Robert Altman, 100, Renovou Seu Cinema, Livre E Agressivo

Robert Altman, 100, renovou seu cinema, livre e agressivo – 19/02/2025 – Ilustrada

Celebridades Cultura

Robert Altman, que completaria século anos nesta quinta-feira, não esperou chegar ao cinema para mostrar uma vez que a sua personalidade era complexa e, não vasqueiro, agressiva. Fruto mais velho de uma família abastada de Kansas City, alistou-se em uma vez que copiloto de aviões B-24, de bombardeio, durante a Segunda Guerra.

Pouco tempo depois obter baixa, casou pela primeira vez e foi morar em Los Angeles. O cinema não estava em seu horizonte. Ganhou a vida uma vez que pôde e, para relaxar, adquiriu o hábito de ir às salas de exibição uma vez que forma de relaxar. Ali se interessou por cinema, tentou trabalhar uma vez que ator e começou a grafar argumentos e roteiros. Sem vitória em nenhuma das frentes.

Separou-se da primeira mulher e voltou para Kansas ainda nos anos 1940, onde começou a fazer filmes institucionais, o que foi sua grande escola de cinema, e casou pela segunda vez. Obteve os meios para fazer um pequeno filme, “Os Delinquentes”, mas se desentendeu com o produtor, pois queria montá-lo em Los Angeles, e o produtor se recusava a remunerar sua passagem. Largou a segunda mulher e voltou para a Califórnia.

A partir de seu retorno começa a trabalhar na televisão, em séries uma vez que “Alfred Hitchcock Apresenta”, “Combate”, “Bonanza”. Se aperfeiçoou seu trabalho uma vez que diretor, o que o fez publicado, naquele momento, foi o temperamento. Da franqueza à agressividade, que atingiam a quem quer que fosse. Porquê hábito, brigava com os chefes e, uma vez que retribuição, era destituído.

As coisas estavam mal para ele desde que deixou o “Kraft Suspense Theater”, dizendo que o programa era tão ruim quanto os queijos fabricados pelo patrocinador, a Kraft. Depois dessa, sua curso poderia muito entrar em parafuso, não fosse o encontro com o agente Carlos Litto, de temperamento semelhante, conforme Peter Biskind, responsável de “Porquê a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n’Roll Salvou Hollywood”.

Ambos gostavam de tomar, de não levar desaforo para lar, de proferir o que pensavam. Segundo Litto, Altman lhe dava muito mais trabalho do que quantia: “Mas eu gostava dele, porque era um rebelde espalhafatoso, subversivo, maluco.”

Foi Litto que lhe apresentou o roteiro de “M.A.S.H.”, que ninguém topava fazer —inclusive William Friedkin, segundo Biskind. Nesse meio-tempo, Litto havia conseguido outros filmes de televisão para encaminhar, mas, sobretudo, havia introduzido a maconha na vida do diretor. Se a bebida tendia a torná-lo ofensivo, a maconha o acalmava, uma vez que que apagava o lado sombrio de sua personalidade.

Ainda assim, “M.A.S.H.” tinha tudo para se tornar uma produção problemática, menos por Altman, e mais pela Fox, produtora conhecida por seu conservadorismo. Na verdade, Robert Altman ameaçou deixar o projeto antes de ele encetar, para desespero de sua terceira (e última) mulher. Litto tranquilizou-a: ele vai fazer o filme, porque tem tantas dívidas que vai fazer, queira ou não queira.

Altman até conseguiu driblar os executivos. Mas eles estavam certos de que seria preciso remontar todo aquele lixo. Ao menos até que uma sessão prévia mostrou que o filme, sobre o qual o diretor tivera grande controle, tinha tudo para ser um sucesso.

A comédia irreverente, embora situada na Guerra da Coreia, caía uma vez que uma explosivo sobre a Guerra do Vietnã e foi zero menos que a terceira melhor bilheteria nos Estados Unidos de 1970 —mesmo ano de “Love Story”—, que caiu no palato dos críticos, a encetar por Pauline Kael, ganhou a Palma de Ouro em Cannes e emplacou com força na Europa.

Mas o lado autodestrutivo de Altman logo viria a se manifestar: deu uma entrevista dizendo que a Fox estava em estado pré-falimentar, o que torpedeou de vez a chance dos executivos cumprirem a promessa de lhe dar 5% da bilheteria, uma vez que indemnização pelo sucesso do filme.

Em troca, ganhou prestígio e uma independência digna da Hollywood dos anos 1970. Ele, 15 anos mais velho que Francis Coppola, 21 mais que George Lucas. O roupa é que realizou alguns dos filmes mais representativos da dezena: “Voar É com os Pássaros” (1971), “Onde os Homens São Homens” (1971), “Renegados Até a Última Rajada” (1974), “n” (1974), “Nashville” (1975), “Três Mulheres” (1977), “A Cerimônia de Tálamo” (1978), “Quinteto” (1979), “Popeye” (1980).

Entre um e outro, no entanto, um lado depressivo de Robert Altman aflorava e se impunha —mesmo em alguns desses citados supra, é verdade—, o que aos poucos levou a curso a ser novamente posta em questão.

Altman ressurgiria em grande estilo em 1992, com “O Jogador”, ousada comédia dramática sobre o meio da produção cinematográfica que lhe valeu uma indicação ao Oscar. Vieram depois “Shot Cuts: Cenas da Vida” (1993, Leão de Ouro em Veneza), “Prêt-à-Porter” (1994), “Kansas City” (1996).

Mas um novo apagão parecia rondar sua produção, até que “Dr. T e as Mulheres” (1999), inesperado filme sobre os problemas vividos por um célebre ginecologista revela um Altman uma vez que já não se esperava mais: renovado. Essa sentimento foi confirmada por “Assassínio em Gosford Park” (2001), refilmagem de “A Regra do Jogo”, de Jean Renoir.

Pode-se proferir que, entre altos e baixos, sua curso foi marcada pela independência. Seus filmes foram ora felizes, ora irreverentes, ora tensos, ora autodestrutivos e neles, com frequência, pairava a sombra da melancolia.

Ela é que marca “A Última Noite” (2006), sobre um programa músico de rádio que chegava ao término. Notação melancólica sobre as mudanças que o tempo impõe, e, ao mesmo tempo, tentativa de restaurar a formosura de sentimentos passados.

Naquele mesmo ano, Robert Altman recebeu um Oscar honorário e, no dia 20 de novembro, morreu em Los Angeles, aos 81 anos, vítima de cancro. Sobreviveu com independência em um meio que odeia a independência, foi um cineasta livre, no sentido clássico da termo liberdade —e não o usurpado pela extrema direita, muito entendido.

Foi não vasqueiro contraditório, inconformista quase sempre, e dotado de um olhar original para o mundo que o cercava e as imagens que criava. No sucesso e no fracasso consolidou-se uma vez que um dos principais autores e uma vez que um grande rabino do moderno cinema dos Estados Unidos.

Folha

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *