Roguelike: Entenda Por Que Games Do Tipo Fazem Sucesso

Roguelike: Entenda por que games do tipo fazem sucesso – 08/05/2024 – Ilustrada

Celebridades Cultura

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A Supergiant Games lançou de surpresa nesta segunda-feira (6) “Hades 2” em entrada antecipado. A sequência de “Hades”, que foi um grande sucesso de sátira e de público, é mais uma prova do sucesso dos jogos “roguelike” no mercado de games.

Mas finalmente, o que diabos é um jogo “roguelike”?

A tradução da frase ao pé da letra significaria “uma vez que ‘Rogue’”, em menção ao game “Rogue”, de 1980. O jogo de RPG para computadores introduziu mecânicas que influenciam outros títulos até hoje, uma vez que “permadeath”, que obriga o jogador a reencetar do zero depois perder todos os pontos de vida, e cenários criados por geração procedural, que fazem com que cada novidade sessão seja dissemelhante da anterior.

O jogo se destacou na estação por ser um dos primeiros RPGs que trocavam as instruções de texto por representações gráficas dos ambientes percorridos e personagens –ainda que essas representações fossem feitas somente com caracteres disponíveis no sistema.

Desde portanto, vários jogos foram lançados com elementos de jogabilidade similares aos de “Rogue”, dando início ao gênero de games “roguelike”.

Qual é a diferença entre “roguelike” e “roguelite”?

Na prática, as duas palavras significam a mesma coisa. O termo “roguelike” é mais espargido, mas seu uso é mais restrito para puristas do gênero.

Em 2008, durante a IRDC (Conferência Internacional de Desenvolvedores de Roguelike), foram estabelecidas nove características principais (além de seis secundárias) que definem o gênero “roguelike”:

  1. Cenário gerado de forma randômica

  2. “Permadeath”

  3. Combate por turnos

  4. Mundo representado em “grid”

  5. Modo único (todas as ações podem ser realizadas a qualquer momento, não há um “modo de guerra”, por exemplo)

  6. Dificuldade (a interação entre itens, armas e monstros, por exemplo, deve ser suficiente para possibilitar estratégias diferentes para as batalhas)

  7. Governo de recursos

  8. “Hack’n’slash” (é preciso povoar o mundo de monstros para serem derrotados)

  9. Exploração

Essa definição ficou conhecida uma vez que “Versão de Berlim”, em menção à cidade onde a conferência aconteceu. Segundo ela, caso um jogo não tenha a maioria dessas características, ele não deveria ser chamado de “roguelike”, mas poderia adotar classificações uma vez que “roguelite” ou “roguelike-like”.

Na prática, porém, o nome é usado indiscriminadamente pela indústria e pela mídia especializada para definir games que combinam de alguma forma teor gerado proceduralmente e características de “permadeath”.

Quais são os principais jogos “roguelike”?

Além do próprio “Rogue”, desenvolvedores que participaram da IRDC 2008 destacaram “Nethack” (1987), “Angband” (1993), “ADOM” (1994) e “Crawl” (1997) uma vez que os títulos definidores do gênero.

Mas foi “Spelunky”, lançado em 2008, que ajudou a popularizar os “roguelikes” e mostrar que jogos uma vez que esses poderiam fazer sucesso comercialmente. O título indie desenvolvido por Derek Yu é um jogo de plataforma 2D em que o jogador precisa explorar cavernas geradas de forma procedural, cada vez com inimigos mais fortes e armadilhas mais perigosas, enquanto salva donzelas e coleta tesouros.

O sucesso de “Spelunky” mostrou a uma série de desenvolvedores que era provável conciliar os princípios de jogabilidade dos roguelikes originais para novos gêneros. Entre os que se disseram influenciados pelo título de Yu estão Edmund McMillen, desenvolvedor de “The Binding of Isaac” (2011), Kenny e Teddy Lee, criadores de “Rogue Legacy” (2012), e Justin Ma e Matthew Davis, que lançaram “FTL: Faster Than Light” (2012).

O “renascimento” do gênero continua até hoje, representado pelo sucesso de títulos uma vez que “Dead Cells”, “Slay the Spire”, “Vampire Survivors”, “Hades” e “Balatro”. Todos jogos muito diferentes entre si, mas que têm em sua instauração elementos de “roguelike”.

Por que esse gênero faz sucesso?

Em uma indústria com aversão ao risco, grandes desenvolvedores evitam incluir momentos frustrantes em seus games. Se por um lado isso deixa os jogos mais palatáveis ao grande público, por outro diminui o nível de duelo, criando experiências menos recompensadoras para os jogadores mais experientes. É principalmente esse público que acaba sendo atraído pelos “roguelikes”.

O “permadeath” e outras mecânicas similares, que eliminam o progressão no jogo ou segmento das melhorias adquiridas, fazem com que o jogador precise pensar melhor nas suas escolhas e ponderar os riscos que está correndo. Mesmo que a princípio a experiência possa ser frustrante, isso torna a vitória muito mais recompensadora para aqueles que conseguem persistir e se superar.

Ou por outra, o uso de cenários e equipamentos gerados proceduralmente faz com que cada sessão seja uma novidade, criando um looping quase infinito de jogabilidade. Se a mecânica for usada de uma forma inteligente, a frustração de ver seu heroi morrer é diluída pela experiência de sempre desvendar alguma coisa novo.

De forma universal, os jogos “roguelike” acabam atraindo os fãs por conseguirem se aproximar do que é a vida real. Enxurro de perigos e frustrações, mas também com muitas descobertas e experiências diferentes para explorar.


Play

dica de game, novo ou idoso, para você testar

Children of the Sun

(PC)

Nesse curioso jogo que mistura tiro com quebra-cabeças, o jogador assume o papel de uma pequena criada em um douto satânico que decide se vingar da organização matando todos os seus membros. O duelo é que, a cada tempo, ela só tem uma projéctil para dizimar todos os cultistas. Para conseguir completar sua tarefa, ela dispõe de poderes telecinéticos e pode redirecionar a trajetória da projéctil a cada fim langoroso. O game é risonho e as fases finais são desafiadoras, mas a temática pesada e a direção de arte um tanto exagerada podem não aprazer a todos.

O jornalista recebeu uma transcrição do jogo para teste.


Update

novidades, lançamentos, negócios e o que mais importa

  • O Marco Legítimo dos Games, projeto que promete dar segurança para os desenvolvedores de jogos nacionais, foi sancionado pelo presidente Lula (PT) na última sexta-feira (3). O mandatário, porém, vetou cláusula que previa desconto de até 70% no imposto de renda de remessas para o exterior de empresas que investissem em jogos indies. O Executivo justificou o veto afirmando que a lei não previa o impacto orçamentário da medida.

  • A Take-Two, publisher da série “GTA”, planeja fechar o estúdio britânico Roll7 (de “OlliOlli World” e “Rollerdrome”) e a Intercept Games (desenvolvedora “Kerbal Space Program 2”), afirmou a Bloomberg. Apesar disso, a empresa diz que continuará fazendo atualizações no simulador de programa espacial.

  • A Sony e a Arrowhead, desenvolvedora de “Helldivers 2”, anunciaram que mesmo jogadores de PC precisarão ter uma conta na PSN (PlayStation Network) para jogar o título de tiro multiplayer, enfurecendo os fãs. Mais tarde, porém, a Sony desistiu da medida e afirmou que os jogadores poderiam continuar acessando o jogo sem uma conta PSN.

  • Depois anunciar que iria reformular sua estratégia de lançamentos para concentrar esforços no desenvolvimento de “jogos de subida definição”, a Square Enix (desenvolvedora da série “Final Fantasy”) alertou seus acionistas que irá indicar em seu balanço desperdício de US$ 140 milhões (R$ 710 milhões) em projetos cancelados.

  • O estúdio finlandês Remedy Entertainment (das séries “Alan Wake” e “Max Payne”) anunciou que a gigante chinesa Tencent aumentou sua participação acionária na empresa de 5% para 14,8%. Os valores do negócio não foram revelados.

  • O LinkedIn começou a disponibilizar games casuais em sua plataforma. Por enquanto, há três jogos disponíveis. Dois (“Pinpoint” e “Crossclimb”) são de pressupor palavras (somente em inglês), o outro (“Queens”) é um jogo de lógica em que você tem de posicionar coroas em um tabuleiro obedecendo a regras pré-estabelecidas.

  • Em resposta ao texto publicado na newsletter da semana passada, a Epic Games afirmou em nota que não teme ser atingida pela lei que pode banir o TikTok dos EUA. “A Epic Games é uma empresa americana com sede na Carolina do Setentrião. Tim Sweeney é o acionista majoritário. Não existe chance alguma do cenário atual do TikTok permear a verdade da Epic. Na pior das hipóteses, a Tencent teria que vender 15% a outros acionistas e os negócios continuariam da mesma forma”, afirmou a empresa.

Download

games que serão lançados nos próximos dias e promoções que valem a pena

8.mai

“V Rising”: R$ 101,99 (PC)

9.mai

“Bicho Well”: R$ 74,99 (Switch), preço não disponível (PC, PS 5)

“Crow Country”: preço não disponível (PC, PS 5, Xbox X/S)

“Little Kitty, Big City”*: R$ 83,20 (Switch), preço não disponível (PC, Xbox One/X/S)

13.mai

“Homeworld 3”: R$ 229,90 (PC)

14.mai

“Biomutant”: R$ 159,60 (Switch)

*Disponível no Xbox Game Pass

Folha

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