Renata Castro Barbosa Fala Sobre Festival De Humor 17/01/2024

Renata Castro Barbosa fala sobre festival de humor – 17/01/2024 – Tony Goes

Celebridades Cultura

São Paulo

Renata Castro Barbosa não tem um nome extremamente publicado. Mas basta ver uma foto da atriz para lembrar de alguma das dezenas de novelas ou séries de humor de que ela participou.

Ao seu extenso currículo, Renata acaba de aumentar uma função: ela é a curadora da primeira edição do Festival Humor Contra-Ataca, que durante quatro finais de semana seguidos ocupará a mansão de espetáculos Qualistage, no Rio de Janeiro, com shows de comediantes stand-up.

O festival já está em curso. Começou na última sexta (12) e vai até o dia 3 de fevereiro. Entre os nomes do line-up estão humoristas consagrados uma vez que Leandro Hassum, Sergio Mallandro, Nany People e Os Melhores do Mundo, e outros nem tão famosos assim, uma vez que Babu Curso e Aaron Pinho.

Em meio a esse turbilhão, Renata encontrou tempo para conversar com o F5. Ela conta que o invitação para a curadoria do evento chegou em agosto do ano pretérito, e que ficou entusiasmada e assustada ao mesmo tempo. “Atriz é um bicho que se vende, né?”, conta ela, aos risos, numa entrevista por videoconferência.

“Eu queria reunir vários tipos de espetáculo. Queria trazer peças completas, artistas de circo, palhaços, gente de fora do país. Mas agradeço que a produção tenha segurado a minha vaga. Levante é só um primeiro momento, e eu nunca tinha feito zero parecido antes.”

“Janeiro também é um mês complicado, porque muitos atores estão de férias ou em edital. Eu queria ter a Fernanda Torres com a gente, com o solilóquio ‘A Vivenda dos Budas Ditosos’, mas ela está viajando”. No final, a curadoria focou no stand-up. Uma escolha acertada: o Qualistage, que tem capacidade para 3.500 espectadores, vem lotando todas as noites.

Espetáculos de stand-up para plateias imensas são comuns no exterior, mas nem tanto no Brasil. “Lá fora eles têm mais liberdade de fala. Cá nós somos cancelados a cada coisa que falamos fora do padrão.”

“A gente agora vive numa sociedade muito complicada, portanto todo mundo fica com temor de ser cancelado. Portanto você acaba falando menos e arriscando menos. Mas os comediantes têm que ter o recta de errar. Porque todo mundo erra e acerta o tempo todo, não é? Só temos que ter desvelo para não confundir liberdade de sentença com violação.”

Pergunto se ela tem escoltado as polêmicas em volta dos mais recentes especiais de Dave Chappelle e Ricky Gervais, acusados de fazerem piadas transfóbicas e capacitistas.

“Eu assisti aos programas para entender do que se tratavam”, responde Renata. “Tem coisas ali que me incomodam, mas não acho que seja caso de cancelamento. Uma coisa é você expressar aquilo para uma plateia, no contexto de um show. Mas, quando a mesma piada é tirada de contexto e vai parar na internet, vira outra coisa.”

“Os Trapalhões talvez não pudessem fazer hoje metade das piadas que faziam. Mas não é porque eles eram ou não racistas. Era uma outra sociedade. A gente tinha um outro olhar, e a função do artista é assinalar as mudanças.”

“Também estamos descobrindo que há coisas que realmente não podem ser ditas. Quando alguém ultrapassa esse limite, para mim não é nem questionável. É violação mesmo.”

Renata Castro Barbosa vem de uma família da classe subida carioca e encontrou alguma resistência quando decidiu seguir a curso artística. “Meu avô era um rostro muito sério, meio mal-humorado. Já minha avó me incentivava em tudo. Um dia ele me contou que ele assistia às minhas cenas em ‘Vale Tudo’ (a romance com que Renata estreou na TV, aos 14 anos, em 1988) escondido no quarto.”

A atriz foi casada com Bruno Mazzeo, pai de seu único rebento, João, que está com 18 anos e cursando faculdade de cinema. “Mas ele não quer fazer humor. É um garoto profundo, que diz que a arte precisa incomodar as pessoas.” Hoje, ela está casada com o também humorista Léo Castro.

E depois do festival? “Vai dar um vazio, evidente, foi tudo muito intenso.” Mas Renata já tem um sem-número de compromissos, entre gravações de séries, um solilóquio escrito pela roteirista Martha Mendonça e lançamentos de diversos filmes.

Entre eles, “Mallandro – O Inverídico que Deu Visível”, a cinebiografia de Sergio Mallandro, dirigida por Marco Antonio de Roble. “Você acha que vai rir do prelúdios ao término, mas é um soco no estômago. Muito emocionante, porque ele tem uma história de superação que a gente nem imagina.”

Mas tudo isso é para depois. Por enquanto, Renata ainda tem três fins de semana de festival pela frente. E já começou a pensar no do ano que vem, evidente.

Tony Goes nasceu no Rio de Janeiro, mas vive em São Paulo desde pequeno. Já escreveu para várias séries de humor e programas de variedades, além de alguns longas-metragens. E atualiza diariamente o blog que leva seu nome: tonygoes.com.br.

Folha

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