Renato Góes: 'sou Um Eterno Apaixonado Pela Minha Mulher'

Renato Góes: ‘Sou um eterno apaixonado pela minha mulher’ – 02/03/2024 – Mônica Bergamo

Celebridades Cultura

Pouco antes do início desta entrevista realizada por videoconferência, uma assessora de prensa da Mundo avisa que o ator Renato Góes tem um compromisso marcado para dali a 45 minutos: buscar o rebento mais velho na escola.

“No dia em que estou de folga [das gravações], faço questão de ir, de participar de tudo”, conta ele, com um sorriso no rosto, durante o bate-papo. Ao lado da atriz Thaila Ayala, com quem é casado desde 2019, o ator diz que formou a sua “família dos sonhos”. O parelha é pai de Francisco, 2, e Tereza, 10 meses.

Os laços de paixão e afeto que unem pais, filhos, irmãos, avós, tios e primos —e também os conflitos vindos dessa nem sempre fácil convívio— são o tema do próximo trabalho do ator na TV, “Família É Tudo”, trama das sete da Mundo, que estreia na segunda (4). No folhetim escrito por Daniel Ortiz, Renato faz o papel do mocinho Tom.

Recentemente, o ator se incomodou com uma postagem no X, idoso Twitter, de uma mulher dizendo ser fã dele e de Marcos Palmeira, mas defendendo que seria “urgente o folga de imagem” dos dois da tela.

“Fico sempre pensando nesses comentários, que têm sido recorrentes, e não entendo muito. Nos últimos cinco anos, desde ‘Órfãos da Terreno’ [2019], só fiz uma romance [“Mar do Sertão”, de 2022] e uma participação no início de outra [“Pantanal”]. Sigamos!”, rebateu Renato na publicação.

“Nem sei por que eu respondi, queria mais uma resposta para mim mesmo”, reflete ele. Embora afirme ter consciência de que a rede social não representa a opinião da maioria, Renato revela que queria entender se as pessoas realmente concordavam com aquela reparo. “Porque eu até ficaria feliz. Se eu só fiz uma única romance [no período] e estão achando isso, pô, é porque marcou, as pessoas estão gostando.”

“E aí foi super permitido, porque eu recebi um carinho muito grande uma vez que resposta”, completa.

O ator pernambucano de 37 anos diz não se preocupar com essa suposta urgência de trespassar de cena para que o público não se canse de ver o seu rosto na TV. “Me preocupo muito mais em entregar uma outra imagem, entendeu? Você pode ter certeza de que, se eu aceitei fazer um trabalho emendado no outro, é porque achei caminhos para conseguir entregar um personagem totalmente dissemelhante.”

Foi assim, diz ele, quando saiu de Zé Leôncio, do remake de “Pantanal”, para interpretar o vilão Tertulinho da trama das seis “Mar do Sertão”. Em princípio, os dois papéis tinham muito em geral: ambos eram filhos de fazendeiros, que “vinham de uma base estrutural machista”.

“Foi difícil. Procurei uma humanidade dissemelhante. Busquei um lado de comédia no Tertulinho. Mesmo sendo vilão, ele tinha um sentimento de verdade pelo outro. Foram coisas que fui trazendo para deixar muito distante do Zé Leôncio, que era um face de uma casca mais grossa, mais duro.”

Para fazer Tom de “Família É Tudo”, o duelo é outro. Personagem e ator têm muitos pontos semelhantes. Os dois fizeram faculdade de publicidade — apesar de Renato não ter terminado o curso — e são donos de uma produtora audiovisual e de um selo independente de música.

Aliás, Tom também é pai de um menino e de uma rapariga e é um “eterno enamorado pela Vênus”, a mocinha da história, vivida por Nathalia Dill. “E eu, com certeza, sou um eterno enamorado pela minha mulher. Somos um grande encontro de almas”, derrete-se Renato.

Para o ator, não há problema em emprestar características próprias ao papel. “Não fico brigando com essa sensação”, afirma. “A peleja comigo mesmo é encontrar outros pontos para que o face que eu vou apresentar lá não seja exatamente o Renato, já que há tantas coisas em geral comigo.”

A saída, afirma ele, é se apegar ao texto do responsável. “Fui percebendo, ao longo desses meus 20 e poucos anos de curso, que é normal a gente trazer para a nossa embocadura o texto, para permanecer mais proveniente”, explica. “Mas quando você usa as falas do jeito que estão, você acaba entrando na embocadura do responsável e apresenta um tanto novo. É um trunfo muito grande.”

Nascido em Recife, Renato mora há 19 anos no Rio de Janeiro, mas diz que nunca nem passou pela sua cabeça perder o sotaque pernambucano. No ar, porém, ele prefere neutralizar a forma de falar. Zero que se assemelhe a um carioca ou a um paulistano, avisa.

“Neutralizar é tirar maneirismos, os costumes de onde você fala, para deixar um lugar plural que poderia ser terreno de qualquer um.”

Renato relembra uma história curiosa que ocorreu em 2019, depois de ter feito Jamil, um refugiado libanês de “Órfãos da Terreno”.

“Logo depois da romance, fui fazer o filme ‘Macabro’. Quando o longa estava sendo montado, o diretor Marcos Prado liga para mim e fala assim: [Ele imita o profissional] ‘Faceta, tu vai ter que voltar cá. Porra, tu ‘salamelencou’ tudo'”, reconta, aos risos. “Ele falou que eu fiz o capitão do filme dele todo [com sotaque] mouro.”

Apesar do incômodo com a postagem sobre a urgência de folga de sua imagem, Renato diz ter uma relação ligeiro com as redes sociais. Nunca, por exemplo, teve de se alongar por motivo de ataques de ódio. E avalia que isso é fruto da forma tranquila com que lida com a exposição na internet.

Mesmo com um número cimeira de seguidores —1,3 milhão no Instagram—, ele não costuma mostrar minuto a minuto da sua vida real aos fãs. Suas publicações são, em universal, mais espaçadas e abordam divulgações de trabalho ou momentos com a família.

O ator diz ter ciência de que isso tem um ônus. “Deixo de produzir muito ali. É um retorno [comercial e financeiro] que deixo de ter”, afirma, em referência a publicidades e a outros trabalhos que poderia fazer em maior quantidade nas redes.”

Por outro lado, tenho um bônus, porque ninguém sabe exatamente uma vez que é a minha voz, uma vez que sou eu falando, fazendo piada”, diz.

“Esse caminho me deixa com uma vida mais tranquila, e o meu principal proveito é ter sempre um frescor na hora de apresentar novos personagens ao público.”

Foi pensando em sua curso artística que Renato Góes começou, quatro anos detrás, a cursar a faculdade de história. “Para poder ter mais voz em cada discussão política, social. Para poder ter mais bagagem, mais gavetas para penetrar toda vez que eu quiser aprender sobre um papel”, diz.

O problema é conseguir conciliar os estudos com seus outros compromissos. Renato ainda não sabe quando vai ter tempo para finalizar a faculdade. O grande travanca é que, para se formar, ele precisará executar um requisito fundamental: dar aulas. “Mas vou dar o meu jeito”, garante.

“Família É Tudo” será praticamente a primeira romance das sete do ator, embora a sua estreia na Mundo tenha sido em uma participação pequena em “Pé na Jaca”, trama que foi ao ar na filete horária em 2006.

“Eu fazia uns flashbacks, foi pouca coisa, mas me fez permanecer no Rio de Janeiro. Logo, tenho um carinho muito grande.” Curiosamente, Thaila Ayala também esteve no elenco do folhetim, mas os dois não se encontraram nem nos bastidores. Só foram se saber mais de uma dezena depois, em 2017.

Agora, a atriz também está em “Família É Tudo”, mas em outro núcleo. Em princípio, eles nem contracenam juntos. “Mas já dei uma indireta para o responsável [para eles dividirem alguma cena]”, diverte-se.

Renato afirma que ele e a mulher pensam em ter um terceiro rebento. “Mas mais pra frente. Um temporão, talvez um rebento de sangue, talvez um rebento do coração. A gente pensa em várias coisas que podem ser ou não, mas o que a gente mais quer é que estejamos felizes, super a termo e que ele venha no momento manifesto.”

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *