A cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, e a Baixada Fluminense, na região metropolitana, são as áreas do estado com maiores riscos de alagamentos provocados por temporais. O alerta é do professor Paulo Canedo, do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federalista do Rio de Janeiro (Coppe/UFRJ), no contexto em que o estado se prepara para fortíssimas chuvas, previstas para esta sexta-feira (22).
Canedo coloca Petrópolis no topo da lista de preocupação. A cidade tem histórico de tragédias causadas pela chuva, uma vez que a que deixou mais de 230 mortos em fevereiro de 2022.
O alerta se dá pelo vestimenta de três rios correrem para o núcleo da cidade. “Dos três, somente um corre, mais ou menos, dentro da sua calha normal, é o rio que aguenta um extravasamento, o Piabanha. Os rios Quitandinha e Palatinato não aguentam, extravasam com facilidade, mesmo com chuvas não muito grandes”, explica à Sucursal Brasil o profissional em gestão de recursos hídricos.
O professor ressalta que o Palatinato recebeu um meandro, que funciona uma vez que uma proteção contra transbordamentos, no entanto, ainda não de forma totalmente adequada. “Está protegido com alguma dificuldade porque a proteção não está completa”.
O Quitandinha é considerado o pior de todos, de contrato com Canedo, pois transborda com facilidade em quase toda a extensão. Ele passa por uma das principais áreas do município, onde fica, inclusive, o Museu Imperial, atração turística da cidade.
“Os três rios chegam no mesmo ponto. Qualquer um deles já faz um estrago. Os [transbordos dos] três juntos causam um estrago enorme. Por isso que Petrópolis é uma fragilidade muito grande”, avalia.
Baixada Fluminense
Na sequência das preocupações, Canedo aponta a Baixada Fluminense. São municípios mais próximos da capital fluminense e que sofreram com enchentes há murado de dois meses.
Ele cita os rios Iguaçu e Sarapuí uma vez que principais causadores de enchentes. Uma das características geográficas da região é ter enormes áreas de alagamentos, atingindo diversos bairros.
Paulo Canedo é um dos autores do Projeto Iguaçu, elaborado entres os anos de 2005 e 2006 pela Coppe em cooperação com o governo fluminense, para solucionar o problema das enchentes na região.
Ele explica que a estrutura de proteção contra cheias, formada por diques e bombas, mitigaram o problema por anos, mas deixaram de receber manutenção a partir de 2015.
“Criou-se uma infraestrutura de proteção que era efetiva, protegia a região. Parou de proteger porque não teve manutenção”. Canedo explica que a região tem a presença de diques, que formam pôlderes (uma porção de terrenos baixos, planos e alagáveis), que sofrem uma influência do mar muito grande.
“Mesmo que não tenha chuva possante, ele tende a inundar, porque a chuva do mar volta. Para que isso seja evitado, constrói-se um dique que impeça a chuva do mar de invadir regiões onde tenha gente morando”, explica.
Canedo acrescenta que o mesmo dique que impede a chuva de subir, também impede a chuva da chuva que vem pelo continente seguir para o mar. “Esse dique deve ter comportas que só permitem fluxo em um sentido, descem a chuva. Essas comportas precisam de limpeza, manutenção”. Ele lembra que na chuva do prelúdios deste ano, esse sistema não funcionou para evitar inundações.
Assoreamento
Outra mortificação levantada pelo pesquisador da Coppe é a que envolve o rio Acari, que nasce em Bangu, na zona oeste do Rio de Janeiro e segue até o limite com Duque de Caxias, já na Baixada, onde desagua no rio Meriti, que chega à Baía de Guanabara.
“Vem passando por regiões pobres e com ocupação desordenada. É um rio com margens muito habitadas, precisando de obras grandes. Está com certa dificuldade na foz, são assoreamentos que precisam ser corrigidos. Precisa de uma limpeza possante do leito do rio”.
O professor estima que a extensão da extensão necessitada de dragagem chega a 3 quilômetros. Apesar de o problema principal ser no término do rio, Canedo faz uma semelhança para explicar que as consequências são percebidas ainda na zona oeste carioca.
“Se o ralo está entupido, que é a saída do rio, a chuva em cima não desce”.
Governo estadual
Procurada pela Sucursal Brasil, A Secretaria de Estado do Envolvente e Sustentabilidade informou que cadastrou o Projeto Iguaçu no novo Programa de Aceleração do Incremento (PAC), do governo federalista, e trabalha com o Ministério das Cidades para obter recursos para financiamento das obras, orçadas em, aproximadamente, R$ 730 milhões. A proposta segue em estudo pela União.
Já o Instituto Estadual do Envolvente (Inea) informa que executa, por meio do Programa Limpa Rio, a limpeza e o desassoreamento do trecho de murado de um quilômetro do Rio Botas, desde o dia 15 de janeiro, minimizando os possíveis danos de um novo temporal. Desde portanto, foram removidos murado de 13,2 milénio metros cúbicos de sedimentos.
O Inea informa ainda que duas bombas fixas que compõem o Pôlder do Outeiro estão em funcionamento e que a licitação para a contratação do projeto e construção de uma lar de bombas, um sistema de comportas do Pôlder Pilar e complementação de um parque urbano no Pôlder do Outeiro (Lote XV) – nos limites dos municípios de Duque de Caxias e Belford Roxo – já foi iniciada e está sendo atualizada para atender novos requisitos estabelecidos por lei federalista.
Há também um contrato, já assinado, para a manutenção e reparo das bombas e reparos na lar de bombas do Outeiro.
A secretaria e o Inea informam que atualmente há oito bombas em funcionamento no Meato do Outeiro e há a previsão da chegada de outras seis hoje no Meato do Pilar. Os equipamentos não são fixos e atuam de forma emergencial.
Outrossim, o Inea disponibilizou maquinário e pessoal que já atuam na região a término de diminuir os possíveis impactos das fortes chuvas. As equipes dos órgãos ambientais estaduais estarão de plantão 24h por dia durante leste término de semana.