Rs Precisa Fazer Estudos De Riscos Antes De Projetos De

RS precisa fazer estudos de riscos antes de projetos de novas obras

Brasil

A reconstrução do Rio Grande do Sul, que sofre sérios danos em consequência das fortes chuvas que atingem o estado desde o termo de abril, terá que ser feita com base nas projeções para o porvir climatológico. Construções antigas que desabaram ou foram arrastadas pela quantidade e intensidade das águas, uma vez que diversas pontes e estradas, não atendiam ao nível de resiliência necessários, na atualidade, diante das mudanças climáticas que provocam os eventos extremos. Especialistas argumentam que, agora, as obras de reconstrução precisam levar em consideração a tendência de eventos extremos, cada vez mais frequentes. Aí se inclui os estudos de engenharia para definir o planejamento urbano das cidades.

Para o professor de Recursos Hídricos da Coppe/UFRJ Paulo Canedo, as soluções que serão dadas para tornar as cidades mais resistentes vão depender de sítio para sítio. “Por exemplo, tem pontes que foram levadas e devem ser reconstruídas. Determinadas pontes já estavam mal alocadas, já estavam baixas ou com alicerces em zona de risco. Não se trata de refazê-las tais quais estavam há pouco dias. Elas têm que ser refeitas pensando que eu população, eu governo, fiz incorrecto há 20 anos detrás, e agora não vou refazer com o mesmo erro. Vou emendar. Outra coisa, é que muitas vezes a pressa em fazer desenvolvimento econômico e social leva a medidas que não tornam resiliente a região para o problema de inundação. Com muita facilidade o ser humano invade terras que pertencem às águas para o seu uso”, explicou à Escritório Brasil.

Porto Alegre (RS), 17/05/2024 – CHUVAS RS- ENCHENTES-DRONE -  Centro histórico de Porto Alegre permanece alagado devido as fortes chuvas dos últimos dias. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Porto Alegre (RS), 17/05/2024 – CHUVAS RS- ENCHENTES-DRONE -  Centro histórico de Porto Alegre permanece alagado devido as fortes chuvas dos últimos dias. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Núcleo histórico de Porto Jubiloso permanece inundado devido as fortes chuvas dos últimos dias – Foto: Rafa Neddermeyer/Escritório Brasil

“Se sabemos que erramos, está na hora de doravante iniciar a emendar e tomar novas atitudes, portanto, respeitar as áreas não apropriadas para intensificar moradias ou estrada. As construções devem ser evitadas para não repetirmos o mesmo erro”, reforça Canedo. 

Na visão do técnico, a tragédia de agora mostrou as diferenças entre as chuvas que caem desde abril com as de 1941, quando o estado sofreu outra inundação intensa.

“A chuva [agora] foi muito grande. Se confrontar com a dez de 40, o progresso no Rio Grande do Sul era muito menor, a quantidade de habitantes era muito menor, portanto, a impermeabilização do solo era muito menor. O que significa proferir que uma mesma chuva caindo hoje já daria danos de inundação muito maiores”, disse, acrescentando que “na lanço de reconstrução se deve ter em mente a ocupação do solo e a capacidade de sua impermeabilização para impedir danos causados pelas enxurradas”.

Porto Alegre (RS), 17/05/2024 – CHUVAS RS- ENCHENTES-DRONE -  Centro histórico de Porto Alegre permanece alagado devido as fortes chuvas dos últimos dias. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil
Porto Alegre (RS), 17/05/2024 – CHUVAS RS- ENCHENTES-DRONE -  Centro histórico de Porto Alegre permanece alagado devido as fortes chuvas dos últimos dias. Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Núcleo histórico de Porto Jubiloso permanece inundado devido as fortes chuvas dos últimos dias- Foto: Rafa Neddermeyer/Escritório Brasil

O engenheiro social técnico em desastres e professor da Escola Politécnica da Universidade Federalista do Rio de Janeiro (UFRJ) Leandro Torres di Gregório defende a valimento de se fazer estudos antes da formulação de projetos de construção. Para ele, é preciso ter uma avaliação preparatório de risco de devastação, justamente para verificar a capacidade de suportar eventos extremos.

Segundo o professor Gregório, uma vez que nesse caso a inundação é a principal prenúncio, se faz um estudo que mostra uma vez que ficam em diferentes cenários de chuva, os reflexos em termos de inundações.

“Esse é um primeiro ponto. O estudo do risco visa entender uma vez que a prenúncio se distribui no território e qual a magnitude. No caso de inundação, qual a profundeza da lâmina d’chuva ou coisas assim. Na medida que se tem o estudo, se começa a montar diferentes cenários de obras que possam amenizar as inundações. Depois do estudo do risco, se começa a montar obras de engenharia ainda em temporada de planejamento e se simula uma vez que seria com o novo cenário de inundações para ver quais as áreas que deixaram se ser inundadas, ou as que tiveram inundação reduzida. Assim vai se compondo uma série de medidas com a finalidade de mitigar o efeito das inundações”, explicou.

PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14.05.2024 - Imagens aéreas de Porto Alegre e Região Metropolitana na tarde de terça-feira, 14 de maio de 2024. Devido as fortes chuvas, o Aeroporto de Porto Alegre continua alagado pela enchente. Foto: Mauricio Tonetto/ Secom
PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14.05.2024 - Imagens aéreas de Porto Alegre e Região Metropolitana na tarde de terça-feira, 14 de maio de 2024. Devido as fortes chuvas, o Aeroporto de Porto Alegre continua alagado pela enchente. Foto: Mauricio Tonetto/ Secom

Aeroporto de Porto Jubiloso inundado pela enchente – Foto: Mauricio Tonetto/Secom

O técnico destacou que nenhuma solução de engenharia atende todo e qualquer caso, e sempre existe o que se labareda de risco residual. “Sempre existem cenários para os quais aquela obra não é suficiente, e nesse caso, tem que completar com medidas de desocupação emergencial, monitoramento e alerta”, disse.

Conforme o professor da Escola Politécnica da UFRJ, esse é o exemplo da obra dos diques no Guaíba que não resistiram às enchentes, além das bombas que estavam instaladas em locais que foram alagados e por isso não funcionaram para a redução do nível das águas. De entendimento com o professor, no caso dos diques um fator que contribuiu para o não funcionamento previsto foi a falta de manutenção. “No termo das contas não é só um problema de ter a obra de engenharia, tem que ter também a manutenção adequada, porque em uma obra uma vez que esta daí se a manutenção falhar, aquele componente não desempenha o papel que deveria ter”, avaliou.

Outra medida apontada pelo professor é a remoção de moradores de áreas onde as inundações são recorrentes. “Há situações em que a realocação permanente pode ser necessária. Isso acontece, normalmente, em situações de frequência muito subida de inundações, onde a pessoa mora em um lugar que a qualquer momento pode ter um problema”.

Cidade esponja

Os projetos de “cidade esponja” têm se espalhado pelo mundo uma vez que forma de edificar áreas com capacidade de sugar a chuva em casos de inundação. A ação dos reservatórios retarda a vazão da chuva e evita sobrecarregar os alagamentos nas ruas. Em Novidade York e em cidades da Holanda já existem projetos desse tipo, que funcionam com base nas bacias hidrográficas da região.

PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14.05.2024 - Imagens aéreas de Porto Alegre e Região Metropolitana na tarde de terça-feira, 14 de maio de 2024. Devido as fortes chuvas, tudo continua alagado pela enchente. Foto: Mauricio Tonetto/ Secom
PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14.05.2024 - Imagens aéreas de Porto Alegre e Região Metropolitana na tarde de terça-feira, 14 de maio de 2024. Devido as fortes chuvas, tudo continua alagado pela enchente. Foto: Mauricio Tonetto/ Secom

Imagens aéreas de Porto Jubiloso e região metropolitana na tarde de terça-feira (14) – Foto: Mauricio Tonetto/Secom

“Ele [reservatório] segura a chuva do lote e joga no sistema público no momento ulterior em que ela cai. É um reservatório de detenção que visa desencontrar os momentos de pico de vazão. É uma solução que ajuda na medida em que a chuva que cai ali na cidade não vai imediatamente para as galerias. Têm um retardo. Pode ser em piscinões ou em áreas muito maiores que podem funcionar uma vez que parques”, esclareceu.

Segundo Gregório, esse tipo de projeto pode dar bom resultado no Rio Grande do Sul. “Quando a gente fala de inundação, não é um problema somente de uma cidade. É uma abordagem da bacia inteira. Tanto que existem os comitês de bacia hidrográfica que têm essa missão de escoltar e propor soluções em uma graduação de bacia hidrográfica. Tem que pensar no todo”, ressaltou.

“O noção de “cidade esponja” não tem que ser aplicado em uma cidade só, mas a todas que compõem a bacia. Nesse caso, é o governo do estado que é o agente integrador. Quando um recurso hídrico cruza mais de um município a governança é do estado. Se cruza mais de um estado, já tem atuação do governo federalista. O papel do estado é muito importante para reunir os atores necessários e fazer o planejamento integrado da bacia para um não prejudicar o outro na hora de executar as obras”, apontou.

Fonte EBC

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