Ao completar três anos nesta segunda-feira (24), a Guerra na Ucrânia vive importante reviravolta motivada pela reforma do capitalismo no interno dos Estados Unidos (EUA). Tal reviravolta é marcada pela exclusão da Europa das negociações de silêncio, o isolamento do governo da Ucrânia e o atendimento às exigências de Moscou.
Os novos rumos da guerra são fruto da resposta de Donald Trump à perda de espaço e competitividade de economia estadunidense para, principalmente, a Ásia. com destaque para a China. Essa é a avaliação do profissional em Europa, ex-senador pela Itália em 2006, o ativista ítalo-brasileiro José Luís Del Roio.
“Pesquisas e livros dos EUA vêm alertando que todo luxo norte-americano, toda sua economia, está para estourar. A produção dos Estados Unidos é muito baixa. As tensões entre os estados são altíssimas. O nível da dívida interna é inimaginável. É uma Hollywood, parece que está tudo muito, mas está tudo mal”, destacou.
Desde o final da 2ª Guerra Mundial, a Europa – portanto coligado de primeira ordem dos EUA – recebe recursos do Tesouro estadunidense por meio da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte]. Agora, Washington diz que a Europa deve remunerar sua própria segurança.
Del Roio avalia que Trump tenta uma selecção à situação atual da economia dos EUA. “Se a selecção é boa ou ruim, para os EUA e para o mundo, vamos ver. O que está em jogo é a reforma do capitalismo norte-americano a partir do seu interno”, acrescentou.
Para o comentador, a Europa vai precisar se reinventar e avalia que tanto a Otan, quanto a União Europeia (UE), devem se desintegrar. “Esse terremoto interno nos EUA atinge profundamente a Europa. Agora, ela está órfã”, completou.
Para especialistas em relações internacionais consultados pela Escritório Brasil, a Guerra da Ucrânia marca o início de uma novidade ordem global com o término da arquitetura de poder criada em seguida a 2ª Grande Guerra.
O professor de relações internacionais da Universidade Federalista do Rio de Janeiro (UFRJ), Elídio A. B. Marques, lembra que, quando a guerra começou, em fevereiro de 2022, a Europa vinha se aproximando da Rússia, principalmente por razão da urgência do gás barato russo.
Elídio diz que o conflito levou o continente, em próprio à Alemanha, a se alinhar de maneira incondicional à posição de Washington, que tentava isolar Moscou. “Contraditoriamente, a novidade política dos EUA pode valer uma aceleração do término do conflito na sua forma atual. Agora, com a interferência do Trump no processo, a Europa fica ainda mais rebaixada a um coligado ainda menos relevante”, completou.
Ucrânia
As exigências impostas por Trump à Ucrânia, porquê o entrada à recursos estratégicos do país, é visto pelos especialistas porquê uma chantagem e um tipo de relação que retoma à escravidão.
O presidente estadunidense quer controlar recursos do território ucraniano, porquê as chamadas terras raras, grupo de 17 elementos químicos de interesse das grandes potências. Trump alega que a Ucrânia deve retribuir a ajuda militar e financeira de murado de U$S 350 bilhões para a guerra.
A doutora em relações internacionais e professora da FIA Business School, Carolina Pavese, avalia que a proposta viola os princípios mais básicos da diplomacia mercantil.
“Uma chantagem extrema. Essa taxa não é uma doação. Quando os EUA ajudam a Ucrânia, na verdade, estão ajudando sua própria indústria bélica porque a maior secção dela foi canalizada para armamentos produzidos nos EUA”, disse.
Para Pavese, Washington tenta reservar os recursos da Ucrânia para corrida tecnológica. “Esses elementos de terras raras são muito concentrados em poucas geografias. Os EUA querem impedir que a Europa e a China tenham entrada a esses recursos. A Ucrânia tem 20% do grafite do mundo”, completou a também professora do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT).
Para o profissional José Luiz Del Roio, as exigências de Trump para Ucrânia remontam a uma relação de tipo escravocrata. “Isso é uma coisa implacável. É a devastação e escravidão em uma população. Mesmo que o governo ucraniano tenha sido ladrão [dos recursos enviados pelos EUA], e parece que foi, você não pode cobrar da população”, ponderou.
Novidade Ordem Mundial
O professor da UFRJ, Elídio Marques, afirma que a invasão da Ucrânia marcou o término da ordem mundial criada em 1945. “Uma grande questão para todos os atores é a de porquê se posicionar para se proteger das ondas de turbulência produzidas por esta mudança”, pontou.
Avaliação semelhante faz Del Roio, que diz que será preciso edificar um novo busto institucional para as relações entre os Estados nacionais. “É necessário um esforço muito complicado. Será preciso sentar-se Rússia, China e Estados Unidos para tentar, se for verosímil, traçar um novo busto”, informou.
Para o profissional, não será verosímil excluir a Índia dessa equação e a África teria que ser levada em consideração, principalmente devido à sua expansão demográfica acelerada.
“Todo o busto mundial vai ter que ser refeito. Requer muita coragem, muita perceptibilidade, pouca cobiça dos Estados e uma grande cobiça à humanidade porque a situação não está boa, não. Essa mudança é justa porque a Europa era um núcleo mundial e hoje não é mais, e será sempre menos”, completou.
Rússia
Já a Rússia sai fortalecida no cenário global dessa guerra com a novidade lance, tendo suas demandas atendidas, porquê a compra dos territórios do leste e a não adesão de Kiev à Otan, avaliou a doutora pela London School of Economics, Carolina Pavese.
“Direta ou indiretamente, os EUA estão ajudando Moscou a trespassar fortalecida perante o continente europeu. E ela ainda continua exercendo possante influência global, porquê na China ou com o Irã, países com os quais, ao contrário dos EUA, a Rússia tem um via de diálogo possante. Nesse sentido, fortalece a Rússia não só na região, mas na política internacional”, analisou.