Refugiados Compartilham Histórias E Vivências Em Feira No Rio

Refugiados compartilham histórias e vivências em feira no Rio

Brasil

 A libanesa Farah Al Najjar está há 3 anos no Brasil; o venezuelano Alejandro Echezuria, há 7 anos; e, o congolês Alfred Camara vive no país há 8 anos. Os três precisaram deixar os países de origem seja por conta de guerras, de conflitos sociais e econômicos ou das mais variadas formas de violação de direitos humanos e buscar refúgio no Brasil. Aos poucos, eles constroem uma novidade vida, mas contam que o trajectória não é fácil.

Antes de vir para o Brasil, Camara vivia na capital da República Democrática do Congo, Kinshasa. O país vive constantes conflitos. Foi para fugir da guerra que Camara chegou ao Brasil, onde conseguiu refúgio. Ele fez cursos de coquetelaria e chegou a trabalhar em um restaurante no Leblon, bairro sublime da zona sul carioca, mas acabou sendo exonerado na pandemia. Hoje ele tem a própria barraca, onde vende drinks na Pedra do Sal, lugar de valia histórica e cultural no meio do Rio.

Rio de Janeiro (RJ), 22/06/2024 – O refugiado congolês, Alfred Camaradurante prepara drinks no Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca, zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 22/06/2024 – O refugiado congolês, Alfred Camaradurante prepara drinks no Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca, zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Alfred Camaradurante prepara drinks no Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca – Tomaz Silva/Sucursal Brasil

“Até hoje tô lutando. Tu sabe, a vida do camelô porquê é que é. Às vezes chega a Guarda Municipal. É difícil mesmo, é difícil”, diz. Ele sonha em terebrar a própria empresa, mas não unicamente para ele, para os demais refugiados que lutam por um espaço em um novo país.

“Meu sonho, o que eu queira um dia, se Deus quiser, é terebrar uma empresa para poder ajudar o povo refugiado para chegar no Brasil”.

Camara transferiu, neste final de semana, a barraca da Pedra do Sal para o Rio Refugia 2024. O evento está na nona edição e marca o Dia Mundial do Refugiado, dia 20 de junho. A feira realizada no Sesc Tijuca, na zona setentrião do Rio de Janeiro, reúne gastronomia, oficinas culturais, tendência, artesanato e atividades para as crianças. São 27 barracas com representantes de 12 países.

Próxima à Ngolonisadrinks, de Camara, está a barraca Comida Chévere, de Echezuria. “Vendemos uma comida típica da Venezuela, que se labareda arepa, feita com farinha de milho pré-cozida”, explica o venezuelano, que veio para o Brasil há 7 anos com dois filhos, um de 7 e outro de 10 anos e com a esposa, na quadra, pejada de oito meses da terceira filha do parelha.

“Na verdade, não foi uma escolha, porque quando a gente foge da Venezuela, ou quando qualquer pessoa foge de um país, a gente não tem escolha, a gente vai para onde tem que ir. Portanto, não foi uma escolha, assim, vou para lá. A gente chegou cá de paraquedas e a gente ficou”, conta Echezuria.

Rio de Janeiro (RJ), 22/06/2024 – O refugiado venezuelano Alejandro Echezuria prepara arepas no Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca, zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 22/06/2024 – O refugiado venezuelano Alejandro Echezuria prepara arepas no Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca, zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Alejandro Echezuria prepara arepas no Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca – Tomaz Silva/Sucursal Brasil

Deslocados

De pacto com o Supino Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur), mais de 120 milhões de pessoas em todo o mundo estão deslocadas à força de suas casas devido a perseguições, conflitos, violência e violação de direitos. Isso significa que se todas essas pessoas vivessem atualmente em um mesmo território, elas formariam o 12º país mais populoso do mundo. Segundo o Acnur, esse número vem crescendo, e é mais do que o duplo do que havia há dez anos, em 2014, quando havia 59 milhões de pessoas vivendo nessa requisito.

Porquê uma das milhões de pessoas refugiadas no mundo, Echezuria sonha em se estabelecer e conseguir ter qualidade de vida. “Sobre os planos, a gente tem o nosso empreendimento, que é o Comida Chévere. É crescer com o empreendimento, tratar de terebrar um restaurante, uma loja. A gente agora é um microempreendedor, trabalha em feiras, em eventos, mas o porvir é crescer, ter uma loja física, estar um pouco mais estruturado”, diz.

Dos três, Al Najjar é a que está há menos tempo no Brasil, 3 anos. Na quadra, era casada, mas acabou se separando e hoje luta para viver sozinha com a filha de 3 anos, que nasceu já em solo brasiliano. “Eu estou tentando me apropriar, porque estou sozinha, não tenho família, não tenho suporte”, diz. Ela conta que encontrou escora em organizações porquê a Caritas. Também por conta da organização, hoje ela dá aulas de inglês.

Na feira, ela mostra aos visitantes a escrita sarraceno. “Na veras, é bom mostrar a nossa cultura para as pessoas porque, normalmente, só se conhece a segmento negativa da nossa cultura. E mormente a cultura libanesa, ela é uma mistura de culturas, por estar próxima à Europa, Ásia e África. Eu penso que está no meio do mundo. É uma mistura, as pessoas falam sarraceno, inglês, gaulês, tudo junto. Eu gostaria que as pessoas conhecessem o lado bonito da nossa cultura, que é feita de paixão e magnanimidade”, diz.

Para a filha, ela faz questão de ensinar a culinária libanesa e também de cria-la da forma porquê os pais a criaram, tratando muito as pessoas e valorizando a instrução. Al Najjar tem mestrado e diz que sempre estudou muito. A professora conta ainda que não é unicamente ela que ensina a filha, mas que também aprende muito com a moço. “Ela governanta dançar e tem essa personalidade que eu acho que é muito brasileira, ela governanta pessoas. Eu era mais tímida, mas agora, mudei muito por desculpa dela. Ela me ensina muito”.

Rio de Janeiro (RJ), 22/06/2024 – A refugiada libanesa, Farah Al Najjar durante oficina de escrita árabe, no Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca, zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 22/06/2024 – A refugiada libanesa, Farah Al Najjar durante oficina de escrita árabe, no Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca, zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Farah Al Najjar durante oficina de escrita sarraceno, no Rio Refugia 2024 – Tomaz Silva/Sucursal Brasil

Rio Refugia 

As trocas são o objetivo final da feira, de pacto com a organização. “É um lugar onde a gente tenta proporcionar um encontro entre as pessoas, entre as histórias, entre as culturas, para que a gente possa saber um pouco mais da cultura dos refugiados e entender porquê que a gente ganha quando a gente recebe essas pessoas”, diz a coordenadora do Programa de Atendimento a Refugiados (Pares) Caritas, Aline Thuller. 

“A gente sempre tem a tendência de pensar que o Brasil está ajudando refugiados. Na verdade, a gente cumpre um compromisso humanitário que foi assumido pelo país e quando a gente recebe essas pessoas, a gente ganha”, acrescenta.

“Quando a gente fala de refúgio, muitas vezes a gente quer saber o que motivou a saída, porquê que foi a chegada, o que teve de sofrimento. São pessoas que estão vivendo, construindo suas vidas, fazendo coisas muito bacanas, muito dinâmicas, trazendo e movimentando a economia e a cultura da cidade”,  diz a diretora pedagógica do Amplexo Cultural , Cacau Vieira. “São pessoas de vários lugares do mundo, com seus talentos com suas culturas, o que torna o envolvente mais dinâmico. Mais importante, eu acho que é uma data, logo, para a gente falar sobre distinção humana, sobre os direitos mais fundamentais”, complementa, o exegeta de projetos sociais do Sesc, Daniel Moura.  

Rio de Janeiro (RJ), 22/06/2024 – Festival Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca, zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Rio de Janeiro (RJ), 22/06/2024 – Festival Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca, zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Festival Rio Refugia 2024, no Sesc Tujuca, zona setentrião da capital fluminense – Tomaz Silva/Sucursal Brasil

O Rio Refugia 2024 é realizado todo ano pelo Amplexo Cultural, PARES Cáritas RJ, Feira Chega Junto e Sesc RJ, com o escora do Acnur. O evento ocorre no sábado (22) e domingo (23), entre 11h e 18h, no Sesc Tijuca, na Zona Setentrião do Rio de Janeiro.

Fonte EBC

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