Estreia desta quinta-feira (25) coloca atriz em triângulo amoroso (e na corrida pelo Oscar). Luca Guadagnino, diretor de ‘Me chame pelo seu nome’, faz o melhor filme do ano. Falar que “Rivais” é o melhor filme do ano seria, de alguma forma, reducionista.
O novo drama dirigido por Luca Guadagnino (“Me chame pelo seu nome”) é tesão e tenacidade em sua forma pura – traduzidos pelas formas torneadas de seu jovem triângulo amoroso, interpretado por Zendaya (“Euphoria”), Mike Faist (“Paixão, sublime paixão”) e Josh O’Connor (“The crown”).
A estreia desta quinta-feira (25) nos cinemas brasileiros também é um filme de tênis. O melhor o melhor desde “Match Point” (2005). Mas vai muito além.
Porquê em todos os seus precursores o esporte é uma metáfora, sim, mas o que o diferencia dos demais é que é, ao mesmo tempo, forma e mensagem, corpos e teor.
Há tempos não se via no cinema um tesão tão inextinguível, em um sentido que vai além do sexual. No filme, o libido é sexual e é tenacidade e é obstinação – constantes e perpétuos.
“Rivais” é o resultado da mistura certeira de um elenco no auge – Zendaya tem tudo para lucrar sua primeira indicação ao Oscar – e o olhar sensível de um diretor que sabe porquê soerguer uma partida qualquer de um campeonato do clube de bairro em uma final de Grand Slam.
Tudo funciona tão muito que até a trilha sonora de Trent Reznor e Atticus Ross (“A rede social”), formada basicamente por canções de um eurodance tão desordenado que não tinha o menor recta de ser boa, se torna instantaneamente clássica.
Assista ao trailer de ‘Rivais’
A grande sacada
O roteiro de Justin Kuritzkes, dramaturgo que estreia no cinema, acompanha três jovens tenistas em dois momentos distintos. No primeiro, quando os dois jogadores (Faist e O’Connor) disputam a atenção da grande e obstinada promessa (Zendaya).
O segundo, costurado na história de forma não linear, anos depois, com a ex-atleta afastada das quadras por razão de uma lesão e casada com um dos antigos pretendentes (e agora vencedor renomado).
Em outras mãos, uma sinopse dessas seria o suficiente para conseguir uma circulação pequena em festivais independentes – e prometer sua limitação a isso.
A combinação do terreno com Guadagnino e Zendaya (além dos outros dois promissores talentos), no entanto, cria uma expectativa.
Quando o trailer foi lançado, em 2023, muito se esperava da teoria da atriz com seus dois twinkies (um sobrenome da comunidade LGBTQIA+ para jovens bonitinhos e esbeltos e adotado com jeito pelas redes sociais para a dupla).
Ninguém poderia prever que o quarteto levaria tais perspectivas para outro nível com tamanha facilidade.
Josh O’Connor e Zendaya em cena de ‘Rivais’
Divulgação
Sob o olhar do cineasta, o triângulo amoroso forma uma tensão sexual daquelas que conseguiriam parar uma guerra, e que só não exaure o público por energizá-lo no processo.
Seria provável destinar mais incontáveis parágrafos ao dom que o cineasta já havia demontrado em “Me chame pelo seu nome” (2017) e que agora supera porquê se fosse um dia qualquer.
Mas, em entrevista ao g1, a própria Zendaya classifica com sublimidade:
“Não sei se é porquê ele meio que foca nos personagens, ou nas atuações. Não sei se é a forma porquê ele posiciona a câmera, ou porquê ele escolhe se prolongar nos personagens por um tempo a mais. Seja lá o que for, acho que ele é lustroso em gerar essa robustez entre os personagens.”
Partida perfeita
Em “Rivais”, Guadagnino consegue uma partida perfeita. Tanto que é difícil estabelecer se o diretor é ajudado por sua equipe ou se é ele quem os eleva.
O vestimenta é que Zendaya, uma das maiores estrelas em subida em Hollywood, finalmente consegue o papel para mostrar que seu poder é derivado de um tanto além de seu infinito carisma (e olhar para a voga).
Josh O’Connor em cena de ‘Rivais’
Divulgação
Apresentada inicialmente porquê um ser quase inatingível pela visão jovem e enxurrada de hormônio dos rapazes, a protagonista apresenta com o tempo uma obstinação mitológica mas extremamente humana.
Difícil imaginar outra atriz da atual geração que poderia erigir, em somente duas horas, uma dicotomia tão grande entre ídolo e pessoa.
Do outro lado, Faist e O’Connor se sustentam com pundonor e perdão em oposição à força da natureza objeto de sua surpresa – e, com mais de 30 anos, conseguem manter a ilusão de menores de idade durante boa secção da história.
Mas não há prova maior do domínio de Guadagnino do que a costura entre montagem e a trilha sonora completamente sem freio de Reznor e Ross.
Com um flerte desvairado com o que há de pior da música eletrônica europeia, as canções invadem o filme sem pedir licença e por diversos momentos se impõem sobre o drama. Na teoria, não há uma situação em que isso deveria funcionar.
Em pouco tempo, “Rivais” faz disso um trunfo. Em paralelo com seus protagonistas, o filme aceita que, às vezes, só se pode admitir as jogadas que a vida oferece – e fazer delas pelo menos um momento perfeito de tênis. Ou um tanto assim.
Mike Faist e Zendaya em cena de ‘Rivais’
Divulgação
Fonte G1
