Ricardo Silveira Fará Show Em São Paulo 13/07/2024

Ricardo Silveira fará show em São Paulo – 13/07/2024 – Música em Letras

Celebridades Cultura

Um dos melhores guitarristas do Brasil, o carioca Ricardo Silveira, ou Ricardinho porquê muitos o chamam, fará um único show, na próxima sexta-feira (19), às 21h, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, apresentando o repertório do disco “Bom de Tocar”, lançado há 40 anos, além de outras músicas.

Neste momento, 15h, deste sábado (13), o músico que já tocou com o flautista norte-americano Herbie Mann (1930-2003), os cantores Milton Promanação e Elis Regina (1945-1982) e o rabino da música universal, o alagoano Hermeto Pascoal, estará em Garanhuns (PE) para tocar com um dos papas da MPB, João Bosco.

Shows e gravações com os melhores da música não lhe faltam, mesmo assim o artista que na próxima sexta-feira (19) se apresentará com seu quinteto formado por Rômulo Gomes, no ordinário, Thiago Big Rabello, na bateria, Renato Neto, nos teclados, e Pedro Silveira, na guitarra, topou dar uma entrevista exclusiva para o Música em Letras.

Entrevista essa que não poderia deixar de ser feita, pois o atemporal álbum “Bom de Tocar” (1984), lançado pela Poygram, virou livro pelas mão de Pedro Silveira, guitarrista e rebento de Ricardo, e merece muito ser lido para que se conheça mais sobre um dos músicos mais respeitados em sua arte.

O disco logo…nem te falo. Até porque – adoro usar essa frase – “Quando se fala sobre música, palavras não são o suficiente”. E sabe por quê? Porque tem que ouvi-la, principalmente a que é concebida por profissionais porquê o Ricardinho, que sabe e muito muito o que é bom de tocar.

Leia, a seguir, a entrevista exclusiva que o músico Ricardo Silveira concedeu ao blog e saiba, entre várias coisas, por que o artista considera “Bom de Tocar” um álbum, que se ele pudesse regravar, “não mudaria zero”.

Descreva o livro “Bom de Tocar” e cite a prestígio dessa publicação.

Sempre achei interessante a teoria de fazer um songbook, pensava em juntar as partituras que escrevia pra gravações e shows, mas nunca tinha parado pra fazer, até que o Pedro teve a teoria de fazer um livro, com minhas músicas, porquê dissertação de mestrado na Uni Rio. Essa foi a teoria inicial, mas o livro, além das partituras de 15 músicas, tem textos biográficos que contam histórias sobre as músicas, gravações, viagens, encontros, e ele fez isso com muito bom palato e zelo estético. Quanto à escolha das músicas, o critério dele foi escolher 15 entre as que eu havia gravado mais de uma vez. Gisela Zincone, da editora Gryphus, foi parceira e o livro ficou lindo.

Descreva o álbum “Bom de Tocar” e cite a prestígio dele na música brasileira.

No primícias dos anos 80, eu já tinha tocado com Herbie Mann, Elis Regina, Milton Promanação, Gilberto Gil e estava gravando com muita gente. Certa vez, na Polygram, durante uma gravação do Zé Renato (ou do Boca Livre), conheci o Roberto Menescal, que era o diretor artístico da gravadora, e um face sensacional, além de sua prestígio histórica porquê músico e compositor muito querido por todos; e aquele encontro foi um divisor de águas. Ele [Menescal] perguntou se eu compunha. Na hora eu disse que sim, porque tinha alguns temas e ideias, mas fui pra lar e comecei a trabalhar, por que ele pediu uma fita pra mostrar numa reunião. Depois de ouvir a fita demo, ele sugeriu que eu fizesse um disco instrumental, literalmente abriu as portas. Os estúdios estavam já ocupados com inúmeras gravações e eu também tinha viagens, logo fomos fazendo o disco aos poucos, com calma, em horários alternativos, que foi lançado em novembro de 1984. Quanto à prestígio dentro da imensa música brasileira não sei, mas ao longo dos anos, tocando pela vida, encontrei e continuo encontrando pessoas ou recebendo mensagens de gente que tem carinho pelo “Bom De Tocar”, e, consequentemente, pelo trabalho que começou ali. Logo é certamente importante para mim.

O álbum “Bom de Tocar” foi lançado há 40 anos, você ainda o considera atual? O que você modificaria ou não nele caso o gravasse novamente?

Não mudaria zero, é porquê uma foto ou um filme daquele momento, a qualidade do som é boa, e mesmo que datada, me traz boas lembranças. Algumas músicas do disco tiveram outras gravações e arranjos diferentes. É bacana ouvir as músicas soando muito ao longo dos anos. Acho que, na origem, uma melodia assoviada, por exemplo, pode ser atemporal, ou pelo menos palato dessa teoria.

Descreva uma passagem do livro que, ao lê-la, você ainda se emociona.

Cada vez que olho para o livro e lembro que foi feito pelo Pedro e porquê trabalho de mestrado, é emocionante.

Descreva três ou mais músicas do álbum que estão no repertório do show.

“Bom De Tocar”. Foi talvez a primeira [música] que compus sabendo que ia ser gravada, pensando na melodia para a guitarra. A gravação original tem uma sonoridade oportunidade, pra fora. Acho que a partir dali foi que surgiu o invitação e fiz as vinhetas da rádio Orbe FM, que ficaram dez anos no ar. Essa é uma música que, em universal, tem que estar nos shows e a gravei umas três vezes: em levada de samba, no disco, “Até Amanhã”, e em baião, no disco “Jeri”, gravado ao vivo, em Jericoacoara.

“Portal Da Cor”. Foi gravada no disco com o nome “55”, que era o número do prédio em que eu morava. Quando o disco saiu eu tocava com o Milton Promanação e dei um disco pra ele de presente. Um dia, numa conversa, eu disse que gostaria de fazer uma cantiga e seria um sonho fazer uma com ele. Milton disse que tinha gostado desse tema e já tinha uma teoria pra letra. A partir dali [ a música] passou a se invocar “Portal Da Cor”, ela está no livro e no show.

“Rock”. Dar nome à músicas que não têm letra, pode ser difícil, e às vezes a gente quando vê só falta aquilo, e foi o caso dessa, que ficou com o nome que eu usava no rascunho. Depois, quando a gravei de novo no disco “Amazon Secrets”, para a Verve Forecast, eles pediam um nome em inglês, se provável. Essa música tem uma vaga pra cima, tom maior, contente. Logo a chamei de “Lets Move One”.

“Extremidade Do Mar”. A primeira gravação dessa música é do disco “Highlife” (1985). Foi gravada com um grupo formado por Nico Assumpção (1954-2001), Luiz Avellar, Carlos Balla e Steve Slagle. É uma das mais conhecidas entre as minhas músicas. Ela está nos discos “Até Amanhã” e “Jeri”, também com arranjos muito diferentes em cada um.

“Tango Carioca”. Esta foi feita no teclado, a risco de ordinário surgiu primeiro, achei que tinha alguma coisa de tango; gravei num sequenciador midi junto com um contratempo tocando semicolcheias, o que dava um contraste interessante. Depois, fiz a melodia quase que brincando com a teoria de um pranto, junto com o tango. Lembro que o Serginho Trombone me telefonou e quando atendi ele ouviu aquilo e perguntou o que era, pediu pra ouvir melhor e me disse pra ir fundo, que eu tinha que trabalhar naquela teoria. Passaram-se uns anos e a gravei no disco “Noite Clara”, que teve indicação ao Grammy Latino.

Qual critério você utiliza para escolher os músicos de sua margem?

Entre os muitos amigos músicos incríveis com quem palato de tocar, alguns conhecem muito meu repertório. Às vezes, viajo sozinho e toco com músicos locais; muitas vezes já são amigos que apresentam outros, e também há situações em que convido ou sou convidado por indicação, e a família músico segue aumentando.

Comente a relevância de cada músico da margem do show, citando as características musicais de cada um.

Rômulo Gomes, contrabaixo. Há uns 20 anos eu fazia a direção músico do show “Ney canta Cartola”, e o Rômulo, às vezes, fazia sub para o Jorge Helder. Um dia na passagem de som, ele começou tocar uma música minha e depois outras. O Rômulo me surpreendeu, pois conhecia todas, aliás conhece qualquer música, e a partir dali fizemos muita coisa juntos, shows, discos etc.

Thiago Big Rabello, baterista. Conheci o Big há uns dez anos e, além de ser um superbaterista é produtor, sempre envolvido em projetos bacanas, é um realizador. Produziu, gravou e mixou um disco nosso, em trio, com Guto Wirtti. Fizemos shows juntos e vai ser muito bom fazer esse show com ele.

Renato Neto, tecladista. Conheço o Renatinho há muitos anos, moramos em LA na mesma idade, acho que ele chegou lá em 92. Gravamos, tocamos, viajamos e porquê fã ia testemunhar o trio dele, às terças-feiras, no Lá Vee Lee, onde o Prince o viu tocar. A partir dali, eles trabalharam juntos por uns onze anos. Estou sempre vigilante à possibilidade de tocar com ele e é sempre ótimo.

Pedro Silveira, guitarrista. Tem sido muito bacana tocar com o Pedro. No caso desse show, ele cresceu ouvindo as músicas do repertório e sempre acrescenta um pormenor que se encaixa perfeitamente.

Seu rebento Pedro optou por tocar o mesmo instrumento que você. Porquê você acolheu essa decisão e o que há na sonoridade dele que você identifica porquê vindo de você?

A princípio me preocupei, apesar de ser o mesmo caminho do meu, são momentos diferentes do mundo. Mas através dele vejo que, hoje em dia, tem trabalho nos musicais, nas plataformas de gravação. O Pedro grava para o mundo todo, online, a partir da plataforma Musiverso, e vai seguindo seu caminho. Ele já tem dois discos gravados e toca no BondeSom, que é uma margem ótima que já tem uma historia. Momento dissemelhante do que peguei com a industria fonográfica bombando, muitas gravações, era bom tocar com os grandes artistas da MPB, e nos EUA também. Quando gravei meu primeiro disco, apesar de ser música sem palavras, naquele momento tocava no rádio. Se eu tiver que mostrar alguma coisa na musicalidade do Pedro com a qual me identifico é a sonoridade e o lirismo. O som dele é sempre bom e a gente gosta de melodias mesmo na hora de improvisar. E tem o swing, ritmicamente a gente se entende muito.

O que as pessoas devem ter em mente e esperar do show da próxima sexta-feira (19), em São Paulo?

O show é uma celebração de 40 anos do “Bom de Tocar”, e o repertório é fundamentado no livro. Ter o Pedro, junto no palco, com o Renato e o Big vai ser emocionante. Venham!

SHOW RICARDO SILVEIRA QUINTETO

ARTISTAS Ricardo Silveira Quinteto

QUANDO Sexta-feira (19), às 21h

ONDE Sesc Belenzinho, r. Padre Adelino, 1000, Belenzinho, São Paulo, tel.(11) 2076-9700

QUANTO De R$ 15 a R$ 50

Folha

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