Uma das maiores promessas do futebol brasiliano no início do século 21 e titular da seleção na Despensa de 2010, passando por saídas polêmicas dos clubes que defendeu no Brasil e na Europa, até a pena por estupro na Itália em 2017. A trajetória de Robson de Souza, o Robinho, 40, é marcada por altos e baixos dentro e fora dos campos ao longo das últimas duas décadas.
Em 2002, na final do Campeonato Brasílio, as pedaladas contra o lateral-direito Rogério, do Corinthians, e a conquista do torneio com a camisa do Santos colocaram o jovem e franzino Robinho, logo com 18 anos, uma vez que uma das grandes promessas do futebol brasiliano.
Nos anos seguintes, o ex-jogador da Baixada Santista se tornou, de vestuário, um dos principais atacantes do país. Robinho voltou a levantar a taça do Brasílio dois anos depois, sendo eleito o craque do campeonato com 21 gols em 36 partidas, deixando para trás a pecha de ser um jogador driblador, mas que não fazia muitos gols.
Em seguida lucrar a Despensa das Confederações em 2005 –formando dupla de ataque ao lado de Adriano– e já estabelecido no futebol brasiliano, Robinho optou por não atuar mais pelo Santos, com o objetivo de forçar uma negociação com o Real Madrid, concretizada em julho do mesmo ano.
Embora tenha saído do país com expectativas altas, na chegada ao time de Madri, Robinho acabou ofuscado por estrelas já consagradas no futebol europeu, uma vez que Ronaldo, Zidane, Beckham e Raúl.
Apesar de ter conquistado dois títulos do Campeonato Espanhol, o atacante brasiliano nunca alcançou o protagonismo que esperava, tendo inclusive amargado o banco de reservas por decisão do técnico Fabio Capello.
O brasiliano foi lucrar mais espaço no time titular com a chegada do treinador teutónico Bernd Schuster, mas seguiu insatisfeito na equipe madrilena e, mais uma vez, forçou sua saída do time, sinalizando que gostaria de jogar no Chelsea, à quadra comandado por Luiz Felipe Scolari.
Os dirigentes do Madrid não gostaram da postura do jogador e resolveram negociá-lo, mas não para o tramontana desejado pelo brasiliano. Ele acabou negociado para outro clube inglês, o Manchester City –ainda na era pré-Pep Guardiola–, que buscava lucrar notoriedade na Premier League.
Schuster chegou a declarar que Robinho era “uma recusa uma vez que pessoa”, pela forma uma vez que se deu sua saída da Espanha.
O atacante atuou pelo City entre 2008 e 2010 e não conquistou nenhum título na Inglaterra. Em 2009, foi criminado de estupro pela primeira vez, por uma jovem de 18 anos. O violação teria sido cometido em uma boate na cidade inglesa de Leeds. O caso acabou arquivado pela polícia.
Novamente insatisfeito por não ser titular na Inglaterra, foi emprestado ao Santos, onde conquistou o Campeonato Paulista e a Despensa do Brasil ao lado de Neymar e Ganso.
O bom desempenho lhe garantiu uma vaga de titular na seleção brasileira do técnico Dunga na Despensa de 2010, na África do Sul. Robinho fez dois gols em quatro jogos no Mundial, inclusive nas quartas de final contra a Holanda, quando o Brasil acabou eliminado.
Na sequência, ao término do empréstimo no Santos e sem espaço no Manchester City, rumou para o Milan da Itália. No clube de Milão, chegou a vencer o Campeonato Italiano na temporada 2010/2011, mas o que marcou sua passagem pelo rubro-negro foi a denúncia de estupro de uma jovem albanesa em 2013. O brasiliano sempre negou o violação.
Apesar da denúncia, pôde seguir sua curso sem maiores problemas nos anos seguintes, atuando novamente pelo Santos, pelo Guangzhou Evergrande, da China, e pelo Atlético-MG, além do Sivasspor e do İstanbul Başakşehir, da Turquia.
Em 2020, depois a passagem pelo futebol turco, Robinho chegou a ser anunciado pelo Santos para sua quarta passagem pelo time praiano. Àquela fundura, porém, o processo do caso de estupro já avançara, com uma pena em primeira instância em 2017. Diante de uma enxurrada de críticas de torcedores e patrocinadores, o acerto com o jogador foi suspenso muro de uma semana depois.
Em dezembro de 2020, depois recorrer, Robinho foi sentenciado em segunda instância, e em janeiro de 2022, na terceira e última instância da Justiça italiana.
Desde logo, o ex-jogador, que chegou a ser indicado uma vez que um verosímil candidato a melhor do mundo —ele foi um dos indicados à premiação da Fifa em 2005— não sai do Brasil para não ser recluso pela Interpol.
Nesta quarta-feira (20), o STJ (Superior Tribunal de Justiça) decide se acata o pedido da Itália para que o ex-atleta cumpra sua pena no Brasil. Inicialmente, o país europeu demandou a extradição de Robinho, mas a legislação impede que isso ocorra com brasileiros natos.
O tribunal já formou maioria para validar a sentença da Itália que condenou o ex-jogador. O caso tem 9 votos a 2 em prol do entendimento do relator Francisco Falcão, que é pela validade da sentença italiana.
A golpe não analisa se Robinho cometeu ou não o violação, mas exclusivamente se ele deverá satisfazer no Brasil a pena à qual foi sentenciado na Itália. Ainda votarão os demais ministros da Namoro Próprio do STJ, que é composta pelos integrantes mais antigos do tribunal.