Com o drama meloso e sensível de “Forrest Gump: O Contador de Histórias”, Robert Zemeckis conquistou seis estatuetas do Oscar, US$ 678 milhões em bilheteria e um lugar na lista do Instituto Americano de Cinema dos século melhores filmes produzidos nos Estados Unidos.
De lá para cá, entre erros e acertos, o diretor se aventurou por uma miríade de gêneros e, três décadas depois, chegou ao trabalho que mais se aproxima do longa de 1994. Em “Cá”, que estreia nesta semana, Zemeckis repete não só o tom, mas outros elementos que ajudaram a perpetuar “Forrest Gump”.
Ele retoma, por exemplo, a parceria de longa data com o compositor Alan Silvestri, que emula a trilha sonora noventista nesta novidade invasão. Põe, em cena, Tom Hanks e Robin Wright para trocar juras de paixão e palavras ásperas. Por término, usa sua câmera para mais uma vez produzir uma crônica da história dos Estados Unidos –agora, a partir de um só endereço.
Adaptação do quadrinho homônimo de Richard McGuire, “Cá” está mais preocupado com o seu cenário do que com seus personagens. O filme acompanha fragmentos da vida de várias pessoas que habitaram um mesmo endereço, em diferentes momentos da história.
Estática, a câmera enquadra um pedaço de mata há milhões de anos, quando a Terreno ainda era morada de dinossauros. Aos poucos, ela testemunha aquele sítio inóspito e selvagem evoluir –um parelha de indígenas faz dele seu ponto de encontros amorosos e, depois, um colono o transforma em jardim de um enorme casarão.
Décadas vão passando e o terreno vira um lar. Primeiro para recém-casados que temem o progresso da gripe espanhola, depois para um inventor dos anos 1940, mais adiante para um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial e, enfim, para uma família presa entre aquelas paredes por motivo da pandemia de Covid-19.
Mas são os personagens de Hanks e Wright que realmente importam. Ele vive um dos três filhos criados pelo soldado americano, que convida a namorada para morar na vivenda dos pais depois de engravidá-la. Ali, eles vivem momentos de tristeza e alegria, perdas e conquistas, paixão e brigas.
“O primeiro passo que demos foi discutir o porquê de fazer oriente filme. Depois de várias conversas filosóficas e até relacionadas a espiritualidade, refletimos sobre a impermanência da vida, e partimos daí”, diz Hanks sobre a teoria de que tudo é passageiro, de que mudanças são secção proveniente da nossa existência, muito associada ao budismo. “A única manente da vida é que ela muda”, completa Zemeckis.
“Não é que eu seja fascinado pelo tempo, mas qualquer história que lide com a manipulação dele fica melhor no cinema. O cinema é, por si só, uma arte que se aproveita dele. Nós, enquanto diretores, escolhemos uma janela de tempo dentro de nossas histórias, negamos ao testemunha entrada ao que está fora dela”, diz o cineasta.
Das lentes da câmera estática, vemos as vidas de Richard e Margaret, os personagens de Hanks e Wright, avançarem da puberdade até a terceira idade. Observamos o promanação de seu fruto, a morte de seus pais e, numa das cenas mais tocantes, um colapso quando ela assopra as velhinhas de seu natalício de 50 anos e percebe que, porquê o testemunha, ficou presa naquela vivenda, sem realizar sonhos ou saber o mundo.
Apesar do tema da impermanência da vida, alguma coisa que pouco mudou foi o entrosamento de Zemeckis e seus atores. Wright conta que o primeiro dia de set de filmagem foi porquê uma prosseguimento direta do último dia de gravações de “Forrest Gump”.
“Foi porquê se, ironicamente, tempo nenhum tivesse pretérito. O Tom literalmente me viu e disse ‘precisamos terminar aquela conversa que começamos há três décadas’. Nesta indústria é uma bênção estar entre pessoas que você conhece, portanto foi uma experiência incrível retomar essa parceria”, diz ela.
Para poder trabalhar com ela e com aquele que é seu maior muso cinematográfico, estrela também de “Náufrago”, “O Expresso Polar” e do recente “Pinóquio”, Zemeckis precisou recorrer a tecnologias de ponta para rejuvenescer Hanks e Wright. Nenhuma novidade até aí, já que o cineasta virou figura célebre em Hollywood justamente por confederar suas ambições artísticas a avanços tecnológicos, porquê já havia feito na trilogia “De Volta para o Horizonte” e em “Uma Cilada para Roger Rabbit”.
Em “Cá”, Hanks e Wright foram rejuvenescidos usando perceptibilidade sintético. Não que eles sejam exatamente convincentes porquê jovens de 20 e poucos anos –boa secção do charme do filme reside nesta artificialidade–, mas uma “plástica virtual” permitiu que seus rostos não carregassem as marcas de seus 68 e 58 anos por boa secção da trama.
Foram US$ 50 milhões, tapume de R$ 305 milhões, de orçamento para um filme que, tirando a técnica e seus astros, não tem zero de muito custoso –o set de filmagem se limitou a um cubículo, enfim. Por meio de perceptibilidade sintético generativa, todos podiam ver os rostos rejuvenescidos em tempo real, graças à rapidez do processamento e ao “machine learning” do programa, treinado com imagens de Hanks e Wright em filmes anteriores, quando eram mais novos.
“Há muito a se preocupar em relação à IA, precisamos de normas de segurança, mas para fazer coisas porquê uma maquiagem do dedo, ela funciona perfeitamente”, diz o diretor. A tecnologia funciona porquê um daqueles filtros de Instagram que alteram a rosto do usuário logo que ele encara a câmera do celular, mas de forma muito mais refinada.
Outros atores já foram rejuvenescidos em Hollywood, porquê Harrison Ford em “Indiana Jones e a Relíquia do Fado” e Robert De Niro em “O Irlandês”, mas isso aconteceu na pós-produção, sem que os diretores pudessem ver o resultado conforme gravavam os filmes. A tecnologia de agora, diz Zemeckis, é tão recente que “Cá” não poderia ter sido feito há três anos.
Ele também lançou mão de telas de LED, substitutas das telas verdes que vêm sendo abraçadas com força pela indústria audiovisual, inclusive no Brasil, porquê no recente “O Auto da Compadecida 2”. Tudo o que o testemunha vê pela janela de Richard e Margaret é uma recriação do dedo de acontecimentos de sua vizinhança, que também apareciam no set em tempo real, em vez de serem inseridos posteriormente.
O que a tecnologia não pôde fazer, porém, foi melhorar as dores de Hanks e Wright. Os atores brincam que, apesar de perderem as rugas nas telas, outros sinais da idade continuaram com eles.
“Nós tínhamos que nos emendar o tempo todo. Eu dizia para o Tom, ‘endireita a pilar e finja que você é jovem’, enquanto reclamava de dores no meu joelho”, diz a atriz. “O tempo realmente voa, mas fazer oriente filme foi porquê uma viagem.”