Rio de Janeiro
Renato Aragão, 90, diz que virou “um idoso chorão”. Anda mais emotivo que o habitual, e os últimos dias foram principalmente difíceis. O humorista, que por anos teve que mourejar com comentários pouco honrosos sobre sua personalidade fora do set, se viu diante de especulações sobre uma suposta relação conflituosa com a filha mais velha, Juliana, fruto de seu primeiro enlace.
Desta vez, além de ter sua saúde mental mais uma vez questionada, Renato foi criminado em um podcast de “esconder” Juliana. Ela é motorista de aplicativo, vive uma relação homoafetiva e usou suas redes para expressar que está em dificuldades financeiras. Renato nega que haja diferença de tratamento entre os filhos. “Ela é minha filha tanto quanto o Paulinho, o Ricardo, o Renato Jr. e a Lívian. Nunca fiz diferença —nem pela escolha sexual dela, nem por ser adotiva. Fruto é rebento”, diz.
Ele também nega ser uma pessoa rude ou que maltratava funcionários, uma renome que diz insistirem em atribuí-lo. Diz que era profissional para engrenar toda uma equipe e que trabalhava em prol do sucesso de “Os Trapalhões”. O humorista afirma que optou por não se manifestar publicamente sobre esses assuntos, mas agora já deu. “Não vou mais me emudecer”, diz, em entrevista exclusiva ao F5. Ele respondeu às perguntas enviadas por WhatsApp e fez um vídeo para provar que era ele mesmo quem estava falando —segundo ele, coube à sua assessora e à mulher, Lilian, o trabalho de digitar as respostas.
Uma vez que o senhor recebeu as críticas à forma porquê trataria sua filha mais velha, Juliana, recentemente publicadas em sites e nas redes sociais?
A renome traz dois lados, com os quais eu sempre lidei. Sempre carreguei o “outro lado”, de forma discreta, com o meu humor, tentando poupar os meus filhos, minha mulher, valorizando o que tem valor, que é o meu fã, a história do meu trabalho, dos meus colegas, dos filmes e dos programas de TV que fizemos juntos, das conquistas que tivemos, do que construímos. Nunca quis dar valor ao que não merece porque não agrega zero nem à minha história nem ao dia a dia de ninguém. E aí sempre optei por me emudecer. Deixar a margem passar.
Por que resolveu se manifestar agorar?
De uns anos para cá está ficando difícil, sabe? Porque não só eu mas a minha família tem sofrido uma campanha orquestrada de mordacidade, que tem método, usa patranha e desinformação porquê armas, é mal intencionada. O que começou com “ele não gosta de ser chamado de Didi” agora mira nos meus filhos, sabe? E aí passamos a tolerar cada vez mais.
Quem passou a tolerar?
Eu, meus filhos, minha esposa, as pessoas que trabalham comigo, os meus amigos, todos passamos a tolerar. Eu sempre preferi me emudecer, porque tenho mais motivos para agradecer do que para reclamar. Mas as pessoas estão repetindo mentiras que vêm de fontes maliciosas, com interesses específicos. Não vou mais me emudecer.
O que o senhor tem a expressar sobre os boatos referentes à sua saúde física e mental?
A minha saúde física está ótima, embora a pandemia tenha me oferecido uma ripada boa. Passei dois anos trancado em vivenda, o que me deixou muito só. Faço minhas caminhadas todos os dias, faço esteira, continuo trabalhando, escrevendo, estou com vários projetos em curso, tenho comparecido a eventos, cuido das minhas plantinhas, vou a banco, shopping, supermercados (que eu senhor), tenho vários cachorros e um monte de gatos.
O que mais o senhor gosta de fazer?
Eu senhor trabalhar, mas tenho outras paixões além do trabalho, porquê vôlei, futebol e cachorros. As pessoas adoram me matar na internet (risos). A globo da vez é a minha saúde. Veja, eu tenho 90 anos. Portanto não estou tão rápido quanto eu era. Mas o humor segue nas minhas veias sempre. Mas o tempo pesou. Ando emotivo demais e chorando muito. Chorei no Huck, no Altas Horas, no Fantástico. Dizem que a idade traz isso, essa emotividade. Eu virei um idoso chorão. Participo das reuniões com a notícia, gravo meus vídeos para as mídias sociais, que me divertem e senhor fazer isso. Mas eu continuo com 90 anos, né?
O que o senhor tem a expressar sobre os rumores de que “esconderia” sua filha Juliana, que foi às redes pedir ajuda financeira?
A Juliana é minha filha tanto quanto o Paulinho, o Ricardo, o Renato Jr e a Livian. Nunca fiz diferença nem pela escolha sexual dela nem por ser adotiva. Fruto é rebento. E sobre verba, nunca tivemos problema nenhum quanto a isso. Toda vez que ela precisou, ela teve. Meus filhos são autônomos, trabalham porquê diretores e músicos e estamos sempre juntos mesmo eles tendo suas próprias vidas e famílias. Não escondo ninguém, minha família sempre foi pública, tá até no Google, mas eles são discretos e têm vida própria e privado.
A Juliana mora com o senhor?
Ela sempre esteve com a mãe quando morou nos Estados Unidos e cá no Brasil. Ela adora encaminhar e gosta de cães. Acabou indo trabalhar porquê Uber de pets e depois porquê Uber. Foi uma escolha dela e digna, porquê qualquer outro trabalho. Na vida temos que trabalhar com o que amamos. Eu não achei zero de mais. Hoje a Juliana não mora conosco, mas a filha dela mora. Está com 17 anos, está indo fazer faculdade e tem uma relação incrível comigo.
E sobre a vaquinha para comprar remédios?
Nunca ouvimos falar disso. Se fez, foi por alguma razão pessoal dela. Recebemos a informação junto com todos vocês e ficamos tão surpresos quanto todo mundo.
Por que volta e meia surgem rumores, especulações contra o senhor?
Olha, eu acho que surgem rumores e especulações porque Os Trapalhões têm um universo de fãs espalhados pelo país. Nós fizemos secção do imaginário coletivo do país, logo o Brasil tem carinho por nós. Nossos filmes (foram 50) foram das maiores bilheterias da história do país, a gente enchia os cinemas. Fizemos secção da vida, da puerícia e do dia a dia de várias gerações de pessoas. É óbvio que há muito interesse e gera cliques. Há interesse financeiro por trás de muitos dos boatos e da campanha de mordacidade. E aí cria um ciclo vicioso. Sempre Deixei a margem passar, mas agora não mais. O ponto final está oferecido.
É um glosa recorrente que o senhor teria uma relação difícil com seus funcionários e que teria exigido ser chamado de “Seu Renato”, irritando-se quando o chamam de Didi.
Sobre relação difícil com os meus colaboradores, vamos por partes. Nos filmes, meu papel era também de líder, não só de colega ator. O que muita gente não sabe: a RA sempre foi uma produtora que mobilizou dezenas de empregos (muro de 100 por filme) na produção de dois longas ao ano. Isso exigia uma esquema de trabalho de entrega e dedicação, minha e dos funcionários.
O senhor já foi assinalado porquê uma pessoa rude e difícil de trabalhar.
Não é da minha natureza ser uma pessoa rude ou áspera. Dissemelhante do Didi, o Renato é um capricorniano que nutriz trabalhar. Minha paixão pelo trabalho foi o que fez a minha curso ter tanto sucesso, porque eu me dediquei muito. Eu sempre tentei dar ouvido a todos, mas tinha que manter voz de comando porque era muita gente, em produções imensas. Eu era responsável pelos empregos de todas aquelas pessoas, pelo sustento da família de todo mundo. Olha o tamanho da responsabilidade. Não era só o Didi fazendo piada.
Uma vez que era o seu modo de trabalho?
Eu fazia cinema com rigor, para entregar ao público muita qualidade. Fazíamos arte com dedicação. Nunca fui arrogante e sim profissional. O que muita gente não sabe é que eu, Dedé, Mussum e Zacarias sempre desempenhamos papéis diferentes. Eles eram atores junto comigo, mas eu atuava, escrevia e produzia também. Eu propunha as histórias, escrevia e participava criativamente dos roteiros. Eu também financiava os filmes. Por isso, óbvio, minha participação financeira era dissemelhante também Mas essa mito de que nos dávamos mal é só uma mito.
Por que acredita viver um movimento orquestrado contra o senhor?
Há uma campanha de mordacidade orquestrada, sim. Há uma série de ações sendo executadas com objetivos específicos. Há tempos há quem tente transformar grandes amigos em antagonistas meus. Eu e meus companheiros de trabalho fizemos tanta coisa juntos, foram tantos anos de trabalho que tirar algumas rusgas de contexto e transformar em inimizade não só é perversão, é um método para recepcionar verba com clique.
Por quê?
Imaginem isso: tentam pegar dois idosos que são amigos, irmãos, que se amam, porquê eu e Dedé, e colocar um contra o outro, em buscar de clique. E tentam desenterrar desentendimentos de trabalho de 40, 50 anos detrás, porquê se tudo não fosse normal, coisa de dia a dia profissional mesmo. A gente trabalhava junto, brincava junto, era camarada, fazia piada, fazia tudo junto, e provavelmente se chateava um com o outro, porquê acontece com todo irmão e com todo camarada.
Uma vez que o senhor se sente hoje?
Eu estou muito triste, mas também muito preocupado. Porque não sou só eu que sofro. A minha família sofre, meus filhos sofrem, minha mulher sofre, meus colaboradores são assediados e meus fãs, aqueles que me conhecem, sofrem também. Meus colegas antigos são assediados para falar mal de mim. Em procura de qualquer coisa que me desabone, qualquer coisinha, tudo que possa render alguns cliques a mais. Eu também fico revoltado. Porque são mentiras que ficam sendo repetidas.
O que senhor gostaria que acontecesse?
Que espeitassem a minha história, os meus 70 anos de curso, os meus 90 anos de idade, o meu legado, mas principalmente a história dos Trapalhões, a nossa amizade. Que parassem de usar mentiras para desqualificar uma história linda de paixão, alegria e amizade que marcou duas gerações inteiras. Que parassem de usar um camarada irmão contra outro. Que parassem de gerar discórdia onde só há paixão e gratidão. E que continuassem me chamando de Didi. Só isso que eu queria.