produzindo reality desse tamanho, transformando a vida de tanta gente ali, dos participantes. É emocionante ver a proporção que as coisas tomaram, o quanto a gente fala com muita gente”, afirma.
Mais do que uma emissora, a DiaTV abriu espaço para influenciadores da comunidade LGBTQIA+ e democratizando o aproximação ao entretenimento. “Durante o mês do orgulho, recebo muitas mensagens de pessoas dizendo: ‘Eu só consegui trazer essa tarifa para dentro da minha mansão porque vocês fizeram essa transmissão’. Pessoas do Nordeste, do interno de São Paulo, que nunca tiveram espaço para discutir isso com a família. Eles agradecem muito pela prestígio do nosso trabalho na sociedade”, conta.
Em 2022, a empresa foi branco de polêmicas depois surgirem comentários negativos de supostos ex-funcionários no Glassdoor, site de avaliações de empregadores no qual é verosímil fazer publicações anônimas. Perguntado sobre o matéria, Rafa nega as acusações, que ele atribui a perfis falsos que queriam gerar caos na internet.
“Nunca chegou nenhuma reclamação para mim, na idade ainda comentei que, se as pessoas fossem reais, viessem conversar comigo para eu entender o que aconteceu”, afirma. “Ninguém nunca apareceu”.